Cresce o número de cigarrinhas-do-milho infectadas em Santa Catarina

Diante deste cenário, a principal recomendação da Epagri é que os agricultores adotem estratégias de manejo adequadas para conter a disseminação dos patógenos

09.09.2024 | 13:52 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Isabela Schwengber

O aumento do número de cigarrinhas-do-milho infectadas com os patógenos dos enfezamentos tem gerado alerta para os produtores de milho em Santa Catarina, conforme aponta o quinto boletim de monitoramento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A cigarrinha, vetor de doenças que comprometem a produção, tem sido encontrada em lavouras no estágio inicial de desenvolvimento do grão. A tendência é que os números cresçam à medida que mais áreas avancem no plantio.

Diante deste cenário, a principal recomendação da Epagri é que os agricultores adotem estratégias de manejo adequadas para conter a disseminação dos patógenos. Entre as medidas sugeridas estão o uso de sementes tratadas e a aplicação de inseticidas de forma foliar.

A pesquisadora Maria Cristina Canale Rappussi da Silva, responsável pelo monitoramento, reforça a importância de seguir corretamente as orientações dos produtos químicos: “é fundamental que os produtores fiquem atentos à bula dos produtos para garantir um bom planejamento e eficiência no controle dos insetos”.

Monitoramento e resultados

O trabalho de monitoramento da cigarrinha-do-milho começou na semana de 5 a 9 de agosto, durante o período de entressafra. Ao todo, 60 lavouras espalhadas por diferentes regiões do estado estão equipadas com armadilhas para capturar os insetos. A análise é realizada em laboratório, onde os especialistas avaliam a infectividade dos insetos em relação a quatro patógenos responsáveis pelos enfezamentos do milho: o fitoplasma do enfezamento-vermelho, o espiroplasma do enfezamento-pálido, o vírus do rayado-fino e o vírus do mosaico-estriado.

O boletim semanal resume a quantidade de cigarrinhas capturadas por armadilha e a presença de infecções. Até o momento, a média estadual de insetos por armadilha é considerada baixa, em torno de 2,65, principalmente porque a maioria das áreas monitoradas ainda está na fase de entressafra. Contudo, nas regiões onde o plantio já começou, observa-se uma tendência de aumento no número de cigarrinhas.

Preocupações com patógenos

A maior preocupação atual é o fitoplasma do enfezamento-vermelho, identificado em insetos capturados nas cidades de Guatambu e Chapecó, no oeste catarinense. Este patógeno é responsável por sérios danos às lavouras, podendo reduzir drasticamente a produtividade.

Por outro lado, a presença do espiroplasma, outra bactéria associada aos enfezamentos, não foi detectada nas amostras mais recentes, o que Maria Cristina considera uma boa notícia. Além disso, o vírus do rayado-fino, que costuma ser comum nos milharais de Santa Catarina, também não apareceu nos últimos monitoramentos. Entretanto, o vírus do mosaico-estriado, menos estudado e conhecido, tem aparecido de forma recorrente nas análises, o que acende um sinal de alerta entre os especialistas.

Recomendações de manejo

A Epagri orienta que, além das medidas de controle nas lavouras em fase de semeadura, os produtores devam continuar eliminando o milho voluntário, também conhecido como guaxo ou tiguera. Esse milho cresce espontaneamente durante a entressafra e pode servir de abrigo para as cigarrinhas, facilitando a proliferação do inseto nas lavouras futuras. O manejo eficiente dessa planta é uma etapa essencial para evitar a propagação dos patógenos que afetam o milho.

O monitoramento seguirá durante toda a safra e a safrinha, com a previsão de emissão de 40 boletins semanais ao longo do ciclo produtivo. O acompanhamento contínuo será vital para a orientação dos agricultores e a contenção de eventuais surtos nas lavouras catarinenses.

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