Especialistas da Embrapa falam sobre controle de pragas e doenças na Agrobrasília 2017

Pesquisador Charles de Oliveira fez palestra sobre enfezamentos do milho na manhã do último dia da feira

26.05.2017 | 20:59 (UTC -3)
Breno Lobato

Durante a Agrobrasília 2017 - Feira Internacional dos Cerrados, encerrada no sábado (20), especialistas da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) realizaram palestras técnicas sobre temas ligados a pragas e doenças na agricultura do Brasil Central.

O pesquisador Charles de Oliveira fez palestra sobre enfezamentos do milho na manhã do último dia da feira. Cerca de 40 pessoas, entre estudantes e produtores, acompanharam a apresentação.

Os enfezamentos do milho são causados por molicutes (espiroplasma e fitoplasma), microrganismos semelhantes a bactérias. O espiroplasma é responsável pelo enfezamento-pálido e o fitoplasma pelo enfezamento-vermelho. A identificação do patógeno é realizada por testes laboratoriais. Os molicutes são transmitidos pela cigarrinha do milho e afetam o desenvolvimento, a nutrição e a fisiologia das plantas infectadas, comprometendo a produção de grãos.

Na palestra, o pesquisador destacou os sintomas dos enfezamentos do milho, mostrando imagens de campo. Ele explicou que os danos à produção são proporcionais à incidência da doença e falou sobre o modo e as características da transmissão pela cigarrinha do milho contaminada por molicutes, bem como a disseminação dos enfezamentos.

Segundo Oliveira, os maiores problemas na safrinha de milho ocorrem nos plantios tardios, em que pode ocorrer o efeito de concentração de cigarrinhas do milho. “O mais importante é que os produtores fiquem de olho na doença”, destacou.
Ao final da palestra, o pesquisador apresentou como recomendações de manejo dos enfezamentos ações como evitar a semeadura de milho próximo a plantas mais velhas, sincronizar a época de plantio na região, diversificar e rotacionar as cultivares de milho, eliminar plantas voluntárias de milho (tigueras), tratar as sementes com inseticidas para controlar a cigarrinha e, em locais com alta incidência da doença, interromper o cultivo do milho.

Controle biológico

O supervisor do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sérgio Abud, apresentou, em 17 de maio, palestra no Workshop Agrobrasília sobre Controle Biológico de Pragas e Doenças nas Culturas. O evento foi organizado pela Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio) e Associação de Plantio Direto no Cerrado (APDC), com o apoio da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, Aprosoja e Coopa-DF.

Abud apresentou os princípios e práticas de controle biológico no Manejo Integrado de Pragas (MIP). São classificados como pragas os insetos, os fungos, os nematoides, os ácaros, as bactérias e os vírus. “A presença constante de pragas no sistema ocorre pela agricultura intensiva. Durante o ano todo, há disponibilidade de alimento para as pragas, o que favorece a multiplicação”, afirmou.

Dois grandes desafios atuais, segundo Abud, são o combate à mosca branca, que ataca várias espécies de plantas, e a cigarrinha do milho, que provoca os enfezamentos. Essas pragas podem inviabilizar a safra e safrinha de milho na região.

Para conter as pragas, o produtor deve escolher as melhores táticas de manejo. Como exemplos de manejo, Abud citou o controle biológico conservativo, que preserva os insetos predadores na área; o controle biológico, com uso de vespas parasitoides (Trichogramma spp.) e entomapatógenos (fungos, bactérias e vírus); e o controle químico, com produtos que controlam os insetos pragas.

As estratégias de manejo, como ressaltou Abud, são utilizadas para enfraquecer ou controlar os insetos-pragas com objetivo de reduzir o dano na lavoura, sem causar desequilíbrio no agroecossistema.


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