Especialistas e produtores rurais debatem geração de energia renovável no agro

O seminário “Agro em Questão – Energias renováveis”, promovido pela CNA, reuniu especialistas, pesquisadores e produtores rurais

09.05.2019 | 20:59 (UTC -3)
CNA

O seminário “Agro em Questão – Energias renováveis”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na quarta (8), reuniu especialistas, pesquisadores e produtores rurais para discutir a geração de energia renovável no setor agropecuário.

O primeiro painel do dia sobre as principais formas de comercialização foi conduzido pelo presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comércio e Energia Elétrica (CCEE), Rui Guilherme Altieri.

“O Brasil está vivendo um momento de mudança na forma de comercializar energia. O que antes era apenas uma renda complementar, hoje se tornou a principal renda de alguns produtores. O nosso país tem um ambiente de comercialização de energia livre, pujante e crescente e precisamos inserir cada vez mais o agro nesse setor”.

Em sua apresentação, o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista, falou sobre as vantagens da geração distribuída, em que o consumidor pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis. “É uma forma eficiente que reduz perdas e economiza na fatura no fim do mês”.

O secretário-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Hélvio Guerra, fez uma exposição sobre como os leilões públicos de energia operam. “A comercialização no Brasil é feita dentro de duas esferas de mercado: Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e Ambiente de Contratação Livre (ACL)”.

Ainda no primeiro painel, o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, destacou a importância do mercado livre. “É um ambiente onde o consumidor tem poder de escolha e exerce seu direito a portabilidade da conta de luz, optando por melhores preços, prazos, volumes e condições de pagamento”.

Regulação 

O gerente de Bioeletricidade da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Zilmar José de Souza, moderou o debate seguinte sobre os entraves regulatórios e compensação da energia excedente da geração distribuída.

Para presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, o setor agropecuário possui um grande potencial de aproveitar a mesma área produtiva para instalar um sistema solar fotovoltaico. “Qualquer espaço vazio pode virar uma usina de geração de energia solar. É um sistema de baixa manutenção e rápido retorno”.

Já o engenheiro eletricista e sócio do Grupo WS, Leonardo Garcia Borges, falou dos entraves para a participação da biomassa nos leilões de energia. “Com o tempo a biomassa perdeu seu produto e passou a ter que vender energia a preços mais baratos. É preciso adotar conceitos contratuais similares entre gás e biomassa, diminuindo as diferenças entre os dois contratos e aumentando a atratividade internacional para o produto biomassa”.

O assessor técnico da CNA, Maciel Silva, finalizou o segundo painel apresentando a evolução das normas da autogeração de energia no Brasil. “O setor agropecuário precisa participar diretamente do processo de construção das normas para que suas demandas sejam consideradas. E a iniciativa privada tem o papel de organizar e ajudar a desenvolver melhor esse mercado de energia renovável”.

Oportunidades 

O terceiro e último debate foi sobre os desafios e oportunidades para a geração de energia renovável no agronegócio. O painel foi moderado pelo secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Silveira Camargo.

O conselheiro da Cooperativa de Geração Compartilhada (Compartsol), Alexandre Bueno, enfatizou as oportunidades para geração de energia solar no agro. “Esse tipo de energia é referência mundial e pode alavancar a imagem do setor. Segundo estimativas, a geração solar compartilhada no Brasil deverá atingir 2.200 megawatts até 2026. O mercado atual conta com apenas 218 unidades e 5,5 megawatts”.

Marcos Hiroshi Nishi, diretor da Brasil Florestas Gestora de Ativos Florestais, apresentou um histórico da empresa na busca de mercado para o carvão vegetal e os desafios para a geração de energia renovável, como o licenciamento ambiental e as dificuldades para financiamento de projetos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Lançamento do SIEnergia 

Durante o seminário Agro em Questão, o Sistema de Informação para Energia (SIEnergia), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), foi lançado pelo presidente da instituição, Thiago Barral. Segundo ele, o sistema traz informações estratégicas para o setor e dará suporte ao desenvolvimento de diversos estudos de recursos, demandas e oferta de energia.

De acordo com o analista da EPE, Daniel Kuhner Coelho, a proposta da empresa é lançar o módulo que mensura o potencial energético dos resíduos do setor agropecuário. “Essas informações são extremamente relevantes para as tomadas de decisão do governo e do setor produtivo”.


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