Goiás agora pode usar benzoato contra lagarta Helicoverpa armigera

​Os agricultores de Goiás finalmente conseguiram autorização estadual para utilizar defensivos com o princípio ativo benzoato de emamectina no controle da lagarta Helicoverpa armigera

30.03.2016 | 20:59 (UTC -3)
Aprosoja GO

Os agricultores de Goiás finalmente conseguiram autorização estadual para utilizar defensivos com o princípio ativo benzoato de emamectina no controle da lagarta Helicoverpa armigera. A Instrução Normativa nº 03/2016, que define as normas do pedido de "Habilitação para Uso Emergencial" desses produtos, foi publicada no Diário Oficial do Estado na segunda-feira (28). Segundo o documento, o benzoato poderá ser utilizado de forma controlada enquanto perdurar a situação de emergência fitossanitária para a praga em Goiás.

Desde a safra 2013/14, quando a H. armigera foi identificada em larga escala nas lavouras goianas, essa é a primeira vez que o órgão estadual de defesa libera a aplicação do princípio ativo na agricultura. "A reivindicação do produtor rural para usar o benzoato sempre foi legítima, pois essa lagarta é uma praga de difícil controle", afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Bartolomeu Braz Pereira.

Responsável pela autorização e normatização de uso do benzoato, a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) vai controlar todo o processo de compra, transferência, estoque e devolução de embalagens e sobras de produtos. "É como se fosse um medicamento de tarja preta", explica o coordenador do Programa de Agrotóxicos do órgão, Rodrigo Baiocchi Lousa. Segundo ele, as aplicações desse tipo de inseticida foram autorizadas para as culturas de soja, milho, algodão e feijão.

Produtores rurais e responsáveis técnicos devem comunicar a ocorrência da H. armigera e requerer a habilitação de uso do benzoato por meio do Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás (Sidago), disponível no portal www.agrodefesa.go.gov.br. A quantidade de produto solicitada deve atender ao limite de duas aplicações por área cadastrada. Fiscais estaduais agropecuários vão analisar e homologar os pedidos e a aquisição dos defensivos será feita diretamente com empresas importadoras.

Utilizados em 70 países, os inseticidas à base de benzoato de emamectina apresentam melhores resultados na contenção da H. armigera que os demais produtos disponíveis no mercado. "Agora podemos usar um defensivo mais eficiente, que vai reduzir nossos elevados custos de produção", defende Bartolomeu, que também é vice-presidente institucional da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

No Brasil, o benzoato ainda não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por isso seu uso é liberado apenas em situação de emergência fitossanitária. Recentemente, porém, a agência anunciou que está reavaliando o princípio ativo e pode liberá-lo de maneira definitiva no País.

Histórico

Nas duas últimas safras, Goiás foi incluído pelo Ministério da Agricultura (Mapa) na lista de Estados em situação de emergência fitossanitária para a H. armigera, mas não pôde utilizar o benzoato porque a Agrodefesa acatou as recomendações de proibição dos Ministérios Público Federal (MPF) e Estadual (MPE).

Mas diante das reivindicações do setor produtivo e dos crescentes prejuízos para o agronegócio goiano – a Faeg estima em R$ 340 milhões as perdas relacionadas a essa lagarta na produção de soja nas safras 2013/14 e 2014/15 –, a Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGE-GO) passou a atuar no caso. A PGE-GO então solicitou que o MP revogasse a proibição do benzoato. No início de março, o MPF reconsiderou sua recomendação inicial e permitiu o uso do inseticida em Goiás de forma controlada.

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