Em março, IBGE prevê safra de 298,3 milhões de toneladas para 2024

A área a ser colhida é de 77,7 milhões de hectares, declínio de 0,2% frente à área colhida em 2023

11.04.2024 | 14:50 (UTC -3)
IBGE

Em março, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2024 deve totalizar 298,3 milhões de toneladas, 5,4% menor que a obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas), com redução de 17,1 milhões de toneladas; e 0,8% abaixo da informada em fevereiro, com decréscimo de 2,3 milhões de toneladas. A área a ser colhida é de 77,7 milhões de hectares, declínio de 0,2% frente à área colhida em 2023, com decréscimo de 125,5 mil hectares, e queda de 0,4% (286,0 mil hectares) em relação a fevereiro.

O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos, somados, representam 91,6% da estimativa da produção e respondem por 87,0% da área a ser colhida. Frente a 2023, houve acréscimos de 11,1% na área a ser colhida do algodão herbáceo (em caroço), de 4,5% na do arroz em casca, de 7,0% na do feijão e de 2,3% na da soja, ocorrendo declínios de 5,8% na área do milho (reduções de 8,2% no milho 1ª safra e de 5,1% no milho 2ª safra), de 6,6% na do trigo e de 4,4% na do sorgo.

Em relação à produção, houve acréscimos de 8,0% para o algodão herbáceo (em caroço), de 1,7% para o arroz, de 11,1% para o feijão e de 28,3% para o trigo, e decréscimos de 3,3% para a soja, de 12,6% para o sorgo e de 11,4% para o milho (reduções de 13,2% no milho de 1ª safra e de 10,9% no milho de 2ª safra).

A estimativa de março para a soja foi de 146,9 milhões de toneladas. Quanto ao milho, a estimativa foi de 116,1 milhões de toneladas (24,1 milhões de toneladas de milho na 1ª safra e 92,1 milhões de toneladas de milho na 2ª safra). A produção do arroz foi estimada em 10,5 milhões de toneladas; a do trigo em 9,9 milhões de toneladas; a do algodão herbáceo (em caroço) em 8,4 milhões de toneladas; e a do sorgo, em 3,8 milhões de toneladas. 

A estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou variação anual positiva para duas Grandes Regiões: a Sul (9,3%) e a Norte (1,7%). Houve variação anual negativa para as demais: a Centro-Oeste (-13,0%), a Sudeste (-8,8%) e a Nordeste (-4,2%). Quanto à variação mensal, apresentou crescimento a Nordeste (0,1%), enquanto as demais apresentaram declínio: a Sudeste (-0,1%), a Sul (-0,9%), a Região Norte (-0,4%) e a Centro-Oeste (-1,0%). 

Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 28,2%, seguido pelo Paraná (13,7%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,4%) e Minas Gerais (5,7%), que, somados, representaram 79,5% do total. Com relação às participações regionais, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (47,0%), Sul (29,2%), Sudeste (9,4%), Nordeste (8,7%) e Norte (5,7%).

Destaques na estimativa de março de 2024 em relação ao mês anterior

Em relação a fevereiro, houve aumentos nas estimativas da produção da cevada (12,3% ou 50 800 t), do feijão 2ª safra (7,7% ou 110 996 t), da aveia (4,6% ou 53 289 t), da batata 1ª safra (3,8% ou 63 498 t), do trigo (3,3% ou 318 624 t), do café canephora (3,2% ou 34 857 t), da mandioca (2,5% ou 452 555 t), do algodão herbáceo - em caroço (2,3% ou 189 713 t), do sorgo (1,7% ou 61 620 t), do café arábica (0,6% ou 14 750 t), do milho 2ª safra (0,3% ou 265 092 t) e da batata 2ª safra (0,1% ou 1 283 t), e declínios nas estimativas de produção da uva (-9,9% ou -158 996 t), do milho 1ª safra (-4,0% ou -1 012 597 t), da soja (-1,6% ou -2 352 380 t), do feijão 1ª safra (-1,5% ou 15 460 t) e do feijão 3ª safra (-1,0% ou -7 012 t).

Entre as Grandes Regiões, o volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou a seguinte distribuição: Centro-Oeste, 140,2 milhões de toneladas (47,0%); Sul, 87,3 milhões de toneladas (29,2%); Sudeste, 28,0 milhões de toneladas (9,4%); Nordeste, 25,8 milhões de toneladas (8,7%) e Norte, 17,1 milhões de toneladas (5,7%).

As principais variações absolutas positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram em Mato Grosso (240 586 t), em Goiás (156 386 t), no Paraná (141 300 t), no Maranhão (55 899 t), no Ceará (19 910 t), na Bahia (19 500 t), no Amazonas (8 851 t) e no Rio de Janeiro (3 139 t). As variações negativas ocorreram em Mato Grosso do Sul (- 1 775 783 t), em Santa Catarina (-518 216 t), no Rio Grande do Sul (-451 490 t), no Distrito Federal (-80 700 t), em Rondônia (-80 161 t), no Piauí (-71 618 t), em Minas Gerais (-16 155 t), no Espírito Santo (-1 069 t) e no Amapá (-28 t).

Algodão herbáceo (em caroço) – a estimativa para a produção de algodão é de 8,4 milhões de toneladas, acréscimo de 2,3% em relação ao mês anterior, devido ao crescimento na área plantada. Em relação a 2023, o aumento na produção é de 8,0%, com a área plantada crescendo 11,1%. A produtividade das lavouras deve retrair 2,8% em relação à safra passada. Com essa previsão, o país deve colher mais um recorde na produção de algodão. 

Batata-inglesa – a batata é cultivada em três épocas distintas no Brasil: verão (1ª safra), outono (2ª safra) e inverno (3ª safra), com as lavouras exigindo clima adequado, boa disponibilidade de água durante o ciclo produtivo e rigoroso controle de pragas e doenças. A produção, considerando-se as três safras do produto, deve alcançar 4,2 milhões de toneladas, aumento de 1,6% em relação à estimativa de fevereiro. 

A 1ª safra deve contribuir com 41,6% do total de batata a ser produzido no ano. A produção estimada foi de 1,7 milhão de toneladas, aumento de 3,8% em relação à estimativa de fevereiro. A 2ª safra, que representa 32,6% da produção total, foi estimada em 1,4 milhão de toneladas, 0,1% maior que a estimativa de fevereiro. Para a 3ª safra, a estimativa de produção foi de 1,1 milhão de toneladas, sendo mantida a previsão de fevereiro. 

Café (em grão) - a produção brasileira, considerando-se as duas espécies, arábica e canephora, foi estimada em 3,6 milhões de toneladas, ou 60,2 milhões de sacas de 60 kg, acréscimos de 1,4% em relação ao mês anterior e de 5,6% em relação a 2023. O rendimento médio, de 1 856 kg/ha, por sua vez, aumentou 1,1% no comparativo mensal e 4,2% no anual. 

Para o café arábica, a produção estimada foi de 2,5 milhões de toneladas, ou 41,2 milhões de sacas de 60 kg, aumentos de 0,6% em relação a fevereiro e de 4,5% em relação ao ano anterior. Para a safra do corrente ano, se aguarda uma bienalidade positiva, portanto, um aumento da produção em relação ao ano anterior. 

Para o café canephora, a estimativa da produção foi de 1,1 milhão de toneladas ou 18,9 milhões de sacas de 60 kg, acréscimos de 3,2% em relação ao mês anterior, devido ao aumento de 2,6% no rendimento e crescimento de 0,6% na área colhida. Em relação a 2023, a produção deve aumentar 8,1%, resultado dos crescimentos de 6,2% no rendimento médio e de 1,8% na área colhida. 

Cereais de inverno (em grão) – os principais cereais de inverno produzidos no Brasil são o trigo, a aveia branca e a cevada. Com relação ao trigo (em grão), a produção deve alcançar 9,9 milhões de toneladas, aumentos de 3,3% em relação à estimativa de fevereiro e de 28,3% em relação a 2023, quando o Brasil, apesar de inicialmente aguardar uma safra recorde do cereal, teve sua expectativa frustrada em decorrência de uma série de problemas climáticos, que prejudicou as lavouras na Região Sul. 

A produção da aveia (em grão) foi estimada em 1,2 milhão de toneladas, aumentos de 4,6% em relação a fevereiro e de 35,5% em relação a 2023. O rendimento médio apresentou crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior e de 32,8% em relação a 2023, quando o clima adverso prejudicou as lavouras de aveia na Região Sul do país. Os maiores produtores do cereal são o Rio Grande do Sul, com 849,9 mil toneladas, aumentos de 0,2% em relação a fevereiro e de 45,6% em relação ao volume colhido em 2023; e Paraná, com 298,9 mil toneladas, aumentos de 20,8% em relação a fevereiro e de 20,9% em relação a 2023. 

Para a cevada (em grão), a produção estimada foi de 462,7 mil toneladas, aumentos de 12,3% em relação a fevereiro e de 21,9% em relação ao ano anterior. O rendimento médio apresenta crescimento de 26,0% em relação ao mês anterior e de 21,9% em relação a 2023, quando o clima adverso prejudicou as lavouras de aveia na Região Sul. Os maiores produtores de cevada são o Paraná, com 328,8 mil toneladas, aumentos de 18,3% em relação ao mês anterior e de 18,4% em relação a 2023, e Rio Grande do Sul, com 110,5 mil toneladas, aumento de 39,7% em relação ao que foi produzido em 2023. Esses estados devem ser responsáveis por 95,0% da produção brasileira de cevada em 2024. 

Feijão (em grão) – a estimativa da produção de feijão para 2024, considerando-se as três safras, deve alcançar 3,3 milhões de toneladas, crescimentos de 2,8% em relação ao mês anterior e de 11,1% em relação a 2023. Essa produção deve atender ao consumo interno brasileiro, em 2024, possivelmente não havendo necessidade da importação do produto. 

A estimativa de produção da 1ª safra de feijão foi de 1,0 milhão de toneladas, uma redução de 1,5% frente à estimativa de fevereiro; o rendimento médio esperado foi 1,6% menor e a área a ser colhida permaneceu inalterada. Destaques positivos para o Ceará, que aguarda um crescimento de 8,3% na produção, e o Mato Grosso que informou um aumento de 15,0% na produção. Os destaques negativos couberam ao Piauí, que informou um declínio de 8,9% em sua estimativa de produção; a Minas Gerais, com declínio de 4,2%; a Santa Catarina, com declínio de 12,7%; e para o Rio Grande do Sul, com declínio de 5,3%. 

A 2ª safra de feijão foi estimada em 1,6 milhão de toneladas, aumento de 7,7% frente a fevereiro, acompanhando a estimativa do rendimento médio que subiu 3,9% e a área a ser colhida que cresceu 3,6%. Influenciaram nessas estimativas os números do Paraná, com crescimento de 12,5%, em decorrência do aumento na área plantada (12,6%); Santa Catarina, com crescimento de 45,0% e Mato Grosso do Sul, com crescimento 781,0%. 

Destaque negativo para Mato Grosso, que reduziu em 10,5% sua estimativa de produção, em decorrência dos declínios de 5,7% na área a ser colhida e de 5,0% no rendimento médio. 

Com relação à 3ª safra de feijão, a estimativa de produção foi de 717,0 mil toneladas, declínio de 1,0% frente à estimativa de fevereiro, com a área a ser colhida declinando 0,8%. Houve declínio de 3,8% na produção no Mato Grosso em relação a fevereiro, tendo a área plantada retraído em 5,4% e o rendimento médio aumentado em 1,6%. 

Mandioca (raízes) – a produção deve alcançar 18,7 milhões de toneladas, aumento de 2,5% em relação ao mês anterior, contudo, decréscimo de 2,4% em relação a 2023. O Amazonas reavaliou sua estimativa de área e produção para 2024, aguardando 752,5 mil toneladas de raízes, resultado do aumento na área de plantio. Contudo, em relação ao volume de produção obtido em 2023, a produção deve declinar 22,7%. No Pará, maior produtor brasileiro de raízes de mandioca, participando com 20,5% do total, a estimativa de produção declinou 5,8% em relação a 2023, em função, principalmente da redução da área a ser colhida (-7,7%). O rendimento deve crescer 2,0% e a produção alcançar 3,8 milhões de toneladas. 

A produção paraense, segunda maior do país, deve alcançar 3,6 milhões de toneladas, declínio de 0,2% em relação a fevereiro e crescimento de 3,7% em relação a 2023, representando 19,4% do total a ser produzido pelo país em 2024. No Espírito Santo, houve declínio de 1,1% na estimativa em relação a fevereiro, devendo a produção alcançar 126,4 mil toneladas, enquanto no Rio de Janeiro, a produção deve alcançar 169,6 mil toneladas, crescimento mensal de 10,6% e declínio anual de 10,9%. Em relação ao mês anterior também são estimados crescimentos em Mato Grosso do Sul (1,7%), enquanto para Mato Grosso (-3,0%), Goiás (-0,6%) e Rio Grande do Sul (- 0,3%) são aguardados decréscimos. 

Milho (em grão) - a estimativa para a produção do milho totalizou 116,1 milhões de toneladas, representando uma queda de 0,6% em relação ao mês anterior. A queda mensal da produção total está mais relacionada à 1ª safra, que apresentou uma perda de rendimento médio (-3,5%), influenciada pelos problemas climáticos enfrentados pelas lavouras em alguns estados produtores. Os estados da Região Sul se destacam pelas maiores quedas na produção mensal.

O milho 1ª safra apresentou uma estimativa de produção de 24,1 milhões de toneladas, 4,0% inferior ou 1,0 milhão de toneladas a menos em relação ao mês anterior. Ocorreram queda de produção em diversos estados. O Rio Grande do Sul é o maior produtor do milho 1ª safra, devendo participar com 20,8% no total nacional, contudo, algumas irregularidades climáticas afetaram a produtividade nas diferentes regiões do Estado, prejudicando o desenvolvimento das lavouras, que também foram bastante atacadas por pragas como as cigarrinhas e doenças fúngicas.

A estimativa do milho 2ª safra totalizou 92,1 milhões de toneladas, representando um aumento de 0,3% em relação ao mês anterior, com a área declinando 1,4% e o rendimento médio aumentando 1,7%. Os maiores aumentos da produção foram verificados em Rondônia (4,5% ou 62 576 t), no Maranhão (0,5% ou 3 435 t), em Minas Gerais (4,8% ou 135 408 t) e no Mato Grosso (3,9% ou 1 560 223 t). Os declínios foram verificados, principalmente, no Distrito Federal (-19,3% ou -51 000 t), no Mato Grosso do Sul (-8,1% ou -1 004 657 t), em Santa Catarina (-32,2% ou -26 261 t) e no Paraná (-2,8% ou -408 700 t). O Mato Grosso, maior produtor do milho 2ª safra, com participação de 44,8% no total nacional, foi responsável pelo maior aumento da produção em relação ao mês anterior. A produção deve alcançar 41,2 milhões de toneladas. O Paraná, segue como 2º maior produtor, com participação de 15,5% no total nacional, mesmo apresentando um declínio de 2,8% na produção quando comparado ao mês anterior, totalizando 14,2 milhões de toneladas. 

Soja (em grão) – influenciada, principalmente, pelos reajustes mensais efetuados no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a estimativa deste mês trouxe nova retração de 1,6% na produção total nacional, que deve alcançar 146,9 milhões de toneladas, o que já representa um decréscimo anual de 3,3% em comparação à quantidade produzida no ano anterior, mas que, ainda assim, deve representar quase metade do total de cereais, leguminosas e oleaginosas produzidos no país em 2024. 

Os produtores ampliaram as áreas de cultivo no país em 2,4% no ano, e devem totalizar 45,3 milhões de hectares plantados. Contudo, os efeitos causados pelo fenômeno climático El Nino, caracterizado pelo excesso de chuvas nos estados da Região Sul e a falta de chuvas regulares, combinada com o registro de elevadas temperaturas no Centro-Norte do país, trouxeram, como consequência, uma limitação no potencial produtivo da leguminosa em boa parte das Unidades da Federação produtoras, justificando a queda de 5,5% no rendimento médio nacional em relação safra anterior, totalizando 3 247 kg/ha. 

Sorgo (em grão) – a estimativa de março para a produção do sorgo foi de 3,8 milhões de toneladas, aumento de 1,7% com relação ao obtido em fevereiro e redução de 12,6% em relação ao obtido na safra 2023. 

No comparativo com fevereiro, houve aumentos de produção (1,7%), de área (1,1%) e de rendimento médio (0,5%). Portanto, o aumento de produção se deu mais pela expansão de área e, em parte pelo rendimento médio maior, mais localizado no Nordeste (9,8%), havendo crescimentos na Bahia (13,7%), no Ceará (0,5%) e no Piauí (1,4%), que foram os responsáveis pelo ganho de rendimento médio regional. A área, por sua vez, aumentou no Centro-Oeste (2,1%) e no Nordeste (1,2%), mantendo-se estável nas demais Regiões Geográficas. Não houve reavaliações de produção nas Regiões Norte, Sudeste e Sul. 

Uva – a produção brasileira deve alcançar 1,5 milhão de toneladas, declínios de 9,9% em relação ao mês anterior e de 15,4% em relação à safra de 2023. A redução da produtividade dos parreirais é a principal causa da queda de produção esse ano, devido aos problemas climáticos enfrentados na Região Sul, responsável por 54,8% da produção nacional.

A estimativa do Rio Grande do Sul foi reavaliada em março, apontando redução de 16,4% na produção, devido aos problemas climáticos ocorridos nas regiões produtoras. No ano, a redução chega a 22,2%, devido à menor produtividade das lavouras que foram afetadas pelo excesso de chuvas, principalmente na floração, além da ocorrência de ventos e granizo.

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