​Mais que um padrão que certifica soja sustentável, RTRS é um fórum de diálogo global

Por Olaf Brugman, presidente da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS)

03.08.2016 | 20:59 (UTC -3)
Olaf Brugman

Desde sua criação, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) é reconhecida mundialmente, principalmente no Brasil, como uma organização que certifica a produção de soja sustentável nas propriedades rurais. Nosso trabalho nesse sentido tem crescido, uma vez que a procura por certificação de soja aumenta 40% ao ano. Inclusive, a previsão é que a safra de soja no Brasil alcance 95,5 milhões de toneladas, referente à 2015/2016, acumulando recordes de comercialização. Depois de registrar embarques históricos ao exterior no primeiro semestre, os preços mais equilibrados atrairão a atenção dos produtores.

Ou seja, em um país com representativa produção do grão, a RTRS tem um papel estratégico em termos de certificação. Nesse cenário, nosso desafio é trabalhar para nos consolidarmos como uma mesa redonda e sermos reconhecidos como fórum de diálogo que inclua e integre múltiplos atores, como produtores, indústria, sociedade civil, governo e entidades financeiras com objetivo de trocar experiências, identificar necessidades e construir conjuntamente soluções e ações concretas.

Nosso intuito é promover e facilitar a produção, o processamento e a comercialização responsável da soja em nível global. É com essa filosofia de mesa redonda com atores de diferentes áreas e interesses diversos que desejamos alcançar um objetivo comum, garantindo assim, o diálogo e a tomada de decisão por consenso.

Devido a essa dinâmica, foi criado em 2010 um Padrão RTRS para a Produção de Soja Responsável, aplicável globalmente e que garante uma produção de soja ambientalmente apropriada, socialmente adequada e economicamente viável. Em uma Assembleia Geral de junho desse ano, os membros da RTRS (que são mais de 200) aprovaram por consenso a versão 3.0 desse Padrão, resultado do processo de melhoria contínua da RTRS para a conservação da biodiversidade, nas relações trabalhistas e com a comunidade.

Dentre as melhorias significativas, se destacam a implementação precisa, mais clara e economicamente viável do Padrão 3.0 e o conceito de Alto Valor de Conservação (AVC), que é economicamente mais acessível aos produtores. Além disso, se introduziram melhoras de princípios e critérios que impactam positivamente as condições sociais e laborais e outras que viabilizam a certificação de pequenos produtores.

Entre as mudanças da revisão do Padrão, o desmatamento zero é a mais relevante. A versão 3.0 possibilita que a RTRS certifique o desmatamento zero, sendo que não é permitida à conversão de qualquer terra natural, encostas íngremes e áreas designadas por Lei para cumprir o objetivo de conservação nativa e/ou proteção cultural e social. Com essa revisão de princípios e critérios, a RTRS se posiciona como o único padrão multipartes que garante o desmatamento zero na produção de soja responsável.

O desmatamento zero incentiva melhorias de gestão ambiental e a redução de certos impactos, promove iniciativas voltadas à otimização do uso da terra, como o desenvolvimento de tecnologias e investimentos em pesquisa e inovação. Entre as repercussões que essas medidas possuem no marco global, a participação da indústria é extremamente relevante no que se refere a aderir e assumir compromissos públicos para eliminar o desmatamento das cadeias de abastecimento das principais commodities.

Entendemos que o padrão RTRS é uma importante ferramenta para que o produtor tenha maior rentabilidade e expansão dos seus negócios e para que as exportações de soja de qualidade cresçam exponencialmente em um mercado internacional que é cada vez mais exigente sobre a qualidade dos produtos que adquire.


Por Olaf Brugman, presidente da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS)

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