PR Safra 2024/25: geadas e pragas afetam colheitas no estado
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O seminário “Plano Safra – Tecnologia Agrícola na Oferta de Alimentos e Controle da Inflação”, realizado nesta quarta (28) em Brasília pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), reuniu autoridades, parlamentares e representantes do setor produtivo para discutir as diretrizes do Plano Safra 2025/26 e os desafios da produção agrícola.
Durante a abertura, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou que o país precisa acelerar a modernização do campo, especialmente para os pequenos e médios produtores. “A enxada é coisa do passado e por isso nós temos que mecanizar”, disse o ministro, ressaltando a necessidade do país investir em mecanização, irrigação e na indústria de máquinas para garantir mais produtividade, renda e segurança alimentar.
Teixeira também defendeu que o seminário seja o ponto de partida para um processo permanente de diálogo entre governo, indústria e setor produtivo, visando construir um Plano Safra mais robusto, moderno e alinhado às necessidades atuais. “De estímulo à tecnificação, à mecanização, à indústria brasileira, à sua modernização, e de fazer com que o Brasil possa dar um passo a mais nessa potência agrícola e nesse seu papel estratégico que tem para o mundo”, acrescentou.
O ministro também propôs que o BNDES e outros agentes financeiros sejam envolvidos mais diretamente no debate, para ampliar as linhas de crédito voltadas à aquisição de máquinas, irrigação e tecnologias que aumentem a produtividade do campo.
Na visão do Presidente executivo da Abimaq, José Velloso, o Plano Safra não é apenas um programa de crédito, mas uma política pública essencial para o desenvolvimento econômico e social do país. “É maior rentabilidade para o produtor e mais alimentos à população. Na atual conjuntura de altas taxas de juros, de ambiente de negócios refratário a novos investimentos, e de rentabilidade da agropecuária insuficiente para manter uma atividade financeiramente saudável, o Plano Safra torna-se crucial, pois tem o potencial de estimular o plantio e os investimentos, gerando resultados positivos para toda a sociedade”, destacou.
Segundo Velloso, o país tem a expectativa de colher cerca de 330 milhões de toneladas de grãos no ano, mas tem capacidade de armazenagem para apenas 212 milhões, o que compromete a rentabilidade dos produtores e a qualidade da produção. “Esse déficit de quase 40% compromete a qualidade da produção e reduz a rentabilidade do produtor. Investir em silos, secagem e infraestrutura logística é tão estratégico quanto plantar”, avaliou.
O executivo ainda chamou a atenção para a irrigação, capaz de ampliar o número de safras por ano e utilizar de forma produtiva áreas antes consideradas marginais.
“Por isso, a importância deste seminário. Nosso objetivo é contribuir no debate direcionado ao aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas ao setor agrícola. Queremos colaborar para a construção de um Plano Safra robusto, que cumpra sua missão de ser indutor do crescimento da economia, promotor da segurança alimentar, instrumento de controle da inflação e motor da geração de renda e prosperidade, no campo e na cidade”, concluiu Velloso.
O presidente do Conselho de Administração da Abimaq, Gino Paulucci, foi direto ao lembrar que segurança alimentar está diretamente ligada à capacidade de produção do país. “Segurança alimentar se faz produzindo”, afirmou.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos Júnior, também esteve presente na abertura do seminário e reforçou a importância do debate no momento em que o governo finaliza a formulação do Plano Safra 2025/26.
“O Plano Safra é o plano de governo mais longevo e mais representativo para o nosso país. Ele cumpre um importantíssimo papel e, se no início da sua concepção era o grande responsável pelo financiamento do agro, hoje ele é mais que isso. Nós temos que estar correndo atrás de tudo aquilo que o setor criou. Logística, armazenamento e irrigação, são necessidades criadas por um produtor rural que não respeitou as limitações geográficas, desbravou locais que eram impensáveis há 50 anos da atividade agrícola e transformou o Brasil nesses últimos anos de importador a maior exportador de alimentos do mundo", disse.
O deputado federal Alceu Moreira alertou para a falta de planejamento de longo prazo para o agro brasileiro e os gargalos estruturais. “Com relação a armazenagem, não conseguimos armazenar nem 30% do que produzimos dos grãos, o que é prejudicial e faz o produtor perder poder de venda. Os compradores do nosso produto sabem disso e pagam o preço que querem, porque eles sabem que nós temos que vender o produto. Armazenagem é o impeditivo, e se eu colocar todos esses processos na nossa produção, nós vamos perceber que o produtor brasileiro poderia ter uma rentabilidade infinitamente maior se garantíssemos isso”, alertou.
O seminário seguiu com painéis técnicos sobre armazenagem, irrigação e tecnologia agrícola, reunindo especialistas, representantes do governo, da indústria e do setor produtivo, todos engajados na construção de soluções para um Plano Safra mais robusto e eficiente.
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