Na Argentina, fábrica da FPT Industrial produz motor número 200 mil
Inaugurada em 2012, a fábrica é dedicada à produção de "powertrain" para veículos on-road e off-road, máquinas agrícolas e de construção
Além de ganhos em sustentabilidade, a industrialização do milho para produção de etanol, por exemplo, pode triplicar o valor agregado do grão. A afirmação foi feita durante a primeira Conferência Internacional sobre Etanol de Milho, organizada pela União Nacional do Etanol de Milho e pela Datagro, em Cuiabá (MT).
“O uso deste milho para produção de combustível sustentável leva a uma valorização do grão, de duas a três vezes, quando industrializado, porque agrega valor ao dar origem a outros subprodutos. Isso estimula a produção de mais milho, e cria um círculo virtuoso, beneficiando a indústria, o comércio e com impacto positivo para o meio ambiente”, comenta Plinio Nastari, presidente da Datagro.
O evento discutiu oportunidades para o setor, com participação da agroindústria do etanol de milho, produtores de cereais e de políticos do Estado e do Congresso Nacional. Ao todo, a conferência reuniu mais de 500 convidados.
O deputado federal Arnaldo Jardim, relator do projeto Combustível do Futuro, aprovado na Câmara dos Deputados e que agora tramita no Senado, integrou um dos painéis. Também participaram outras autoridades, como Pedro Lupion, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, e de representantes da Apex Brasil, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Embrapa, Ministério das Relações Exteriores, Agência Nacional do Petróleo (ANP), Unicamp, dentre outras.
O Brasil é hoje o segundo maior produtor de etanol de milho do mundo. Desde o início da operação da primeira indústria full deste biocombustível, em 2017, a produção passou de 500 mil litros para 6,27 bilhões de litros na safra 2023/2024, que se encerra este mês. Todo esse potencial vai ao encontro das novas demandas mundiais por combustíveis renováveis e menos poluentes.
De acordo com o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, a cadeia do etanol de milho e cereais está inserida em um círculo virtuoso de investimentos que integra cadeias de grãos, pecuária, floresta e biocombustíveis.
“O Brasil tem hoje uma grande responsabilidade para fornecimento de alimentos e de biocombustíveis, produzidos de forma sustentável e complementar. A cadeia do etanol de milho é um exemplo deste potencial de integração de cadeia produtiva e que ainda tem enorme potencial de crescimento sobre os excedentes exportáveis. Por meio da industrialização do grão produzido em segunda safra, é possível dobrar a produção de etanol nos próximos dez anos e, ao mesmo tempo, contribuir para a intensificação da pecuária e ampliação da oferta de alimentos”.
Mato Grosso, que sediou o evento, lidera a produção de etanol de milho entre os Estados brasileiros, com 11 plantas em funcionamento, sendo seis exclusivas de etanol de milho e cereais.
“São estes investimentos que vão alavancar a produção de matérias-primas sustentáveis para a produção de bioenergia, que inclui o biodiesel, o etanol, o biometano, e Mato Grosso é um exemplo nesta direção, com integração com soja, com milho de segunda safra, a conversão deste milho em etanol, DDG (grão de destilaria secos - do inglês Dried Distillers Grains), óleo de milho, a transformação da soja em farelo, que vira biodiesel”.
Em um dos painéis, que abordou os mercados potenciais futuros, o evento discutiu o uso de biocombustíveis na aviação, o chamado Combustível Sustentável para Aviação (SAF, do inglês Sustainable Aviation Fuel), e para a navegação. A FS Fueling Sustainability, participante da Conferência, é a primeira indústria do setor a conseguir certificação para produzir o SAF no Brasil e o tema desperta interesse de todo o setor como alternativa de mercado.
“O combustível sustentável de aviação é um dos mercados promissores. Na Datagro, estimamos que a demanda por etanol nos próximos anos irá triplicar, o que impõe um senso de urgência muito grande para ampliar a produção de biocombustíveis. Isso está sendo feito sem gerar competição com a produção de alimentos, ao contrário, estimula a produção de mais grãos”, afirma Nastari.
Subproduto da industrialização do milho nas plantas de produção de etanol, o DDG e o DDGS são extraídos a partir do processamento do grão. As fibras dão origem a diferentes produtos, que geram suplementos nutricionais para bovino, suíno e avicultura, dentre outras.
“Os resultados que temos em Piracicaba/SP são consistentes em mostrar, de forma muito contundente, que estes coprodutos, seja fibras úmidas, as fibras secas e o DDGS, contam com valor energético mais alto do que milho e farelo de soja, milho e caroço de algodão, milho e farelo de algodão, todas estas combinações muito comuns nas dietas convencionais de confinamentos”, afirma Flávio Augusto Portela, engenheiro agrônomo da Esalq/USP, que lidera estudos na área financiados pela iniciativa privada.
Neste ano, o setor deve produzir cerca de três milhões de toneladas de DDG. Indústrias do setor estimam que a produção salte para sete milhões na safra 2029/30.
Líder de pesquisa da Datagro Pecuária, João Otávio Figueiredo diz que a cadeia integrada garante maior segurança no fornecimento da suplementação.
“O pecuarista vai intensificar sua produção à medida que este custo feche. O grande desafio que se tinha na intensificação do boi no Brasil era uma entrega de suplemento, de matéria-prima, com suplementos interessantes, e hoje, com a cadeia integrada com etanol de milho, você consegue ter uma garantia de suplemento, porque a usina vai moer”, destaca.
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