Escola Superior de Agricultura lança nova edição do Guia Prático de Plantas de Cobertura

E-book traz informações detalhadas sobre 63 espécies de cobertura, 12 a mais que a edição anterior, cultivadas em várias regiões do Brasil

07.08.2024 | 16:14 (UTC -3)
Jornal da USP
Foto: arquivo
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A temática plantas de cobertura está ganhando crescente atenção, tanto no meio acadêmico quanto no campo. Vistas como uma oportunidade de oferecer diversos serviços ecossistêmicos, como estruturação do solo e proteção da superfície do solo, impactam diretamente na economia do produtor ao reduzir a perda de produtividade dos cultivos, explica Felipe Berto, pesquisador da Fundação MT, no prefácio da nova edição revisada e ampliada do Guia Prático de Plantas de Cobertura: Espécies, manejo e impacto na saúde do solo. A obra está disponível para download gratuito no Portal de Livros Abertos da USP.

O livro contém informações detalhadas sobre 63 espécies (12 a mais que a edição anterior, dentre as quais oito misturas de espécies) cultivadas em várias regiões do Brasil, além de incluir capítulos que abordam os aspectos práticos dos benefícios e os desafios na adoção das plantas de cobertura, bem como aspectos de manejo e como posicionar e escolher plantas de cobertura para composição de mixes. “É uma obra técnico-científica que contribui para a desafiadora missão de tornar a nossa agropecuária ainda mais sustentável”, define o professor Carlos Eduardo P. Cerri, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e coordenador do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon) da USP, na apresentação do livro.

Desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Manejo e Saúde do Solo (Soil Health & Management Research Group – Sohma) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, com organização do professor Maurício Roberto Cherubin (na foto), este guia é indispensável para produtores, técnicos, pesquisadores e estudantes que desejam explorar os benefícios das plantas de cobertura na melhoria da saúde do solo, na diversificação de cultivos e na promoção de uma agricultura brasileira mais sustentável. Também é uma importante ferramenta para tomada de decisões seguras sobre a utilização de diferentes plantas de cobertura. 

“A seleção assertiva de plantas de cobertura é imprescindível para auxiliar na melhoria contínua dos sistemas de produção agropecuários, tornando-os ainda mais rentáveis, resilientes e sustentáveis, sobretudo no que se refere às adaptações e mitigações da agricultura e pecuária frente às mudanças climáticas globais”, destaca o professor Cerri, acrescentando que, dentro desse contexto, o guia está diretamente alinhado com os propósitos do CCarbon, que tem como missão desenvolver soluções e estratégias inovadoras em agricultura tropical sustentável, baseada em carbono, para mitigar as mudanças climáticas e melhorar os padrões e condições de vida. 

Os desafios 

Há grandes desafios para facilitar a aceitação do uso de plantas de cobertura por parte dos produtores, já que existem muitas dúvidas sobre esse tema. Entre elas: Quais os benefícios x malefícios para o sistema produtivo? Qual planta de cobertura e qual população para cada realidade? E quando se utiliza o mix e/ou consórcio, essas dúvidas se intensificam, por isso a necessidade de informação prática e aplicada, como destaca Felipe Berto. 

Além disso, há a questão financeira. Segundo o pesquisador, dependendo do preço das commodities e do custo de produção, associado à instabilidade climática, os produtores têm mapeado com cautela o risco de investimento nos cultivos comerciais. “Quando o risco é alto, tem-se optado por plantas de cobertura para não deixar as áreas  em pousio durante a entressafra. Por fim, a produção de sementes de plantas de cobertura vem ganhando destaque como uma forma de diversificação de renda da fazenda”, afirma. 

As espécies

Entre as 63 espécies presentes no guia, está o amendoim forrageiro, utilizado em pastagens devido à alta produção de biomassa de qualidade nutricional, por ser uma excelente planta de cobertura em sistemas consorciados, contribuindo para a redução de pragas e plantas daninhas, além de melhorar a fertilidade do solo; e o andopogon, também conhecido pelo nome popular de capim-gambá, amplamente utilizado na formação de pastagens e na recuperação de áreas degradadas devido à sua resistência a queimadas, capacidade de rebrota rápida em períodos de seca e boa aceitação por bovinos, ovinos, caprinos e equinos. 

Ou ainda o calopogônio, ou feijão-sagu, que se destaca pela fixação biológica de nitrogênio, melhoria da fertilidade do solo, controle de plantas daninhas devido à alta biomassa, melhoria da estrutura do solo e prevenção de erosão; e o crambe, que pode ser utilizado como planta de cobertura devido à sua rusticidade, tolerância a baixas temperaturas  e resistência à seca, sendo empregado na produção de óleo industrial – suas raízes profundas descompactam o solo, melhorando sua estrutura  e porosidade, especialmente em sistemas de plantio direto, além de contribuir com a supressão de pragas pela rápida cobertura do solo, que inibe o crescimento de plantas daninhas e alguns patógenos, e atração de polinizadores.

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