Integração Lavoura-Pecuária contribui para o avanço tecnológico e rentabilidade no campo

Tema foi abordado no segundo dia de palestras da Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Capão do Leão

17.02.2022 | 15:49 (UTC -3)
Rejane Costa e Ieda Risco
Tema foi abordado no segundo dia de palestras da Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Capão do Leão. - Foto: Paulo Rossi
Tema foi abordado no segundo dia de palestras da Abertura Oficial da Colheita do Arroz em Capão do Leão. - Foto: Paulo Rossi

O ciclo de palestras da 32ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz teve continuidade nesta quinta-feira, dia 17 de fevereiro. No início da tarde o tema abordado foi “Pecuária como aliada na melhor eficiência do sistema produtivo”. Foram palestrantes Frederico Wolff, da Wolf Agricultura e Pecuária de Dom Pedrito (RS), e Clarissa Lopes Peixoto, do Grupo Pitangueira, de Itaqui (RS), com moderação do pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Danilo Sant’Anna, que ressaltou a importância de debater uma das pautas principais do evento, buscando mais sustentabilidade nas terras baixas no sul do país.

Clarissa destacou em sua fala que o Grupo Pitangueira está baseado em três pilares: gado Braford, lavoura de arroz e lavoura de soja, que está em fase inicial de implantação. Salientou que a rotação destas culturas já é uma realidade com o objetivo de buscar uma sustentabilidade de fato. “Conseguimos perceber uma melhora na parte química, física e biológica da terra, um melhor uso das áreas marginais. Essa reciclagem natural dos nutrientes é o que nós buscamos nessa integração”, observou, destacando também uma melhora financeira com um menor uso de defensivos agrícolas.

O Grupo Pitangueira recebeu o Selo Ambiental dentro da lavoura de arroz o que, conforme Clarissa, confere à empresa o bem estar social e as melhores práticas de manejo do solo. “Nós procuramos agregar valor em toda a produção, desde a semente até o consumidor final. Procuramos fazer um arroz com rastreabilidade. Acreditamos em tecnologia e em fazer um produto com qualidade”, pontuou.

Clarissa ressaltou que da mesma forma no gado, a empresa conquistou títulos em exposições, como melhor criador de Braford e maior vendedor de touros Braford do Brasil. “Procuramos fazer o melhor desde a porteira até o consumidor. Então temos a carne pitangueira ainda em nível regional, mas com a intenção de aumentar esta abrangência”, informou, lembrando que um dos desafios da empresa é a mudança de cultura. “É fundamental mostrar que realmente vivemos de um todo e uma atividade complementa a outra”, colocou.

A crise hídrica enfrentada na fronteira do Estado também foi abordada por Clarissa. Segundo ela, é preciso mostrar a importância da integração da lavoura com a pecuária nestes momentos, em especial na parte financeira. “Tenho dito que é preciso ter um foco no presente, mas sempre com um olho no futuro. É necessário dar continuidade à empresa independentemente da atividade que exercer”, finalizou.

Frederico Wolf iniciou sua fala traçando um pequeno histórico do negócio desde seu avô. Destacou que, hoje, trabalha com uma das irmãs e o cunhado, como sócios, e que o negócio da família reflete o meio ambiente onde estão inseridos. “Temos tido mais sucesso quando conseguimos identificar onde estamos e como aquele local ou ambiente pode nos oportunizar'', disse ele. Apesar de trabalhar com arroz, soja, milho e o gado, o empresário não esquece que a pecuária já estava na região quando a agricultura chegou. “Ela estava ali antes de nós. Tudo isso é ambiente do gado e temos que explorar este ambiente sempre em acordo com ele”, afirmou.

Antes de encerrar sua palestra, Wolf lembrou de um amigo, já falecido, a quem destacou como um homem de grande sucesso em sua jornada como agropecuarista. “Ele dizia que temos que ter uma vaca no campo para cada hectare plantado, como uma poupança”, concluiu.

Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, que moderou os painéis, brincou que não houve fala combinada, mas que os dois palestrantes seguiram uma linha muito similar. “Ao falarem sobre integração, ambos destacaram a necessidade de se olhar para o negócio como um todo”, afirmou. Ele ainda fez uma provocação aos palestrantes, perguntando se não estava na hora de traçar o caminho em mão dupla, não só com a agricultura levando avanços tecnológicos à pecuária, mas com a pecuária trazendo estas mudanças para a agricultura.

A 32ª edição da Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas segue até amanhã, sexta-feira, na Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), em formato híbrido com atividades presenciais e on-line. A organização é da Federarroz com correalização da Embrapa e patrocínio Premium do Irga e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Informações podem ser obtidas pelo aplicativo Colheita do Arroz ou no site www.colheitadoarroz.com.br.

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