Embrapa apresenta estudos sobre mosca-da-carambola na Áustria

Pesquisadora do Amapá participa do evento que reúne cientistas de 19 países

19.07.2019 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

A Embrapa representa o Brasil na reunião técnica promovida pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizada de 15 a 19 de julho, em Viena (Áustria), sobre as iniciativas de combate à moscas-das-frutas do gênero Bactrocera. Uma delas é a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), praga quarentenária presente no Brasil. Ou seja, possui importância econômica potencial para uma área em perigo, mas sem ampla distribuição. A presença da mosca-da-carambola está restrita aos estados do Amapá, Pará e Roraima, e está sob controle oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Durante o evento em Viena, cientistas de 19 países apresentam dados e avaliam a aplicação simultâneada técnica de aniquilação de machos (MAT) por meio da utilização do atrativo químico metil eugenol, e da técnica do inseto estéril (SIT), criação e liberação em massa de insetos machos, esterilizados por radiação ionizante para diferentes espécies do gênero Bactrocera.

A pesquisadora da Embrapa no Amapá, Dra Cristiane Ramos de Jesus, que participa de todo o evento, tem a missão de atualizar os participantes sobre o andamento de um projeto financiado pela IAEA no Amapá. “Apresentei o projeto da pesquisa sobre o efeito de semioquímicos no comportamento sexual da mosca-da-carambola e na atração ao metil eugenol, o plano de trabalho para os próximos 18 meses e as metas previstas para o período total das atividades, que é de cinco anos”, afirmou Jesus. Foram destinados 30 mil euros para este projeto, previsto para apresentar resultados anualmente por um período de cinco anos.

A IAEA é uma organização intergovernamental sediada em Viena, Áustria, considerada o centro internacional de cooperação no campo nuclear, visando a promoção segura e pacífica as tecnologias nucleares. A IAEA e a FAO trabalham em parceria para instruir e colaborar com os países membros, a utilizarem essas tecnologias de maneira segura e apropriada.

Esforço preventivo

O Ministério da Agricultura estima que, se a mosca-da-carambola ficar fora de controle no Brasil, poderá gerar um prejuízo potencial de US$ 30,7 milhões no ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhões no terceiro ano de infestação. O esforço é preventivo para evitar a entrada da mosca-da-carambola em áreas do Brasil produtoras e exportadoras de frutas, evitando prejuízos em torno de R$ 400 milhões anuais, no caso de as exportações de manga, laranja e goiaba serem suspensas, por exemplo.

A mosca-da-carambola não atinge somente o fruto da caramboleira. Um total de 21 espécies vegetais hospedeiras da praga foram registradas no Brasil pela Embrapa. Os estudos da Embrapa são realizados em apoio ao Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC), coordenado pelo Mapa, e atendem ao objetivo de promover pesquisa para segurança biológica e defesa zoofitossanitária da agropecuária e produção florestal brasileira.

Mosca-da-carambola: barreira fitossanitária nas exportações

A origem do inseto é o Sudeste Asiático, sendo considerada espécie invasora no Brasil, Suriname, República da Guiana e Guiana Francesa. Os danos ocorrem em várias frentes. O ataque da mosca-da-carambola é uma ameaça de perda da produção, pois os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem precocemente, ou seja, o produtor tem perda direta. Além disso, as medidas para o controle da praga acabam aumentando os custos da produção e a depreciação do fruto infestado implica menor valor comercial e frutos que se conservam menos tempo na prateleira, porque apodrecem precocemente. No Brasil, a mosca-da-carambola foi registrada em 1996 em Oiapoque, município do extremo norte do Amapá, oriunda da Guiana Francesa.


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