Consumo dos cafés especiais cresce 12% ao ano em nível mundial

Cultivares de alta qualidade desenvolvidas pela pesquisa têm contribuído para produção de cafés especiais no Brasil

03.08.2018 | 20:59 (UTC -3)
Lucas Tadeu Ferreira

O segmento dos cafés especiais tem registrado nos últimos 15 anos um incremento bastante expressivo da demanda em nível mundial, em média 12% ao ano, enquanto que os cafés tradicionais (commodity) têm crescido a uma taxa anual de 2%. Muitos são os fatores que podem ser atribuídos direta e indiretamente a esse crescimento do consumo dos cafés especiais, os quais abrangem uma ampla gama de conceitos e práticas 

Considera-se café especial o que atinge, no mínimo, 80 pontos numa escala sensorial de pontuação que vai até 100. Nessa escala são avaliados os seguintes atributos do café: fragrância e aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização, harmonia, conforme os parâmetros definidos pela Specialty Coffee Association of America – SCAA, que são adotados por vários países e também no Brasil pela Associação Brasileira de Cafés Especiais – BSCA.

Neste mesmo contexto, há que se ressaltar as características específicas de uma dada região produtora, com seu singular terroir (relação do solo e microclima particular com as cultivares), em geral, também contribuem para a produção de cafés especiais, os quais são muito apreciados pelos consumidores mais exigentes do planeta dispostos a pagar valores mais altos por esses produtos.

Nesse sentido, instituições de pesquisa, ensino e extensão, do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café, têm conjugado esforços para desenvolver tecnologias visando associar atributos positivos às cultivares que contribuem para produzir cafés especiais. Assim, nas últimas duas décadas, tanto a pesquisa como os produtores buscam primordialmente plantas e grãos para melhorar cada vez mais a qualidade da bebida, além de outros atributos positivos para agregar renda e valor, como a resistência e tolerância a pragas e doenças, aumento da produtividade, adaptação a estresses ambientais, entre outros atributos. Com isso, essa conjugação de esforços tem permitido agregar valor ao produto e atender aos exigentes consumidores dos cafés especiais em qualquer parte do planeta que, conforme mencionado, nos últimos 15 anos o consumo têm crescido 12% ao ano em nível mundial.

A edição da revista NEGÓCIO CAFÉ – Ano 01, Número 01 – julho de 2018, destaca pelo menos três cultivares, como exemplo, que foram desenvolvidas no âmbito do Consórcio Pesquisa Café. Tais cultivares por possuírem vários atributos positivos têm contribuído para a produção de cafés especiais no Brasil: AraraMGS Paraíso 2 e Catiguá MG2. A revista, editada com apoio da Agência de Inovação do Café – INOVACAFE/Universidade Federal de Lavras – UFLA, está disponível na íntegra no Observatório do Café coordenado pela Embrapa Café

Dessa forma, vale conferir essas três cultivares de café e seus respectivos principais atributos, ora em destaque na revista NEGÓCIO CAFÉ: a) Cultivar ARARA - essa cultivar foi desenvolvida pela Fundação Procafé localizada em Varginha, MG. Os frutos são amarelos e as sementes tem formato oblongo (largura menor que o comprimento). Apresenta alta produtividade, percentagens de sementes tipo moca em níveis baixíssimos (1%). Tem alta tolerância à seca, produz bebida de boa qualidade e o ciclo de maturação dos frutos é tardio, além de ser altamente resistente à ferrugem. b) MGS PARAÍSO2 – essa cultivar foi desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, a qual possui como principal característica resistência à ferrugem, apresenta 67,9% dos grãos do tipo chato, classificados nas peneiras 16 acima. A qualidade superior da bebida tem despertado interesse de cafeicultores que produzem cafés especiais. c)CATIGUÁ MG2, a cultivar faz parte do grupo Catiguá (MG1, MG2 e MG3) foi também desenvolvida pela EPAMIG, como as demais desse grupo. Tem aptidão para produção de cafés especiais, além de possuir resistência à ferrugem, os frutos são graúdos e, quando bem maduros, têm coloração vermelha intensa.

A revista NEGÓCIO CAFÉ, nesta sua 2ª. edição, traz ainda outros temas sobre a cafeicultura que valem a pena ser lidos: i) HISTÓRIA - O reino perdido de Kafa, a verdadeira origem do café. ii)LAVOURA - Manejo do cafeeiro com o capim braquiária. iii) INTELIGÊNCIA COMPETITIVA - El Salvador, Costa Rica, Keurig, Starbucks e a terceira onda do café na França. iv) ESPECIAL - uma análise comparativa entre os cafeicultores do Sul de Minas e do Cerrado Mineiro. Conforme divulgado na edição anterior, a revista foi criada para dar continuidade ao Relatório Internacional de Tendências do Café, cujas edições foram amplamente divulgadas e também estão postadas no site do Observatório do Café.

Acesse o site do Observatório do Café para ler na íntegra a revista NEGÓCIO CAFÉ (Ano 01 – Número 01 – junho de 2018), pelo link:

http://www.consorciopesquisacafe.com.br/arquivos/consorcio/publicacoes_tecnicas/Negocio_Cafe_Julho_2018.pdf

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