Focos de ferrugem da soja aumentam 220% no Brasil

Além da ferrugem asiática, as doenças de final de ciclo estão antecipando sua presença

17.01.2023 | 16:19 (UTC -3)
Verônica Muccini Longhi

Uma das doenças que mais preocupa os produtores de soja, e que chega com tudo nessa safra 22/23, é a ferrugem asiática. De acordo com o consórcio antiferrugem, os primeiros esporos ocorreram em novembro de 2022 no Rio Grande do Sul, em áreas de soja voluntária, nas cidades de Pântano Grande e Passo Fundo. Hoje, no acumulado, somam quarenta e oito (48) ocorrências e, em sua grande maioria, a cultura se encontra no estádio R5, ou seja, de enchimento do grão.

Comparado ao mesmo período do ano passado, novembro até janeiro, o aumento supera 220% entre uma temporada e outra, tendo o Estado do Paraná com mais ocorrências nessa safra 22/23. Segundo especialistas do xarvio, a marca de agricultura digital da BASF, a principal causa deste aumento é o clima favorável, mais chuvoso e quente.

A ferrugem asiática pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento das plantas. Os primeiros sintomas da doença são pequenas lesões na folha, de cor castanha a marrom-escura. Na parte inferior das folhas são liberados os esporos, sendo que os danos causados refletem em prejuízos à formação de grãos e ao enchimento de vagens, com redução do peso final dos grãos, comprometendo o resultado do cultivo.

Por ser uma doença muito agressiva, o monitoramento constante e as aplicações preventivas de fungicidas são as mais indicadas para um controle eficiente. O manejo integrado, com fungicidas de alta performance, aplicados no momento certo, e a utilização de ferramentas digitais ajudam, de forma efetiva a controlar o avanço da infestação.

Segundo especialistas, se o manejo da ferrugem asiática não for feito de maneira correta, a doença pode causar redução de até 90% na produtividade da soja. É essencial que o agricultor seja eficiente no controle, realizando o monitoramento constante para inibir o desenvolvimento da doença, elevar os índices de produtividade e garantir a longevidade do negócio.

Monitoramento e controle

O monitoramento por meio de mapas de biomassa é uma das alternativas que o agricultor pode utilizar para avaliar possíveis danos. “Utilizamos o mapa de biomassa com base em dados obtidos através de satélite para oferecer feedback a curto prazo sobre a situação e o desenvolvimento da lavoura. Conseguimos identificar quais áreas apresentam um déficit de biomassa, identificando posteriormente as anomalias que estão no campo”, explica Davi Köhntopp da Silva, engenheiro agrônomo e pesquisador de Produtos Digitais do xarvio.

“Além da ferrugem, atualmente estamos diagnosticando nas lavouras através de imagens capturadas pelo xarvio a ocorrência de muita doença de final de ciclo, que como o próprio nome já diz normalmente são esperadas para ocorrer nos últimos estádios reprodutivos da lavoura de soja, e nessa safra estão adiantadas. Temos monitorado doenças como antracnose, crestamento foliar, mancha-parda e mancha olho-de-rã. Por conta das altas temperaturas, e do período chuvoso, o clima está favorecendo o aparecimento dos fungos já no início do estádio reprodutivo. O agricultor precisa assegurar o monitoramento fitossanitário e manejo adequado para aumentar a produtividade e rentabilidade da lavoura”, diz o engenheiro agrônomo.

Outro ponto a ser considerado no manejo eficiente de doenças, tanto a ferrugem quanto as DFC (Doenças de Final de Ciclo), é o princípio ativo contido nos produtos comerciais que fará o melhor controle. O uso sucessivo de fungicidas contendo o mesmo mecanismo de ação pode contribuir para o aumento da população de fungos resistentes, levando a perda de eficiência do produto e consequente prejuízo do agricultor.

“Essas condições meteorológicas de chuva e calor têm exigido o monitoramento mais intensivo e controle mais criterioso por parte do produtor. A recomendação é atentar para a tecnologia de aplicação, realizar o manejo preventivo, aplicar na hora certa e utilizar fungicidas eficientes com diferentes mecanismos de ação, associados aos fungicidas multissítios para um melhor resultado”, reforça Sérgio Zambon, Gerente Técnico de Desenvolvimento de Mercado Brasil na BASF.

O agrônomo da BASF finaliza com algumas recomendações para o controle de doenças como ferrugem e DFC:

1. Escolha de sementes certificadas: o agricultor deve estar atento na hora de escolher sementes de boa qualidade, já que são essenciais para alcançar bons resultados.

2. Considerar os fatores de escape sempre que possível: fazer a semeadura sempre que o clima estiver favorável. Esta prática favorece o desenvolvimento uniforme das plantas, minimiza a incidência de doenças e o risco de replantios.

3. Qualidade de aplicação: utilizar de equipamentos revisados e conservados, com pontas em bom estado, dosagem corretas e taxa de aplicação adequada ao estágio da cultura, seguindo sempre a recomendação do fabricante.

4. Respeitar a bula do produto: seguir as orientações da bula inerentes de cada produto, como por exemplo dosagem, momento da aplicação e intervalo entre aplicações.

5. Uso de fungicidas protetores: este grupo de produtos é muito importante no manejo da resistência e atua de forma preventiva, controlando a doença mesmo antes de sua penetração nos tecidos vegetais da planta. O seu uso é recomendado em associação aos fungicidas de modo de ação específicos.

6. Entender a dinâmica de cada epidemia: consulte sempre um profissional habilitado para extrair o melhor resultado de cada ferramenta.

7. Monitoramento: é preciso adotar uma estratégia de monitoramento contínuo das lavouras para que a tomada de decisão do produtor rural seja cada vez mais assertiva.

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