Nos dias 24 e 25 de julho a Embrapa Rondônia e parceiros realizaram curso teórico e prático sobre o Sistema de Produção de Banana para produtores e técnicos em Alto Paraíso, no Vale do Jamari, em Rondônia. O município vem se consolidando como um dos importantes polos produtores de banana no estado. A proximidade da região com o principal mercado consumidor de Rondônia, que é Porto Velho, tem estimulado a ampliação e a melhoria dos plantios da região. “O incremento do uso de tecnologias é fundamental para a melhoria da eficiência na produção e, consequentemente, melhores rendas e qualidade de vida para os produtores”, explica o analista da Embrapa Rondônia, Francisco Correa.
Rondônia possui a segunda maior área cultivada com banana na região Norte, com cerca de 9 mil hectares. Mas, apresenta baixa produtividade, com 8,7 toneladas por hectare, ficando distante da média nacional, que é de 14,3 toneladas por hectare. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2017), nos últimos dez anos não houve incremento de produtividade da fruta no estado, o que pressupõe uma estagnação no padrão tecnológico.
Neste contexto, o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Davi Oliveira, afirma que essa capacitação ofereceu aos participantes práticas de cultivo que, quando adotadas, podem elevar a eficiência produtiva dos bananais, aumentando o padrão tecnológico da produção da banana no estado. “Ações como esta também mantêm os técnicos em interação com as bases de dados e publicações da Embrapa sobre a cultura da banana, o que ajuda na constante atualização das práticas em campo”, comenta Oliveira.
Para o técnico da Emater-RO, de Alto Paraíso, Marcos da Silva Ribeiro, o curso foi proveitoso. “Pra mim foi uma boa reciclagem, pois vai melhorar nas assistências aos produtores e nas identificações de doenças e pragas no campo”
O curso
Os participantes puderam ver, na teoria e na prática, durante as 12 horas do curso, as principais ações recomendadas pelo Sistema de Produção de Banana, com destaque para as questões relacionadas à eficiência da atividade, que são o controle de pragas e doenças da bananeira, assim como mercado, comercialização e outros. Assuntos que foram abordados pela equipe da Embrapa Rondônia: José Nilton Medeiros, Davi Melo de Oliveira e Francisco de Assis Correa.
A novidade apresentada a foi o Desperfilhador de bananeira por roto-compressão, também conhecido como “Nova Lurdinha”, ou "Desbrotador de banana". O aparelho facilita a vida do produtor, prologando a vida útil do bananal. Desenvolvido pela Embrapa Amazônia Ocidental, o dispositivo substitui a tradicional “Lurdinha”. O Desperfilhador reduz em 20% o tempo de operação, quando comparado à “Lurdinha”, e apresenta eficiência de quase 100% na remoção dos brotos, ou seja, não ocorre a rebrota. Assim, evita-se o retrabalho e aumenta o intervalo entre as desbrotas.
A bananeira produz muitos brotos, o que leva ao número excessivo de plantas por touceira, competindo entre si, interferindo negativamente no tamanho dos frutos, o que acarreta redução da produção. O público pode ver este dispositivo em ação durante o Dia de Campo. O equipamento pode ser encontrado no mercado brasileiro. Duas empresas estão licenciadas para fabricar e comercializar o produto: a Marcassio, de Atalanta (SC), e a Authomathika, de Sertãozinho (SP).
Bananicultura em Rondônia
A banana é a fruta mais popular do mundo, com produção anual de 70 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro maior produtor, com 6,67 milhões de toneladas por ano. Segundo dados de 2019 do IBGE, Rondônia é o quarto maior estado produtor de banana da Região Norte. A cultura é uma das principais fontes de renda da agricultura familiar rondoniense, consolidando-se como o quarto produto agrícola com maior valor bruto de produção (VBP) de Rondônia, cujo valor estimado para 2019 é de 225 milhões de reais. Conforme resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017, existem no estado cerca de 3 mil estabelecimentos produtores de banana, considerando somente aqueles com mais de 50 pés plantados. Neste ano a produção estadual foi de 76 mil toneladas, sendo os principais municípios produtores Buritis, Porto Velho, Jaru e Cacoal.
Realização e parcerias
Este curso faz parte do projeto Tecnologias sustentáveis para o fortalecimento da fruticultura na Amazônia – TECFRUTI, da Embrapa. É uma iniciativa do Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), financiado pelo Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As ações estão sendo desenvolvidas nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. O curso sobre o Sistema de Produção de Banana em Alto Paraíso contou também com o apoio da Secretaria de Estado da Agricultura – Seagri e Emater-RO.