Especial Expodireto: Fórum do Solo aborda evolução de práticas conservacionistas

A 20ª Expodireto Cotrijal sediou, nesta terça-feira (12), a 4ª edição do Fórum Estadual de Conservação do Solo e da Água. O encontro contou com palestras e homenagens a produtores e técnicos que desenvolvem práticas conservacionistas que impulsionaram um aumento de produtividade.

O evento iniciou com a explanação do professor da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Pedro Selbach, sobre manejo para solos produtivos e processos biológicos. O especialista enumerou os diversos benefícios dos cultivos de cobertura, que proporcionam melhorias da estrutura do solo, aumento da fertilidade e manejo de pragas. "Em grandes extensões temos que ter um manejo adequado, com a sucessão vegetal adequada e diferentes aportes de compostos orgânicos oriundos de diferentes especieis vegetais", afirmou Selbach.

O professor da Faculdade de Agronomia da UPF, Pedro Escosteguy, tratou sobre calagem, fósforo e matéria orgânica, sugerindo aos produtores a realização de uma análise detalhada do solo.

Escosteguy dividiu em cinco etapas o processo de fertilidade do solo, iniciando com a correção química e física; aplicação de um sistema de culturas com práticas conservacionistas; manutenção da fertilidade, análise do perfil do solo; e a rotação de cultura. "Com a continuação do sistema é importante monitorar o solo, após quatro ou cinco anos da primeira calagem, e fazer uma análise o mais detalhada possível", alertou Escosteguy.

O professor da Faculdade de Agronomia da UFSM, Jean Minella, abordou o manejo de água em virtude de imposições climáticas, como, por exemplo, o deficit hídrico. Ele apresentou um estudo de monitoramento de encostas em Júlio de Castilhos, onde se utilizou a técnica de terraço em lavouras de soja. O objetivo era maximizar a infiltração e o armazenamento de água no solo, além de disciplinar a retirada e o excesso de água.

No local monitorado ocorreu uma precipitação de 667 mm, com uma eficiência de armazenamento na área com terraço de 89 mm. As lavouras com o sistema apresentaram uma produtividade de 4.550 kg/ha, enquanto que as lavouras sem terraço tiveram uma produtividade de 4.022 kg/ha.

"Hoje temos eventos climáticos com intensidade de volume muito além de um manejo de solo e de planta, por isso temos que aprender ou nos adaptar aos eventos extremos. Os solos são capazes de armazenar grandes quantidades de água, principalmente, aqui no Planalto", avalia o professor.

A última explanação foi do produtor rural Marcos Fridich, de Ajuricaba. Na safra 2017/2018, ele registrou uma produtividade média de 5.178 kg/ha de soja, enquanto que na safra de milho 2018/2019 a produtividade foi de 11.760 kg/ha.

"Plantas de cobertura não são gastos, são investimentos", comentou o produtor, que possui dois ciclos de plantas de cobertura na lavoura de soja.

Auditório lotado

O auditório central da Expodireto permaneceu lotado durante todo o evento, concluído com homenagens a cinco produtores e técnicos conservacionistas do solo (confira abaixo). O fórum foi acompanhado pelo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Agricultura, Erli Teixeira, que ficou entusiasmado com o seminário.

"Temos que dar os parabéns aos produtores que aderiram ao programa e reabriram suas propriedades aos técnicos da Emater, com isso os agricultores só tem a ganhar com o aumento da produtividade. O Fórum é um sucesso que se consagrou e tem que ter continuidade", disse Teixeira.

O fórum foi organizado pelo grupo gestor do Programa Estadual de Conservação do Solo e da Água, coordenado pela Secretaria Estadual da Agricultura.

Os homenageados:

- Produtor Eliseu Weber e o engenheiro agrônomo Diego Monteiro, de Doutor Maurício Cardoso

- Família Colferai e extensionista José Favretto, de Nova Roma do Sul

- Produtor Laurindo Bernardo Belling e bióloga Cláudia Bernardini, de Manoel Viana

- Produtor Joel Junkherr e técnico agrícola Gilberto Carminatti, de Santa Cruz do Sul

- Produtor Antonio Carlos Frizzo Nemitz e engenheira agrônoma Carla Liriam Nemitz, de Manoel Viana