Embrapa abre oportunidade de parceria com laboratórios para ampliar o mercado da tecnologia BioAS
A tecnologia de bioanálise foi desenvolvida pela Embrapa e agrega o componente biológico às análises de rotina de solos
A cultivar de soja BRS 267 poderá ampliar o consumo de um alimento ainda pouco conhecido no Brasil, o edamame, grãos verdes servidos com sal, bem comuns no Japão e em outros países asiáticos. A cultivar produz grãos grandes, de sabor suave, que apresentam textura similar a outras leguminosas como grão-de-bico, ervilha verde e alguns tipos de feijões. O preparo é fácil, com rápido cozimento, e pode ser consumida em lanches como snacks, ou compor pratos como sopas e saladas.
Como potencial produto de nicho, o cultivo da soja para edamame é uma boa opção para agricultores familiares e orgânicos. O pesquisador da Embrapa, José Ubirajara Moreira explica que realizar a colheita da BRS 267 na fase certa é primordial para um produto com qualidade sensorial e nutricional diferenciada. “Deve ser colhido no estádio R6, com grãos formados, verdes e completamente cheios. Esse período de colheita é muito curto e dura de dois a quatro dias”, informa.
A pesquisadora da Embrapa, Ilana Felberg lembra que, assim como toda soja, a cultivar BRS 267 deve ser cozida antes de ser consumida. Foram realizados procedimentos para estabelecer as etapas e condições de processo que possam ser facilmente reproduzidos em cozinhas ou agroindústrias familiares. “Podemos cozinhar tanto as vagens quanto os grãos já debulhados. O que fizemos foi avaliar e verificar a efetividade do tempo de cozimento na inativação de fatores antinutricionais para tornar seguro o consumo do produto,” conta.
A etapa de cozimento das vagens requer fervura em água. “Sugere-se o tempo de 20 minutos. Após o cozimento é necessário escorrer a água e, em seguida, mergulhar o recipiente com as vagens em água fria ou passar em água corrente até que esfriem, para interromper o cozimento e evitar o amolecimento excessivo das vagens”, explica a pesquisadora da Embrapa, Renata Torrezan.
Depois da retirada do excesso de água, o produto pode ser acondicionado em embalagens adequadas ao tipo de estocagem. “O armazenamento pode ser por até cinco dias em temperatura de refrigeração, entre dois e oito graus Celsius, ou por até um ano em temperatura de congelamento de 18 graus negativos”, acrescenta Torrezan.
A pesquisadora alerta que, mesmo que o processamento do alimento seja realizado em pequena escala ou artesanal, o edamame precisa passar por processamento térmico antes do consumo. Os procedimentos necessários estão detalhados no manual “Processamento de edamame em vagens para agroindústria de pequeno porte” e também estão sujeitos às legislações sanitárias municipais e estaduais de cada localidade.
A cultura da soja para edamame apresentou bons resultados em diferentes condições edafoclimáticas, ou seja, de clima e solo. Inicialmente recomendada para Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul, a cultivar também teve bom desempenho no Rio de Janeiro. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, localizada na capital fluminense, desenvolveu protocolos de processamento utilizando edamame produzido em lavouras no próprio estado, por meio de parcerias com agricultores.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantalia, a ausência da cultura da soja no estado fez com que a incidência de pragas e doenças fosse baixa. Ela explica que as características edafoclimáticas testadas fizeram com que a cultura reduzisse o ciclo em relação a outras regiões como o Paraná, o que a torna uma opção interessante para o produtor fluminense.
“A experiência e o interesse dos agricultores familiares orgânicos são uma grande vantagem. Trata-se de uma oportunidade de diversificação da produção agropecuária com a inserção dessa cultivar”, destaca o pesquisador da Embrapa, Mauro Pinto, que considera o interesse dos consumidores e a facilidade de preparo da soja para edamame como vantagens competitivas importantes para a expansão desse mercado.
Testes com a BRS 267 também estão sendo feitos em São Paulo, por meio da parceria entre a Embrapa e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. “Também estão envolvidos no trabalho o Instituto Agronômico (IAC), a Embrapa Meio Norte e produtores da Cooperativa dos Agricultores Familiares da Região Centro Paulista e da Cooperativa Entre Serras e Águas”, informa Fénelon Neto, pesquisador da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa.
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