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Aumento de 100% na produtividade e redução de 70% na aplicação de defensivos agrícolas. Esses são os resultados do uso do cultivo protegido em “Y” com cobertura impermeável para cultivo de videiras. A técnica, introduzida e adaptada pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, para as condições do Estado de São Paulo, poderá substituir, mesmo que gradativamente, a condução em espaldeira a céu aberto para cultivo da Uva Niagara Rosada, sistema muito utilizado pelos produtores paulistas.
A nova técnica — resultante de trabalho do IAC — melhora ainda a qualidade dos frutos, gera cachos de uva maiores e protege a plantação contra chuvas de granizo e ataque de pássaros, que podem acabar com toda a produção ou prejudicar seriamente a qualidade das uvas atingidas. O estudo é inédito no Estado de São Paulo.
A principal contribuição do cultivo protegido está na diminuição da ocorrência das principais doenças da viticultura. “O uso de cobertura de plástico ou de outro material impermeável protege as folhas e cachos da incidência direta da chuva e, consequentemente, reduz as condições que favorecem o desenvolvimento de doenças fúngicas”, diz José Luiz Hernandes, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Ainda segundo Hernandes, a cobertura impermeável funciona como um guarda-chuva sobre a videira e os fungos não têm como se instalar, já que não há água livre sobre as plantas. “Em ensaios que foram conduzidos sem nenhuma pulverização para controle de antracnose, míldio, mancha-das-folhas e podridão, que são as principais doenças da uva Niagara Rosada, constatou-se a redução de 60% a 70% da ocorrência de enfermidades”, afirma o pesquisador do IAC.
Neste mesmo percentual é a queda do uso de defensivos agrícolas. “Essa redução, além do retorno financeiro devido à baixa do uso de defensivos, economia de mão de obra, combustível e diminuição do desgaste de equipamentos, gera ainda um retorno que, em geral, não é capitalizado, como a proteção do meio ambiente e também um ganho humano, tanto para a saúde dos aplicadores como dos consumidores finais”, explica Hernandes.
Normalmente, os produtores utilizam o sistema de condução em espaldeira a céu aberto (parecido com uma cerca com três fios de arame) para o cultivo da uva Niagara Rosada. Neste método, as parreiras ficam um pouco mais baixas e são distribuídas pelas ruas de maneira uniforme. Os ramos anuais são conduzidos na vertical e precisam ser amarrados aos fios de arame para não serem derrubados ou quebrados pelos ventos ou pelo peso da uva. “No sistema em Y, os ramos ficam quase na horizontal e deitam-se naturalmente sobre os arames. Com isso, reduz-se a necessidade de amarrio para que eles não caiam e ainda os desestimula a brotar – por não ficarem mais na horizontal – reduzindo também a necessidade de desbrota das plantas, uma operação que demanda muitas horas de trabalho no vinhedo”, diz o pesquisador do IAC.
Na videira, no sistema usual os cachos ficam a uma altura entre 80 centímetros a um metro do solo, enquanto no “Y”, ficam entre 1,5 m e 1,8 m. De acordo com o pesquisador do IAC, a diferença na altura das parreiras também reflete na ocorrência de doenças. “Quanto mais próximo do chão, mais perto a planta fica da umidade e do calor refletido e, com isso, há maior incidência de doenças. Se a planta fica mais alta e mais ventilada, esse índice vai diminuir”, explica.
Os cachos das uvas também ficam mais afastados por conta da disposição dos ramos, separados com metade para cada lado do “Y”. Segundo o pesquisador do IAC, essa característica também influencia a aplicação de defensivos e a produtividade. “Na uva, se os cachos ficam muito próximos, quando você aplica o defensivo, um vai impedir que o outro receba o produto aplicado. Quanto à produtividade, se os ramos estão mais abertos, as gemas ficam mais expostas à luz solar. Isso altera a fisiologia da uva e estimula a produção”, explica Hernandes.
Com a diminuição no número de aplicação de defensivos, redução da desbrota e amarrio, o cultivo protegido em “Y” otimiza o tempo para o cuidado com a plantação, reduzindo significativamente a mão de obra utilizada e influenciando positivamente no custo de produção.
“A circulação dentro do vinhedo é facilitada possibilitando a mecanização de diversas operações, desde a aplicação de defensivos por turbina, adubações, até a circulação de pequenos veículos na colheita. Some-se ainda o maior conforto do agricultor ao realizar as tarefas com o corpo em posição mais ereta, na sombra e protegido da chuva”, acrescenta.
O sistema já está sendo implantado em alguns municípios paulistas, como Louveira, Jundiaí, Indaiatuba e Itupeva. “Há um aumento da procura de informações por parte dos produtores. Eles estão percebendo a vantagem do cultivo protegido em “Y” e querem implantar em seus vinhedos, por isso já estamos trabalhando na edição de um boletim técnico sobre o assunto”, comenta Hernandes.
O custo inicial para implantação do sistema é elevado. Para plantar um hectare de espaldeira a céu aberto o produtor investe em média R$ 30 mil. No sistema protegido em “Y” com cobertura impermeável, o valor pode chegar a R$ 70 mil. “Pelo valor mais elevado do investimento, a recomendação é que o produtor faça a conversão aos poucos, ao longo dos anos”. Hernandes ressalta que o investimento é recuperado em pouco tempo por conta da maior produtividade e menores gastos com defensivos e mão de obra.
O material utilizado para colocar em cima da estrutura é o filme plástico impermeável, a ráfia plastificada ou o telado plástico. Este último não é impermeável e perde a principal vantagem que é a diminuição de doenças.
O pesquisador do Instituto Agronômico alerta para a necessidade do uso de quebra-ventos nos vinhedos que adotam a técnica. “Devido à altura de 1,5m do telado, é necessário utilizar quebra vento que pode ser tanto natural, como a plantação de renques de plantas altas, como artificial, com a colocação de tela.”
As uvas cultivadas em sistema protegido têm qualidade superior às plantadas a céu aberto. Com o aumento no tamanho das bagas, os cachos também ficam maiores, e com menos resíduos de defensivos, deixando o produto mais atraente para o consumidor.
O Estado de São Paulo é o maior produtor e consumidor de uvas de mesa no Brasil. A Niagara Rosada, destinada ao consumo in natura, é a mais cultivada no Estado – cerca de cinco mil hectares plantados.
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