Manutenção ou troca de equipamento?

Não existe uma forma única ou um valor pré-determinado para definição de vida útil de uma máquina

25.10.2024 | 10:39 (UTC -3)
Cláudia Santos

A durabilidade das máquinas é um aspecto crucial para a eficiência e competitividade das empresas em setores como construção, mineração e florestal. Na gestão de equipamentos, vários pontos precisam ser abordados para a definição de substituição de um equipamento.

“Não existe uma forma única ou um valor pré-determinado para definição de vida útil de uma máquina. Há questões relevantes a serem levadas em conta que se referem aos custos de manutenção, operação e descarte / descomissionamento do equipamento, atendimento a requisitos legais e a questões relacionadas ao meio ambiente”, explica Luciano Lima, gerente comercial da divisão de mineração da Komatsu.

Lima informa que a maioria dos seus clientes utiliza uma metodologia de custo ‘ótimo’ para determinar a substituição dos equipamentos. Abaixo um gráfico simplificado que demonstra essa análise:

Adaptação do livro “Maintenance Costs and Life Cycle Cost Analysis – Diego Galar, Peter Sandborn, Uday Kumar
Adaptação do livro “Maintenance Costs and Life Cycle Cost Analysis – Diego Galar, Peter Sandborn, Uday Kumar

Conforme a figura acima, temos, de acordo com Lima, muitas variáveis que precisam ser analisadas para determinação do ponto ‘ótimo’ de substituição do ativo. A correta quantificação destas variáveis é que leva a uma decisão mais acertada para a empresa, com base no custo total de propriedade e operação.

A análise de ciclo de custo de vida útil (LCC) é uma tarefa complexa e que requer uma grande quantidade de dados. O custeio de ciclo de vida é uma ferramenta de decisão econômica e é uma continuidade do que antes era chamado de análise custo-benefício, mas leva em consideração uma abordagem mais sistemática, conforme dimensões abaixo informadas pelo gerente:

a) Análise da necessidade e fase de especificações;

b) Fase de projeto conceitual;

c) Fase de desenvolvimento e projeto detalhado;

d) Fase de comissionamento, construção e produção;

e) Instalação, utilização do sistema, descomissionamento e descarte.

“As grandes construtoras, por exemplo, geralmente substituem as máquinas da Linha Amarela entre 15 mil e 20 mil horas de uso, com o conceito de operar as grandes obras com 50 e 60% de equipamentos próprios versus locação. Já pequenas e médias construtoras e locadoras tendem a operar as mesmas máquinas por 30 mil a 40 mil horas. Enquanto no setor de mineração, no qual os investimentos são mais significativos, a análise de custo indica uma vida útil mínima de 60 mil horas, podendo chegar a mais de 100 mil horas em alguns casos. Para a linha florestal, a substituição é feita com base no tipo de equipamento e na introdução de novas tecnologias”, detalha.

Segundo Lima, todas as análises de custo ‘ótimo’ consideram a capacidade de produção da máquina. “A avaliação sempre acontece com base na produtividade do equipamento, pois o custo de propriedade total dividido pela produtividade é a melhor orientação para substituição de um ativo”, afirma.

Leandro Bueno, gerente de Estratégia de Produto, Planejamento e Marketing da Divisão de Construção da Komatsu, explica que os equipamentos da Linha Amarela são projetados com estruturas duráveis para terem várias vidas e depois de operarem em um primeiro ciclo, que pode variar de 15 a 25 mil horas, dependendo da operação, podem passar por um processo de reforma e atualização, permitindo que tenham uma segunda ou até uma terceira vida útil. “Essa característica traz duas grandes vantagens. A primeira é a maximização do retorno sobre o investimento do cliente; a segunda, a redução do impacto ambiental, pois reformas e atualizações consomem menos recursos em comparação à fabricação de um equipamento novo”, destaca.

Avaliação de vida útil

A avaliação de vida útil considera sempre, conforme o gerente, o tipo de equipamento. O de carga normalmente possui uma vida útil menor por executar uma aplicação mais severa do que o de transporte, por exemplo.

“As máquinas voltadas para desmonte, especialmente os tratores de esteiras, também têm uma vida útil reduzida em função de sua aplicação severa”, informa. De acordo com o profissional, os equipamentos de apoio / auxiliares tendem a ter uma vida útil maior em termos de anos, pois a sua utilização é relativamente baixa em comparação com os demais equipamentos de produção.

Investimento em manutenção

Durante o uso do equipamento, um dos principais requisitos que precisam de um investimento significativo é a manutenção. Afinal, durante sua vida útil, é possível que sejam gastos de cinco a 10 vezes o valor da máquina nova apenas nesse quesito. “Essa atividade poderá ser determinante na definição de substituição de um equipamento, pois a ausência de manutenção pode gerar efeitos catastróficos como perda de capacidade de produção, obsolescências, entre outros”, diz.

Muitas vezes, conforme explica Lima, equipamentos que sofreram com a falta de manutenção podem apresentar um custo elevado de reforma para que seja possível colocá-los novamente em condições de uso, levando a uma decisão antecipada de substituição.

“A Komatsu trabalha de forma próxima aos seus principais clientes, visando apoiá-los na gestão de equipamentos para que seja possível atingir as metas corporativas. Embora a gestão e manutenção dessas máquinas seja uma atividade prioritariamente do proprietário, temos o compromisso contínuo com a qualidade e a durabilidade delas e foco no atendimento de peças e suporte técnico necessário para que se mantenham operando durante a vida útil objetivo de nossos clientes”, garante o gerente, que indica que todos os processos de produção da empresa são pautados no sistema SLQDC, ou seja, segurança, conformidade / compliance, qualidade, entrega e custo.

“A combinação de alta confiabilidade devido à grande experiência da Komatsu na fabricação de equipamentos com métodos de vanguarda, associado ao suporte local, permitem que sejamos uma marca que forneça um melhor custo/benefício quando analisamos as questões de qualidade de durabilidade do produto”, informa.

A parte mais importante desse processo, explica Lima, refere-se ao VOC (Voice Of Customers). “Essa metodologia de trabalho somente é possível pelo conceito de GEMBA (do japonês, ‘estar onde os equipamentos trabalham’), com a qual os engenheiros da empresa conseguem buscar desenvolvimento de melhorias com base no que realmente acontece nos diferentes locais onde as máquinas estão operando”, revela o gerente.

Embora pareça simples, existe uma metodologia muito bem estruturada por trás das análises para que os protótipos sejam desenvolvidos e as melhorias sejam implantadas. “Várias inovações e melhorias são efetivamente testadas no campo de testes da Komatsu em Tucson, no Arizona (EUA). Ao executar o PDCA (Plan, Do, Check, Actions), nossa engenharia consegue mapear de forma mais assertiva quais projetos e melhorias estão mais alinhados com as necessidades de nossos clientes”, finaliza.

Eficiência dos equipamentos

A Komatsu implementa diversas iniciativas para garantir a durabilidade e eficiência de suas máquinas, incluindo:

  • Serviço de treinamento com simuladores – o uso de simuladores de última gestão pela Komatsu, possibilita que seus clientes capacitem um número maior de operadores e em situações reais de operação (Tecnologia Immersive);
  • Serviço de treinamento de especialistas – os programas KIP (Komatsu Imersion Program) e KOP (Komatsu Operator Program) são iniciativas de investimento na formação de jovens aprendizes e operadores, focando nas melhores práticas de operação e manutenção de equipamentos.
  • KOWA – programa de gestão de análise preditiva de fluidos. Por meio da análise dos mesmos, a Komatsu realiza recomendações de intervenções de manutenção requeridas em função de análises preditivas e de tendências;
  • Central de monitoramento KOMTRAX – o sistema de bordo de gestão de equipamentos da Komatsu – KOMTRAX é uma ferramenta potente para gestão de manutenção, com um foco em manutenções preventivas e preditivas. A Komatsu disponibiliza uma sala de controle no Brasil, onde os pontos críticos do equipamento são monitorados e recomendações são enviadas em tempo real.
  • Contratos de serviços – a Komatsu possui uma ampla carteira de opções de contratos de manutenção que vão desde a disponibilização de especialista por hora ou diária até contratos de remuneração por hora disponível do equipamento. Nos contratos em que o envolvimento / responsabilidade da Komatsu é maior, observamos um benefício de um número maior de horas disponíveis para operação.
  • Gestão de peças de reposição – além da constante otimização de estoque realizada em contatos frequentes com seus clientes, a Komatsu também disponibiliza diferentes formatos de gestão de estoque, inclusive com opções de lojas “Near Company” ou “In Company”.

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