Fertilizantes para soja: Yara esclarece mitos e verdades sobre o fósforo e o cálcio

Desde a extração nas minas até a absorção pelas plantas, ocorrem várias reações e transformações nas formas do fósforo. Com isso, têm surgido muitas dúvidas e especu

08.02.2018 | 21:59 (UTC -3)
Lenina Sampaio Aquilino

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), depois da colheita recorde na safra 2016/17, o Brasil deve ter uma produção de soja 2,4% menor em 2018. Ainda assim, as áreas de plantio foram recordes, o que também não descarta uma boa produtividade.

O potencial produtivo da nova safra supera 114 milhões de toneladas colhidas em 2017, mas o clima ainda é um fator preponderante para tal feito. No Mato Grosso, um dos maiores estados produtores do Brasil, a colheita atingiu 12,3%, até 26 de janeiro, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No mesmo período do ano passado, o percentual era 16,2%.

Mas toda essa produtividade do "grão de ouro" da agricultura brasileira tem uma etapa produtiva decisiva para seu melhor desenvolvimento: a nutrição. Dentre os elementos necessários estão o fósforo e o cálcio, com origem predominantemente de rochas fosfáticas de origem vulcânica, em maior parte a fluorapatita.

Desde a extração nas minas até a absorção pelas plantas, ocorrem várias reações e transformações nas formas do fósforo. Com isso, têm surgido muitas dúvidas, especulações e mitos acerca das tecnologias empregadas nos fertilizantes nacionais. Os especialistas Agronômicos da Yara, Diego Guterres e João Maçãs esclarecem os três principais:

1. Na sua forma natural, nas rochas brasileiras, esses nutrientes estão indisponíveis às plantas
Verdade: Na condição natural da rocha, o fósforo está na forma de fosfato tricálcico, a qual as plantas não conseguem absorver (elas absorvem o P como dihidrogenofosfato - H2PO4-). Para aumentar a eficiência agronômica dos fosfatos, a indústria realiza o processo de acidulação, solubilizando a rocha fosfática moída com ácido sulfúrico (rota sulfúrica de acidulação), o que resulta em superfosfato simples e sulfato de cálcio. O superfosfato simples possui fósforo, cálcio e enxofre. Também pode-se atacar a rocha fosfática com ácido fosfórico, originando o superfosfato triplo (Lopes, A. S. et al., 2016).

"Esses dois produtos passam por diversos processos até serem granulados e utilizados puros ou em misturas com outras matérias-primas como fertilizantes na agricultura. A exemplo disso, existe a rota de acidulação nítrica, muito utilizada pela Yara na Europa na produção de nitrofosfatos, conhecidos mundialmente como YaraMila com altos teores de nitrogênio nítrico e amoniacal", explica João Maçãs, especialista em Portifólio de Produtos da Yara.

2. Fertilizantes com fósforo e cálcio e se tornarem indisponíveis às plantas, criando uma deficiência desses nutrientes.
Mito: As formas de fósforo são influenciadas pelo pH da solução. Em solos ácidos, como a maioria dos solos tropicais brasileiros, o fósforo é fixado por ferro e alumínio. No outro extremo, em situações de pH acima de 7, o fósforo torna a sofrer um processo chamado "retrogradação", no qual ele reage com cálcio (do fertilizante ou do solo) e retorna à condição de fosfato tricálcico, tornando-se indisponível às plantas.

Aqui, então, surge o mito de que em fertilizantes com P e Ca, esses elementos reagem e se tornam indisponíveis às plantas. Ora, em solos alcalinos (pH acima de 6,5), como os de clima temperado, essa reação pode acontecer. Mas não é a realidade dos solos brasileiros onde se cultiva soja.

"Além da acidez dos nossos solos, os fertilizantes fosfatados acidulados possuem reação ácida, inviabilizando a possibilidade dessa reação ocorrer. Ademais, se isso fosse fato, a eficiência agronômica dos superfosfatos seria muito baixa e essas fontes não seriam empregadas na agricultura", esclarece Diego Guterres, especialista Agronômico da Yara.

3. Misturar corretivos de acidez no adubo pode indisponibilizar o fósforo e o cálcio para as plantas
Verdade: Sim, essa prática é uma maneira bem provável de indisponibilizar o P e o Ca nas plantas. Se o corretivo for altamente reativo e se for utilizado em dose excessiva, pode elevar o pH junto aos grânulos do fertilizante, levando à indisponibilização do P. No entanto, o recomendado pela pesquisa agronômica é trabalhar a correção da acidez do solo de forma plena através de calagem criteriosa.

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