Falta de práticas conservacionistas é obstáculo para uma agricultura sustentável

Conclusão foi tirada do Fórum Regional ABAG, realizado nesta sexta-feira (07/06), em Porto Alegre-RS

07.06.2019 | 20:59 (UTC -3)
Noemi Oliveira

Falta de práticas conservacionistas que evitam perdas e compactação do solo, ineficiência na aplicação de defensivos agrícolas, deficiência na semeadura e desconhecimento da legislação sobre meio ambiente. Essa relação dos principais problemas que dificultam uma produção agrícola sustentável foi detalhada pelo assessor da Divisão de Estudos Avançados de Inovação do Senar-RS, Renan dos Santos, durante o Fórum Regional ABAG – Desafios do Agronegócio Sustentável, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio, nesta sexta-feira (07/06), em Porto Alegre.

Esses são apenas alguns dos problemas detectados por um levantamento feito pelo Senar-RS. “Estamos intensificando ações na busca por soluções de diversas maneiras. Um exemplo concreto é uma ideia desenvolvida por uma startup que colocou uma câmera na ponta dos pulverizadores para racionalizar a aplicação de defensivos”, informou o palestrante, que participou do primeiro painel do Fórum, sobre Inovação. 

O encontro foi aberto pelo diretor de Política Agrícola da Secretaria de Agricultura Pecuária e Desenvolvimento rural do RS, Ivan Bonetti, que fez um apanhado das reformulações que estão sendo feitas na Secretaria com vistas a ampliar a inovação. “Uma das nossas prioridades é desenvolver um sistema para coletar e divulgar dados confiáveis sobre a agropecuária gaúcha”, afirmou Bonetti. Adiantou ainda que estão sendo criadas várias câmaras setoriais, incluindo uma voltada para o Mercosul e Comércio Exterior. “A ideia é trabalharmos mais com programas e não com ações isoladas”, concluiu.

Em seguida o pesquisador da Embrapa Trigo de Passo Fundo-RS, José Denardin,  tratou do tema da geração e adoção de novas tecnologias pelo produtor rural. “Precisamos deixar claro que o mais importante em se ter uma inovação tecnológica é como adotá-la. A tecnologia gerada precisa ser incorporada a rotina diária do agricultor e a conclusão que se chega é que precisamos fazer bem feito o velho que já está incorporado ao dia a dia. Em muitos casos não estamos fazendo nem isso bem feito. Notamos isso muito claramente na negligência em relação ao trato com o solo”, comentou Denardin. 

Com a análise do pesquisador da Embrapa Trigo concorda Nestor Bonfanti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul, que abriu o segundo painel, que tratou de Agricultura e Meio Ambiente. “Tecnologia e inovação é importante e necessária, mas, muitas vezes, não é compreendida pelo agricultor”, alertou. Para ele, uma melhor assistência técnica ajudaria nessa questão. “Sem uma boa assistência ao homem do campo, sobretudo o da agricultura familiar, nós também não avançamos na questão das melhores práticas ambientais”, acrescentou Bonfanti.

Na mesma linha seguiu a presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), da Secretaria do Meio Ambiente do RS, Marjorie Kauffmann. A seu ver, os procedimentos que são adotados pelas administrações estaduais e municipais na área ambiental precisam estar em harmonia com a política nacional. “Nesse sentido, a postura de colocar a falta de saneamento básico como um dos principais problemas ambientais do país, talvez ajude a tirar um pouco o agronegócio da posição de vilão nessa área”, observou Marjorie, acrescentando que: “preservação também é um elemento importante para o aumento da produtividade”.

Também participou dos debates o professor Pedro Selbach, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A seu ver, precisamos enfatizar e destacar pontos positivos do Brasil na questão ambiental. “Precisamos mostrar, por exemplo, que a nossa matriz energética é composta em 47,3% de energia renovável, contra apenas 18,6% na média mundial, e de somente 7% nos países da OCDE. 

No encerramento do evento, o diretor executivo da ABAG, Luiz Cornacchioni destacou a importância e oportunidade da realização do Fórum. “Vale enfatizar que inovação foi o que tornou o agronegócio brasileiro pujante. E inovação só é útil se ela chegar onde é mais necessária, no produtor rural. Nesse sentido, ganha urgência reestruturarmos nossa área de assistência rural. Sem isso, a agricultura brasileira não dará o salto que necessita para continuar produtiva e líder mundial”, concluiu Cornacchioni.
O evento teve o patrocínio da Syngenta e o apoio da FARSUL – Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, FETAG-RS - Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, SARGS - Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul e Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal.

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