Emater/RS-Ascar anuncia expectativas para safra de inverno

Levantamento foi realizado na primeira quinzena de abril em municípios do RS que produzem trigo, cevada, canola e aveia

31.05.2019 | 20:59 (UTC -3)
Adriane Rodrigues/Emater/RS-Ascar

Enquanto os produtores gaúchos aceleram os preparativos para a implantação das culturas de inverno no Rio Grande do Sul, como busca por crédito para financiamento das lavouras, a Emater/RS-Ascar apresenta o primeiro levantamento com relação à intenção de plantio da safra 2019 no Rio Grande do Sul. Esse levantamento foi realizado na primeira quinzena de abril em 246 municípios gaúchos (89% da área) que produzem trigo, 62 municípios (90%) produtores de cevada, 78 municípios (86,41%) produtores de canola e 139 municípios (80%) produtores de aveia no Estado e divulgado na quinta-feira (30/05) através do Informativo Conjuntural.

Para esta safra de inverno, estimativas indicam que a área de trigo terá um aumento de 4,12%, passando de 710.158 ha na safra passada, de acordo com o IBGE, para 739.404 ha. Apesar do incremento tecnológico empregado na cultura ano a ano, a produtividade nesta safra reduzirá em -11,21%, ficando em 2.192 kg/ha, contra os 2.469 kg/ha na safra de 2018. Nesse sentido, a produção de trigo do RS também diminuirá de 1.753.099 toneladas para 1.620.894 toneladas, registrando um decréscimo -7,54%.

Atualmente, a pouca luminosidade e o clima chuvoso e úmido estão atrasando o plantio do trigo nas regiões Noroeste e Missões, onde já foram plantados 8% da área estimada para esta safra. Nas Missões, esse percentual é menor, devido ao fato de o período preferencial do zoneamento agroclimático ocorrer nas próximas semanas. As áreas implantadas na região Celeiro estão apresentando boa emergência, mas com coloração amarelada devido à falta de luminosidade e alta umidade.

As oscilações climáticas, especialmente pelo excesso de chuva nas fases reprodutiva e de formação de grãos, são um dos motivos para a diminuição da produção de trigo nos últimos anos no RS. Em 2013, considerada a maior safra já colhida pelo Estado, foram produzidas 3.351.150 toneladas de trigo, conforme dados do IBGE. De acordo com o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Paulo Rugeri, essa tendência de queda há alguns anos se confirma, em razão também dos custos de produção e preços pouco atrativos para o grão, “até porque os estoques mundiais estão altos e o consumo diminui a cada ano”, avalia. Um dos desafios para inverter essa tendência, segundo o dirigente, é a segregação das variedades de trigo, o que vai garantir uma produção capaz de atender às demandas de mercados específicos para o cereal.

Outros grãos

A aveia branca grão também apresenta expectativa de aumento de área de 5,28% para esta safra, passando para 299.866 ha (em 2018 foram cultivados 284.826 ha). Já a produtividade e a produção têm projeções de redução de -9,02% e de -4,22%, respectivamente, atingindo, conforme estimativas iniciais da Emater/RS-Ascar, 2.006 kg/ha, e uma produção de 601.532 toneladas de aveia para o RS.

Com o retorno das condições ideais de umidade no solo, houve avanço significativo na implantação da cultura. Nas regiões do Alto Jacuí, Celeiro e Noroeste Colonial, a área implantada é maior do que a prevista, mas com finalidades diversas: confecção de silagem, grãos para comercialização e grãos para alimentação animal. As lavouras implantadas apresentam crescimento rápido, estiolamento das plantas e amarelecimento das folhas basais. Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, o plantio da aveia branca está finalizado, no entanto, além do ataque de lagartas, há incidência de doenças foliares nas lavouras, causada pelo excesso de umidade, que refletirão na produtividade da cultura.

A cevada também apresenta, neste primeiro momento, intenção de aumento de área de 1,44%, passando para 42.414 ha. A produtividade esperada para esta safra é de -7,16%, ficando em 2.073 kg/ha, o que se refletirá na diminuição de produção de -5,82% para esta nova safra, que está em implantação nas principais regiões produtoras do Estado, e deverá atingir 87.929 toneladas, contra as 93.362 toneladas na safra passada.

Nas regiões do Alto Jacuí, Celeiro e Noroeste Colonial, as primeiras lavouras implantadas apresentam boa emergência. Há aumento de área cultivada destinada à matéria-prima de ração para alimentação do rebanho leiteiro. Principal compradora de cevada cervejeira, a Ambev está buscando ampliar a área cultivada na região Serrana. Os produtores ainda estão definindo a área, que deverá aumentar. A semeadura na região da Serra inicia em junho e se estende até o final de julho.

Já a canola terá redução de área de -2,42%, diminuindo as expectativas de produtividade em -6,56% e, consequentemente, de produção de -8,84%, projetando para esta safra uma produção de 41.238 toneladas de canola, sendo que na safra de 2018 foram produzidas 45.239 toneladas, ainda de acordo com dados do final de safra do IBGE.

Nas regiões do Alto Jacuí, Celeiro e Noroeste Colonial, as lavouras de canola estão com boa emergência e desenvolvimento inicial rápido, com bom estande de plantas e porte aproximado de cinco centímetros de altura. Produtores esperam bons rendimentos com o investimento de variedades com maior potencial produtivo. Não há ataque de pragas no desenvolvimento inicial das plantas. Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, já foram semeados 67% da área prevista para a canola, que se encontram em germinação e desenvolvimento inicial. Durante a semana, a semeadura foi retomada e deverá ser concluída nos próximos dias. A elevação dos preços, que acompanha os praticados pela soja, deve impulsionar o cultivo do grão na região, aumentando a expectativa da área cultivada.

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