Em meio a epidemia do coronavírus, começa a colheita da noz-pecã no RS

Maior compradora de noz-pecã do Brasil ressalta a importância das parcerias locais para manter a operação contínua do negócio rural

13.04.2020 | 20:59 (UTC -3)
Emerson Alves

Com o início da colheita de noz-pecã no Rio Grande do Sul em abril, a expectativa é de movimentação intensa nos pomares a partir das próximas semanas. As nogueiras são cultivadas em cerca de oito mil hectares nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o que coloca o Brasil como quarto maior produtor mundial do fruto. O solo e o clima temperado do Sul do Brasil são ideais para o cultivo da planta.

Enquanto nos pomares os frutos estão em fase final de maturação, na indústria os preparativos de higiene e prevenção estão sendo finalizados, para o início da seleção e processamento dos frutos colhidos.

O Diretor da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Seca (ABNC), Edson Ortiz destaca que o cenário é delicado em todo mundo, porém é necessário que algumas atividades sigam funcionando, mas com todos os cuidados recomendados pela OMS. Ortiz, que também é diretor da Divinut, maior compradora de noz-pecã da América do Sul, ressalta que o momento é de reforçar as parcerias locais.

“Vivemos momentos de incertezas onde nunca foi tão importante a parceria e a fidelidade nas relações. Precisamos usar estratégias para garantir uma operação contínua do negócio rural. Ao negociar com os nossos clientes oferecemos a certeza de que sempre poderá contar com conosco”, afirma o dirigente.

Com sede em Cachoeira do Sul, onde possui o maior viveiro de mudas de nogueira-pecã em raiz coberta do mundo, a Divinut é uma das grandes beneficiadoras do fruto do Brasil, com ampla variedade de opções de frutos inteiros, aos pedaços, doces e salgados.

“Atendemos o mercado do centro do país e internacional, a demanda é certa, por isso conseguimos oferecer uma remuneração muito vantajosa para o produtor. Contamos com os melhores preços do mercado para frutos de qualidade”, garante Ortiz. Entre os fatores que podem afetar o preço, estão a umidade, a presença de impurezas e o aproveitamento da polpa em relação à espessura da casca.

Atuando há duas décadas em um mercado que cresce de 20% a 30% ao ano, a expectativa da Divinut é ampliar a atuação nos três estados do Sul, onde já conta com mais de 1.400 fornecedores cadastrados. Além da compra da produção, o Sistema Divinut de Parceria também assegura aos produtores rurais assistência continuada em todas as etapas, planejamento do plantio, mudas registradas e aperfeiçoamento da produção.

“Temos condições de atender muito bem produtores de noz-pecã em regiões tão diferentes como Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, Chapecó, no Oeste Catarinense, Cascavel, no Paraná e os municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre”, finaliza.

Panorama da safra 2020

O Brasil, que há pouco se tornou o 4º maior produtor de noz-pecã do mundo, deve registrar uma safra da fruta menor em 2020. O motivo, seriam as horas de frio a menos do que as nogueiras precisam, somado a muita chuva no período de polinização nos meses de setembro e outubro, seguida da estiagem na hora do enchimento do grão. Tudo isso, deve se refletir nos números finais da safra, como explica Ortiz.

“A safra de 2019, que chegou a 3.500 toneladas, colocou o Brasil no ranking mundial da produção da fruta, atrás apenas México, EUA e África do Sul. No entanto, a sazonalidade da cultura e outros fatores devem baixar a produtividade”, afirma.

De acordo com dados da Secretaria de Agricultura do RS, a área cultivada no estado é de 6,5 mil hectares. Devido a essa alternância na produtividade, a safra de 2021 deve apresentar melhores resultados, com um manejo mais criterioso e planta e solo mais equilibrados. Atualmente o Rio Grande do Sul é o maior produtor e beneficiador de noz-pecã do Brasil.

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