Dia de Mercado da Cana-De-Açúcar leva informação a mais de 100 Pessoas em Ribeirão Preto, SP

Evento reuniu produtores rurais e especialistas que debateram temas como avanço tecnológico aplicado à produção e mercado do produto

01.07.2016 | 20:59 (UTC -3)
CNA

Uma rodada de debates e palestras para levar aos produtores rurais informações atualizadas, orientações em gestão e auxiliá-los na tomada de decisões em seus negócios e no aprimoramento do processo produtivo. Este ambiente marcou o Dia de Mercado da Cana-de-Açúcar, realizado nesta quinta-feira (30/6) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP). O evento reuniu mais de 100 pessoas, em Ribeirão Preto (SP), entre produtores rurais, técnicos e representantes de entidades do setor agropecuário de vários municípios paulistas, a grande maioria ligada à produção canavieira.

No encontro, os participantes tiveram a oportunidade de saber mais sobre custos de produção, conjuntura econômica da cana-de-açúcar e produtos derivados desta matéria-prima, além de informações técnicas de manejo, preparo de solo, biotecnologia, variedades genéticas e híbridas e tendências do setor canavieiro. Também puderam conhecer mais sobre o Projeto Campo Futuro, uma parceria entre CNA e o Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege/ESALQ - USP) para levantar informações sobre os custos de produção da cana e capacitar produtores rurais a administrar preços e riscos da atividade, visando prepará-los para aprimorar a gestão de suas propriedades.

“Precisamos entender a transformação que houve no setor. A relação entre fornecedor e indústria mudou e precisamos nos adequar e o Dia de Mercado e o Campo Futuro vieram trazer essa visão administrativa e empresarial”, destacou o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, Enio Fernandes. “Temos muitos desafios e competitividade e isso nos faz melhores, pois a competição gera desenvolvimento”, completou. Ele frisou, também, o papel das instituições no crescimento do setor de cana, que será cada vez mais fortalecido com a geração de renda no campo. “Se garantirmos rentabilidade, as entidades terão vida longa e seremos capazes de desenvolver um trabalho de excelência”, afirmou.

O presidente da FAESP, Fábio de Salles Meirelles, falou sobre a importância da cana-de-açúcar para a geração de energia em São Paulo e enfatizou que pelo menos 50% da economia estadual tem ligação com empreendimentos ligados à atividade. Lembrou, ainda, que o sucesso do setor canavieiro vem desde o surgimento do Proálcool, na década de 70, criado para estimular a produção de álcool combustível em substituição às fontes fósseis, em razão da crise do petróleo. Ressaltou, também, que, apesar do peso da cana-de-açúcar, o estado se destaca por toda a atividade agropecuária. Abordou, ainda, a preservação do solo e do meio ambiente para a produção. “O produtor depende destes dois fatores, sem os quais não há produção”, ressaltou.

Palestras – Na primeira exposição técnica do evento, o pesquisador João Mantelatto Rosa, do Pecege, apresentou os resultados do Projeto Campo Futuro para a cana-de-açúcar, na safra 2015/2016. Segundo ele, a grande maioria dos fornecedores independentes de matéria-prima não conhece seus custos de produção, o que acaba prejudicando a rentabilidade. “Quem prezou pela eficiência permaneceu na atividade, mesmo nos períodos de crise”. De acordo com o levantamento, o preço foi suficiente para cobrir as despesas operacionais da atividade, o que mostra que os valores pagos pela tonelada estão remunerando. Entretanto, ponderou, quando os custos envolvem questões como o arrendamento de terras, a margem do produtor cai e nem todos conseguem superar os gastos com a receita obtida.

Já para o pesquisador Marcos Landell, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), as novas variedades de cana-de-açúcar, como as geneticamente modificadas, serão a chave para o produtor subir de patamar produtivo, pois essas espécies serão mais adequadas à colheita mecanizada e mais resistentes a pragas, doenças e intempéries climáticas, entre outros benefícios. “Precisamos aceitar essas novas realidades e tecnologias. No futuro, tudo será mecanizado na colheita e teremos variedades com perfis e características distintas, mas que podem dar mais rentabilidade e ajudar o produtor a fechar as contas. Há 20 anos, o trabalho era praticamente artesanal”, justificou.

Neste contexto, Alan Pinheiro, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), falou sobre o trabalho desenvolvido pelo CTC na aplicação de biotecnologia na atividade, a partir do melhoramento genético. Desta forma, explicou, as lavouras podem ter boa produtividade, levando em conta fatores como clima, solo, desempenho na colheita e no plantio mecanizado, florescimento e tolerância à seca. Por último, o consultor Guilherme Nastari falou sobre a conjuntura atual do setor e as perspectivas para a safra 2016/2017. Em sua avaliação, a produção brasileira de açúcar deve subir e alcançar níveis históricos depois de sofrer quedas por três anos consecutivos.

“Tivemos excesso de oferta porque o preço subiu, o que provocou essa queda”, explicou. Com a alta do preço do açúcar, a produção de etanol deve cair e o aumento da participação do açúcar no mix das usinas vai sustentar o mercado do combustível. Entretanto, alertou Nastari, a cotação do produto é bastante volátil, mas o momento é de alta no mercado internacional. Contudo, ponderou, é preciso cautela para que o mercado não volte a ser inundado pela oferta, caso outros países e a União Europeia retomem o crescimento da produção.

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