Estudo da ESALQ norteará Plano Nacional de Irrigação

16.10.2015 | 20:59 (UTC -3)
Caio Albuquerque e Alessandra Faveri Pos

O diretor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), professor Luiz Gustavo Nussio, e o vice-diretor, professor Durval Dourado Neto, estiveram no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, para reunião com a ministra Kátia Abreu. O encontro teve por objetivo a apresentação do estudo “Análise Territorial no Brasil para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada”, desenvolvido pelo professor Gerd Sparovek e Dourado Neto, em parceria com o Ministério da Integração Nacional (MI).

Segundo o professor Nussio, a apresentação faz parte de uma ação da Diretoria em buscar projetos de alçada institucional que atendam demandas nacionais. “Conseguimos um grande avanço nesse aspecto, com a reunião no Mapa, colocando a ESALQ à disposição para projetos futuros”, afirmou. O diretor ressaltou, ainda, que a atividade está alinhada às metas da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) em fazer com que as Unidades se dediquem mais a estudos em consonância com as políticas públicas e com as demandas da sociedade. “É uma maneira de fazer as equipes trabalharem de forma mais integrada, com ações mais abrangentes”.

O estudo apresentado foi incluído no Plano Nacional de Irrigação, por meio da Portaria nº 115, de 18 de junho de 2015, publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo Ministro de Estado da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi. A partir desta definição, os projetos públicos que envolvem o tema deverão ser planejados e implantados conforme o relatório da pesquisa, que avaliou 168.843 mil bacias hidrográficas do país, sendo cerca de cinco mil hectares cada. Como resultado, a pesquisa demonstrou que o Brasil tem potencial para expandir em até 61 milhões de hectares suas terras irrigadas, o equivalente a 10 vezes o atual.

Para Durval Dourado Neto, o resultado do estudo traz um fato novo, já que segundo a FAO, o Brasil possui 29 milhões de hectares irrigáveis, ou seja, a pesquisa coordenada pelos docentes da ESALQ indica um número bem superior a este. “De fato temos 66 milhões de hectares irrigáveis, sendo que 6 irrigados já contam com este suporte”. Ainda segundo o vice-diretor da instituição, o estudo apresentado ontem no Mapa é importante uma vez que possibilita a ESALQ atender demandas sociais emergentes. “É muito importante que a universidade, além de formar alunos, atenda demandas de extensão como essa. Para que haja preservação ambiental e justiça social, temos que gerar e distribuir riquezas, ou seja, acumular capital e propiciar desenvolvimento. Portanto a função da universidade é gerar conhecimento e transformar isso em riqueza para o bem comum”.

Conhecer a ordem de grandeza dos nossos solos irrigáveis trarão, segundo Dourado Neto, mais qualidade de vida para as pessoas. “Isso norteará políticas públicas nessa área daqui para diante. Se podemos sair dos atuais 6 milhões para 66 milhões de hectares irrigados, precisaremos investir em infraestrutura, estradas, gerar energia, ou seja, dar condições para chegarmos a esse valor no futuro. Só há condição de preservar e melhorar a qualidade de vida onde temos agricultura irrigada. Portanto se já sabemos quanto podemos avançar, já estamos dando subsídios para que o governo faça um planejamento de longo prazo”.

Finalizando, Dourado Neto contou que a ministra Katia Abreu pretende elaborar um projeto com base nesse levantamento para que o Brasil irrigue, a curto prazo, mais 1,5 milhão de hectares e, a médio prazo, 5 milhões de hectares. “Este estudo direcionará os investimentos nesse setor, principalmente em redes de energia que viabilizem os sistemas de irrigação”.

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