Após a avaliação de mais de mil materiais de batata, em dois anos de trabalho, pesquisadores da Embrapa Hortaliças (Brasília – DF) conseguiram identificar 34 clones resistentes à murcha bacteriana e com outras características desejáveis em uma cultivar para indústria e para mesa. Esse resultado será compartilhado em reunião técnica do Programa de Melhoramento de Batata da Embrapa, que ocorre em 24 de outubro, em Holambra (SP), antecedendo o XV Encontro Nacional da Batata, promovida pela Associação Brasilieira de Batata e parceiros, de 25 a 27.
Realizada pelos pesquisadores Carlos Lopes, Agnaldo Carvalho, Paulo Melo e Carlos Ragassi, esse resultado é decorrente do projeto sobre uso sustentável de progenitores silvestres de batata e desenvolvimento de uma coleção básica de pré-melhoramento com características relacionadas às mudanças climáticas. O projeto internacional é liderado pelo Centro Internacional de Batata (CIP – Peru) em parceria com a Embrapa Hortaliças e Clima Temperado (Pelotas – RS) e o Instituto Nacional de Investigação Agrária do Uruguai (INIA).
Entre os objetivos da pesquisa de pré-melhoramento estava o de encontrar clones resistentes à murcha bacteriana, causada pela bactéria Ralstonia solanacearum, que é nativa em solos brasileiros e chega a inviabilizar áreas de cultivo pelos danos que causa. Esse é um dos principais problemas da batata principalmente em condições de altas temperaturas, o que pode se agravar com o aquecimento global.
“A ideia é incorporar genes de resistência à doença e, ao mesmo tempo, reduzir os aspectos negativos de adaptação e de características de qualidade, estas muito frequentes em fontes de resistência advindas de espécies silvestres”, explica Lopes. Os materiais avaliados foram provenientes de cruzamentos realizados no INIA.
Dez mais: Dos 34 clones selecionados pela equipe do projeto, os pesquisadores Carlos Lopes e Agnaldo Carvalho selecionaram os dez mais promissores com base nas características de resistência à murcha, formato e produtividade. Esse grupo de clones “elite” foi enviado ao programa de melhoramento, cuja coordenação é da Embrapa Clima Temperado (Pelotas – RS). Fazem parte ainda do programa pesquisadores da Embrapa Hortaliças e Embrapa Produtos e Mercado.
Carlos Lopes explica ainda que esses clones vão passar por um tratamento para a limpeza clonal (eliminação de vírus e outros patógenos), por meio de cultura de tecidos, e depois serão encaminhados aos membros do projeto para uso em cruzamentos visando o desenvolvimento de cultivares.
Reunião: Os integrantes do projeto internacional estiveram reunidos na Embrapa Hortaliças, em setembro último, para discutirem os trabalhos que se encontram em fase final. A expectativa da equipe é obter a prorrogação do projeto para tentar alcançar cultivares com características agronômicas ideais para o cultivo em temperaturas mais altas e que atenda às exigências das indústrias e do mercado em geral.