Encontro Técnico do Milho Verde reúne produtores na CeasaMinas

​Produtores e beneficiadores de milho verde se reuniram em Contagem-MG, na última sexta-feira, 28 de julho, para participar do Encontro Técnico da Cultura do Milho Verde

04.08.2017 | 20:59 (UTC -3)
Sandra Brito

Produtores e beneficiadores de milho verde se reuniram no auditório Minas Bolsa, das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), em Contagem-MG, na última sexta-feira, 28 de julho, para participar do Encontro Técnico da Cultura do Milho Verde.

O evento, realizado em homenagem ao dia do produtor rural, comemorado em 25 de julho, foi promovido pelo Escritório de Negócios da Embrapa Produtos e Mercadode Sete Lagoas e teve o apoio da Embrapa Milho e Sorgo e da CeasaMinas.

Participaram do encontro estudantes, técnicos da CeasaMinas e profissionais do agronegócio e da cadeia produtiva do milho verde. Segundo Samuel Abreu, analista da Embrapa, o principal objetivo do encontro foi transferir conhecimentos técnicos sobre a cultivar de milho da Embrapa BRS 3046 e colocar os produtores em contato com as empresas licenciadas pela Embrapa para comercializar as sementes desta cultura.

O engenheiro agrônomo Joaquim Alvarenga, chefe da seção de Agroqualidade da CeasaMinas falou sobre o mercado de milho verde. Ele disse que o milho verde é uma hortaliça que tem uma demanda crescente de comercialização. “Os mercados tradicionais que demandam o milho verde da Ceasa são os atacadistas da casa, supermercados, sacolões, restaurantes e cozinhas industriais, pequeno varejo, e a indústria de conserva. Há também os grandes distribuidores, um nicho de mercado que está crescendo muito”, considerou.

Ele ressaltou que as grandes redes distribuidoras já estão fazendo o serviço de mercado e compram a produção em grande escala, de grandes produtores. “Por isso, orientamos os pequenos produtores da CeasaMinas de Contagem e de Uberlândia a se organizarem em associações e cooperativas”, disse.

A Unidade Contagem da CeasaMinas recebe milho verde procedente de 69 municípios mineiros. O preço médio do quilo do milho em reais aumentou quase 50% no período de 2012 a 2016. De R$ 0,50, em janeiro de 2012, para R$ 1,05 em 2016. “Para conquistar o mercado é preciso ter qualidade, oferta constante, preço, bom atendimento e marca própria”, afirmou Alvarenga.

Em seguida, o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, falou sobre o Controle Biológico de Pragas para o cultivo do milho verde. Ele considerou que as principais preocupações técnicas dos produtores são alta produtividade, alta qualidade, lucratividade e preços competitivos. Ele enfatizou, também, que a produção sem defensivo permite agregar maior valor ao produto.

“Há uma preocupação muito grande em ter boa produtividade e usar menos produtos químicos. Vamos propor a validação de um sistema de produção de milho verde, com o controle biológico das pragas consideradas chaves. São tecnologias que a Embrapa já tem difundido, seja por meio da utilização de insetos benéficos (agentes de controle biológico natural), ou pelo uso de inseticidas microbianos, como aquele à base de Baculovírus (Baculovirus spodoptera) contra a lagarta-do-cartucho. A utilização, por exemplo, da vespa Trichogramma é muito importante para o produtor de milho verde, pois atua nos ovos das principais pragas; a primeira e bem conhecida é a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), que inicia seu ataque nas pequenas plantas e persiste até a espiga do milho, que é o produto comercializável; a outra praga de grande importância para o milho verde é a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea e H. armigera)”, disse Cruz.

O pesquisador explicou que ao ser liberada na área de produção de milho verde, em substituição ao defensivo, a vespa Trichogramma, que já é disponível no mercado brasileiro, além de reduzir significativamente a presença das pragas principais, não afeta os outros insetos benéficos. “Estes insetos benéficos, no conjunto, mantêm as demais pragas sob controle. Atuam em favor do agricultor! O uso do controle biológico visa agregar valor ao produto final”, afirmou Ivan Cruz.

Cultivar de milho verde BRS 3046

A apresentação do sistema de produção e dos aspectos técnicos da cultivar de milho BRS 3046 foi feita pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Israel Alexandre Pereira Filho.

Ele ressaltou que o milho verde BRS 3046 apresenta ótima uniformidade e padrão de espigas, quanto ao tamanho e à aparência, com e sem palha. A cultivar proporciona também maior produção de massa e de palhas.

O BRS 3046 pode ser cultivado durante o ano inteiro. E tem uma flexibilidade para ser usado tanto para a fabricação de pamonhas como para o consumo de milho cozido, com excelente rendimento. Outra característica relevante é apresentar maior tempo de durabilidade para bandeja e consumo in natura.

Quanto ao manejo, Israel chamou atenção para espaçamento, densidade da semeadura e janela de colheita. “O espaçamento precisa ser adequado para permitir a melhor captação de luz solar, propiciar melhor aproveitamento de água e fertilizantes e facilitar a operação de colheita, que é realizada na sua totalidade de forma manual. Já a densidade da semeadura é importante para determinar tamanho e diâmetro da espiga, pois a produção é definida pelo número de espigas por hectare”, disse.

“É importante, também, observar a janela de colheita. O período em que as espigas permanecem no ponto, sem perder as características de milho verde, ou seja, os grãos devem estar com até 80% de umidade”, frisou.

Segundo Israel, o aspecto da espiga influencia na demanda do mercado consumidor. “O mercado valoriza espigas sadias e bem empalhadas e com palhada de cor verde escura, o que indica que as espigas são frescas. E quando descascadas, as espigas devem apresentar grãos amarelos claros e sabugos claros e finos”, pontuou.

Já na comercialização do produto, o tempo de prateleira precisa ser observado. “É o período em que as espigas semiprocessadas, em bandejas de isopor ou outro material, permanecem nas gôndolas. Nesse período, para não haver deterioração, a temperatura ideal é de 7 a 10 °C”, afirmou.

Compareceram também ao evento representantes das empresas Plantmax e Mhatriz, produtoras de sementes credenciadas pela Embrapa. O diretor da Plantmax, Luiz Carlos A. de Castro, informou que eles atuam com revendas no Brasil, Paraguai e Equador. “Para este ano, a expectativa de produção de sementes do BRS 3046 é de 300 toneladas. Vamos trabalhar com a sacaria de 20 kg e de 5 kg, para facilitar a compra pelo pequeno produtor”, informou Castro.

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