Com agentes retraídos, ritmo de negócios com café é lento
Liquidez segue baixa no mercado interno de café
O consumo industrial de algodão no Brasil, estimado para a próxima safra em 720 mil toneladas, em um momento em que a expectativa dos cotonicultores brasileiros é de retração de área da ordem de 16%, deu o tom de otimismo na última das quatro reuniões anuais da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O encontro aconteceu, virtualmente, na manhã desta quarta-feira (16/12), com representantes dos diversos elos das cadeias de produção de algodão e da indústria, além do Governo, entidades de pesquisa, dentre outros. Mais de 60 pessoas participaram da videoconferência. A câmara é presidida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
O volume anunciado pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, supera em muito o trabalhado pelos setores, nos últimos meses. Segundo ele, ainda há defasagem de preços, mas o cenário para 2021 é promissor. “O passado, realmente, passou. Agora é hora de olhar o momento atual e para a perspectiva do futuro, porque tivemos entre 90 e 100 dias de paralisação dos negócios. Com essa estimativa de consumo, certamente, vamos recompor postos de trabalho e recuperar as perdas em 2021”, afirmou. A alavanca desta recuperação, segundo a Abit, foi a injeção de recursos na economia, com o auxílio emergencial, implementado por conta da pandemia da Covid-19.
O presidente da Abrapa, Milton Garbugio, que comandou a câmara nos últimos dois anos, celebrou a informação. “Trata-se de uma grande recuperação, diante de tantos problemas enfrentados pela cultura neste ano de 2020. Isso anima os produtores para 2021”, disse. “Em função desse ano atípico, nossas 10 associadas apresentaram uma redução, em média, de 16% na previsão de área plantada e de 17% na produção de algodão. Mas essa perspectiva de aumento do consumo industrial da pluma indica que, em mais uma safra, podemos retornar aos patamares normais de área e produção”, pontuou Garbugio.
Para a safra 2020/2021, a expectativa da câmara, que também é composta por representantes de cada uma das dez associações estaduais da Abrapa, é de 1,35 milhão de hectares plantados com a cultura, com produção em torno de 2,4 milhões de toneladas. Até o momento, a produtividade média esperada é de 1.770 quilos de pluma por hectare.
No âmbito do mercado internacional, o diretor da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, destacou que, nesta safra, foram exportadas 920 mil toneladas até o final de novembro, mês de recorde histórico. Foram 330 mil toneladas, para a China, Vietnã, Indonésia, Turquia e Paquistão. “Seguindo neste ritmo, a previsão que temos, na Anea, é exportar, neste ciclo, cerca de 2,2 milhões até junho do ano que vem, mantendo o fortalecimento das exportações para este mês de dezembro”, avaliou. De acordo com Faus, os preços já estão “um pouco acima dos praticados antes da pandemia. Isso foi possível, graças à abertura dos mercados, com a reativação da economia e um aumento do consumo como um todo”, disse o diretor da Anea.
Sobre o Projeto Cotton Brazil – iniciativa de promoção internacional que reúne Abrapa, Apex, com apoio da Anea – lançado oficialmente no dia 8 de dezembro, o diretor avaliou positivamente a repercussão das ações junto ao mercado asiático. “É importante falar para o mundo o quanto sabemos trabalhar com profissionalismo e objetividade, porque o nosso cliente quer ver precisão e consistência no projeto e no produto”, afirmou Faus, lembrando que, na segunda fase, o Cotton Brazil realizará eventos específicos para cada um dos nove mercados de destino na Ásia.
Outro ponto de destaque da reunião foram os resultados positivos alcançados no registro de produtos prioritários para proteção das lavouras de algodão. Novos registros de defensivos são um dos mais importantes focos de atenção da Abrapa, uma vez que, com mais produtos no mercado, aumenta a competição entre os fornecedores desses insumos, que representam cerca de 40% do custo total na produção do algodão. Segundo informado, ao longo dos últimos anos, foram aprovados 62 produtos prioritários para a cultura do algodão.
“Apesar disso, o tempo de registro de uma nova molécula para o Brasil é longo, em torno de oito anos para liberação, o que coloca a cotonicultura brasileira em desvantagem em relação a outros países do continente americano e europeu”, explicou o consultor técnico da Abrapa, Edvandro Seron.
Também participaram da reunião, a diretora substituta do Departamento de Apoio à Inovação para a Agropecuária (Diagro), da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação (SDI) do Ministério da Agricultura (MAPA), Sibele Silva, e o Chefe Geral da Embrapa Algodão, Alderi Araújo.
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