Colheita eficiente do café reduz custos na lavoura e agrega valor ao produto

Atividades relacionadas à colheita do café representam cerca de 30-40% do custo de produção. Planejamento desta etapa da cafeicultura permite mitigar esses custos e obter produto com maior valor agregado

11.05.2018 | 20:59 (UTC -3)
Jamilsen Santos​

A colheita do café, que normalmente é realizada no período de maio a setembro, constitui despesa expressiva para o cafeicultor e pode representar cerca de 30 a 40% do custo de produção em decorrência da demanda elevada de mão de obra, especialmente em regiões montanhosas com restrições para mecanização. Nesse contexto, é imprescindível que as atividades relacionadas à colheita sejam planejadas para reduzir seu custo e permitir que o café colhido atinja o máximo do seu potencial de qualidade, tendo assim maior valor agregado e mais opções de comercialização.

Assim, para realizar a colheita com mais eficiência, é recomendável a adoção das seguintes boas práticas agrícolas e de gestão: verificar instalações, equipamentos, materiais e pessoal necessários para a colheita; manter as plantas daninhas controladas sob as copas dos cafeeiros, facilitando a colocação dos panos de colheita, se for o caso; programar o início da colheita dos talhões com maturação dos frutos mais precoces, e depois colher os frutos médios e tardios; vistoriar a colheita para impedir excessos no arranquio de folhas, quebra de ramos e permanência de frutos na planta; transportar no mesmo dia o café colhido para o processamento e/ou secagem, evitando amontoar ou deixar o café secar na lavoura; e efetuar o repasse, recolhendo frutos que ficaram na planta ou no chão após a colheita, evitando o desenvolvimento da broca-do-café na lavoura e sua futura infestação.

Com relação especificamente a qualidade do café, deve-se considerar que a colheita de frutos maduros é um fator que determina o potencial de qualidade, pois os grãos com desenvolvimento pleno contêm mais sólidos solúveis e açúcares que agregam atributos sensoriais positivos à bebida. Estas características são favoráveis para que, durante o processo de torra dos grãos, ocorram reações físico-químicas necessárias para a obtenção de características desejáveis de aroma, sabor, acidez, corpo e doçura. Nesse sentido, é desejável realizar a colheita com o máximo de frutos maduros.

Dessa forma, deve-se minimizar a colheita de frutos verdes e de frutos que ultrapassaram o ponto de maturação ideal, apresentando aspecto passa com sinais de senescência, pois os frutos verdes pesam menos e produzem defeitos que depreciam a bebida; e os frutos passas são mais sujeitos à ação de microrganismos responsáveis pelas fermentações, com produção de álcoois e ácidos que podem interferir de forma negativa na qualidade caso estas fermentações ocorram de forma incontrolável e prolongada. Assim, mais detalhes para que o cafeicultor possa determinar o ponto de colheita e esclarecer outras dúvidas desse tema podem ser obtidos na publicação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - Emater-MG intitulada MANUAL DO CAFÉ - Colheita e Preparo, a qual está disponível no Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café que é coordenado pela Embrapa Café.

Além disso, vale destacar que diferentes operações de colheita são executadas de acordo com a mecanização adotada – ou a ausência de mecanização – na lavoura cafeeira. Quando não há mecanização da colheita, a derriça do café é feita manualmente. Nesse caso, os custos são mais elevados e, em algumas regiões, podem inviabilizar tal sistema de produção. A colheita é considerada mecanizada quando são utilizadas colhedoras automotrizes e tracionadas, as quais reduzem significativamente o custo com mão de obra. No entanto, essa opção exige investimento significativo do cafeicultor e não pode ser utilizada em lavouras com topografia muito inclinada, especialmente em regiões montanhosas.

Adicionalmente, existem opções de colheitas semimecanizadas que envolvem principalmente a adoção de derriçadoras motorizadas portáteis costais que podem ser utilizadas inclusive em áreas montanhosas; e, também, máquinas recolhedoras e trilhadoras do café que são adotadas conforme a condução do sistema de poda e de renovação da lavoura, cujos ramos podados contendo frutos são introduzidos nessas máquinas, as quais promovem a separação desses frutos. O cafeicultor pode se informar mais sobre essas tecnologias de colheita na publicação Procedimentos de colheita do café, disponível no Observatório do Café, que faz parte do livro Café na Amazônia, publicado pela Embrapa Rondônia.


 


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