Laboratório de ponta impulsiona programa Adjuvantes da Pulverização

Iniciativa público-privada liderada pelo Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico recebe apoio de empresas que buscam aval de qualidade

27.04.2022 | 15:44 (UTC -3)
Fernanda Campos

Coordenador do programa Adjuvantes da Pulverização, o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, Hamilton Ramos comemora avanços registrados pela iniciativa nos últimos anos. Durante a Agrishow 2022, ele levará ao setor produtivo de adjuvantes uma mensagem sobre a importância da criação de uma certificação de qualidade para esses produtos. Reforçará, também, a relevância de novos investimentos em pesquisas, com vistas a aumentar o conhecimento do agronegócio em relação aos efeitos de adjuvantes.

“Ao contrário do que ocorre na indústria de agroquímicos ou defensivos agrícolas, cujos insumos são alvo de rigorosas etapas de pesquisas para registro e fiscalização, adjuvantes agrícolas produzidos no Brasil não passam pela regulação oficial. Essa brecha legal abre espaço para uso incorreto e inseguro de defensivos agrícolas e também de adjuvantes”, resume Ramos.

O pesquisador explica que adjuvantes constituem produtos adicionados à calda dos defensivos agrícolas no momento da pulverização. “Adjuvantes têm por função agregar efeitos espalhante, umectante, penetrante e outros. Produtos de baixa qualidade e funcionalidade não comprovada podem causar ‘deriva’ e trazem problemas ambientais, agronômicos e à saúde do trabalhador rural.”

Ramos ressalta ainda que, no final do ano passado, o programa Adjuvantes da Pulverização lançou um selo específico para certificar a funcionalidade estampada nos rótulos desses produtos. O Selo IAC para Adjuvantes Agrícolas já foi obtido por 14 empresas do setor.

“Defendemos que critérios e métodos empregados na avaliação da funcionalidade de adjuvantes agrícolas sejam discutidos com fabricantes, pesquisadores e usuários dos produtos, no âmbito de câmaras técnicas como a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O objetivo é desenvolver um conjunto de normas que respaldem um Sistema Oficial de Certificação, mas este processo leva tempo.”

Túnel de vento

Conforme o pesquisador, o laboratório do programa tem recebido investimentos representativos e se encontra apto a atender diferentes demandas da indústria nacional de adjuvantes, “sobretudo das empresas que submetem seus produtos a análises de funcionalidade. Essas companhias valorizam o aval de funcionalidade independente, ancorado na pesquisa, para seus insumos, frente à ausência de mecanismos regulatórios oficiais”, compara Ramos.

Entre os diferenciais e as inovações do laboratório, destaca ele, está um ‘túnel de vento’ totalmente desenvolvido pela equipe do programa, 100% nacional. O equipamento, aparentemente simples, produz resultados semelhantes aos modelos importados de última geração, que custam acima de US$ 1 milhão.

“O túnel de vento avalia com precisão e custo acessível a interferência dos adjuvantes na ‘deriva’ de agroquímicos, como herbicidas, fungicidas, inseticidas e acaricidas."

Sem fins lucrativos, o programa Adjuvantes da Pulverização é financiado com recursos privados e está instalado nas dependências do Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, sediado há mais de 50 anos na cidade de Jundiaí.

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