Descontos realizados pela indústria podem gerar distorções no preço do arroz

Tema foi abordado na terceira noite de palestras da 11ª Semana Arrozeira que ocorre em Alegrete, RS

30.05.2018 | 20:59 (UTC -3)
Rejane Costa

Os mecanismos de exportação ao alcance dos produtores e as relações comerciais com a indústria foram abordados em palestra realizada na noite desta terça-feira, 29 de maio, na 11ª edição da Semana Arrozeira, promovida pela Associação dos Arrozeiros de Alegrete, que ocorre no CTG Aconchego dos Caranchos, no município da Fronteira Oeste. O palestrante foi Elton Machado, presidente da Associação dos Arrozeiros de Arroio Grande. 

Machado abordou os descontos no arroz realizados pela indústria e a Instrução Normativa 6 do Ministério da Agricultura (Mapa) que os regulamenta. Destacou que existem três tipos de tabela para determinar a umidade do grão e a indústria escolhe qual vai utilizar. Questionou se não deveria ser utilizada uma tabela padrão, uma vez que o produto é único. “A principal ferramenta do produtor para saber qual o desconto é realizado no grão que está sendo entregue são os relatórios apresentados”, alertou.

O dirigente destacou que muitas empresas acabam descontando o peso da umidade no grão e, uma vez aplicada a  tabela, o desconto se daria em cima do arroz sem impureza, porém, o que acontece é que o percentual a ser aplicado leva em consideração o peso de lavoura. Ressalta que a IN 6 mostra claramente a metodologia que deve ser utilizada na classificação do arroz por todos os secadores e indústria, mostrando que a maioria dos subprodutos devem ser valorizados e jamais descontados a zero, esse desconto se dá diretamente no valor a ser pago. “A IN 6 também trata claramente a metodologia a ser aplicada para classificação,  e pelos relatórios de venda podemos concluir que muitos não seguem tal metodologia, aplicando descontos bem mais onerosos ao produtor”, explica.

Segundo Machado, muitas vezes os sistemas são falhos e um simples erro pode causar uma distorção que venha a prejudicar a comercialização do arroz no seu valor final. Disse que, por isso, o produtor deve buscar a informação por meio dos relatórios. “Quanto mais produtores tiverem o real conhecimento desses descontos, teremos uma luz no fim do túnel, porque hoje a cadeia orizícola está prensada em um preço de venda absurdo, sem levar em conta todos esses descontos promovidos pela indústria”, observou. 

O  presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, Cristiano Cabrera, que mediou a palestra, afirmou que os produtores muitas vezes não se dão conta ao ler os relatórios e tem surpresas quando chegam com o produto na indústria. “O arrozeiro paga arrendamento, tem quebra no arroz, paga seus funcionários e investimentos, e acaba ficando em uma situação muito difícil”, relatou.

Cabrera também falou sobre o apoio de todas as associações de produtores à mobilização dos caminhoneiros. Destacou que chegou o momento de terminar o protesto e de recolher a participação do setor. “Os nossos direitos acabam quando estamos prejudicando o direito do próximo. Quem trabalha com leite, por exemplo, chegou a uma situação quase precária. Já somos bastantes visados, principalmente os arrozeiros,  portanto, não precisamos de mais essa carga de estar prejudicando a comunidade. Agora temos de tratar dos problemas da nossa cadeia produtiva, como a tributação, as assimetrias do Mercosul, entre outros”, concluiu.

A 11ª edição da Semana Arrozeira continua nesta quarta-feira, dia 30 de maio, com a apresentação do programa Cerealiza e a palestra “Tendências do Agronegócio Mundial e Brasileiro para Grãos e Carnes, com Vlamir Brandalizze. Também ocorrerá a entrega da tese da presidente da Associação dos Arrozeiros de Alegrete, Fátima Marchezan: “Atributos de solo e planta em função da aplicação cumulativa de cinza de casca de arroz no cultivo do arroz irrigado”.

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