Controle biológico atinge alta eficiência contra ácaro-rajado no morango

A liberação dos inimigos naturais na lavoura, se realizada no momento exato e na quantidade correta, garante altos índices de controle

20.08.2019 | 20:59 (UTC -3)
Paula Rodrigues​

A adoção do controle biológico, no âmbito do manejo integrado de pragas (MIP), pode obter até 80% de eficiência de controle contra o ácaro-rajado, principal praga do morango no Distrito Federal, especialmente no período seco e quente do ano. A liberação dos inimigos naturais na lavoura, se realizada no momento exato e na quantidade correta, garante altos índices de controle e contribui para a redução do número de pulverizações de produtos químicos.

“Nos últimos anos, os produtores de morango têm relatado uma menor eficiência do controle químico e isso acontece, principalmente, em função da resistência da praga aos produtos químicos (acaricidas) utilizados”, analisa o pesquisador Miguel Michereff Filho, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF). A falta de opção de produtos registrados para a cultura do morango e o uso indiscriminado, como o aumento da frequência de pulverização e/ou da dose usada, favorece o aumento da resistência do ácaro-rajado ao controle químico.

Durante treinamento realizado para técnicos da Emater/DF e para produtores do Núcleo Rural de Brazlândia, no último dia 16, o pesquisador explicou os princípios do MIP, com foco no morango, e deu ênfase ao controle biológico como estratégia para reduzir os problemas associados à resistência. “Quando a infestação por ácaro-rajado não é controlada, pode haver uma redução de 80% da produção de morango”, estima Michereff.

A região de Brazlândia é o principal polo de produção de morango no Distrito Federal. Segundo dados da Emater/DF, em 2018, a área cultivada com morango no Distrito Federal foi de 167 hectares, distribuídos entre cerca de 250 produtores rurais. A produção total foi de mais de 7.500 toneladas, sendo a produtividade por hectare estimada em 37.500 caixas de 1,2 kg. O custo de produção de um hectare de morango, no Distrito Federal, ficou na faixa de R$ 125.000,00.

A principal mensagem passada aos participantes do treinamento foi de que, embora o custo do controle biológico e do controle químico seja praticamente equivalente, há uma economia indireta e outras vantagens associadas à adoção do MIP como, por exemplo, a redução entre 30% e 40% da frequência de pulverizações, o que contribui para a maior sustentabilidade da cultura. “Há também uma exigência do mercado consumidor por alimentos mais saudáveis, o que pode fazer o produtor repensar em outras vias de controle”, pondera o pesquisador.

Inimigos naturais

Os inimigos naturais do ácaro-rajado, recomendados para o controle biológico em plantios de morango, são ácaros predadores conhecidos como ácaros fitoseídeos. A utilização deles funciona muito bem nas regiões Sul e Sudeste porque eles são adaptados aos ambientes com umidade por volta de 60%. De acordo com Michereff, no Distrito Federal, especialmente no inverno, quando a umidade relativa apresente índices bem baixos, é preciso orientar os produtores sobre a liberação dos ácaros predadores para que eles permaneçam viáveis por mais tempo dentro da lavoura.

Ele recomenda que os produtores façam uma irrigação por aspersão nos plantios de morango, logo antes de efetuar a liberação dos inimigos naturais, porque isso cria um microclima com maior umidade, que é favorável à atuação dos ácaros predadores. “Os produtores precisam de conhecimento técnico para utilizar com eficácia o controle biológico. Antes de liberar o predador, é preciso cumprir algumas práticas culturais na lavoura e estabelecer condições favoráveis para que o inimigo natural possa agir no controle da praga”, comenta.

Treinamentos

Cursos de capacitação para técnicos e produtores rurais têm sido a base do projeto “Promoção do Manejo Integrado de Pragas na Produção de Hortaliças do Distrito Federal”, que visa resgatar a adoção das boas práticas agrícolas direcionadas ao manejo de pragas em quatro culturas agrícolas: morango, alface, tomate e pimentão.

O objetivo dos treinamentos tem sido, segundo o pesquisador, fazer um diagnóstico, trocar experiências e nivelar os conhecimentos para que, em uma segunda etapa, a partir de parcerias e articulação institucional, seja possível efetuar a instalação de Unidades de Referência Tecnológica (URT) para implementação do MIP nessas quatro importantes culturas do Distrito Federal.

No cronograma do projeto, os próximos cursos vão contemplar alface (setembro), tomate (outubro) e pimentão (início de 2020). O projeto é realizado em cooperação técnica com a Emater/DF e com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

 


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