​Clima causa preocupação para produtores de arroz do Sul

Fortes chuvas dos últimos dias retiram euforia inicial dos arrozeiros

18.10.2016 | 21:59 (UTC -3)
Nestor Tipa Júnior

As fortes chuvas e temporais ocorridos nos últimos dias mais uma vez estão preocupando os produtores de arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Depois de terem sofrido na safra passada com problemas causados pelo El Niño, o que acarretou em uma queda de 16% na produção do Estado gaúcho, os arrozeiros começam a reviver problemas e aumento de custos da safra passada.

De acordo com o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, volumes superiores a 300 milímetros foram registrados em várias regiões produtoras do grão. "Agora, dependendo da região, sementes lançadas na época ideal de plantio correm risco de não germinar, pela ocorrência de enchentes e enxurradas", afirma.

Dornelles lembra que os produtores, para fugir dos altos custos de energia elétrica e com previsão de La Niña, privilegiaram o plantio de áreas mais baixas, justamente essas que agora possuem maior risco. "Já se fala em replantio em partes do Rio Grande do Sul, especialmente Depressão Central, pelos acumulados de precipitação, e Fronteira Oeste, onde o avanço do plantio foi mais significativo do que as demais regiões e topografia, pelo escorrimento das curvas de nível", explica.

O plantio do arroz, segundo o presidente da Federarroz, avançava de forma rápida e eficiente no Rio Grande do Sul. A projeção era de uma safra de elevada produtividade, apesar das dificuldades de crédito e de renegociações das dívidas. Entretanto, eventos climáticos dos últimos dias já trazem a certeza do atraso do plantio em área relevante do estado. "O clima mais seco e nível dos mananciais eram pontos de vantagem para a próxima safra, apesar do nascimento da lavoura gaúcha estar atrasado, alongando a entressafra”, observa

O último dado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) indica que a semeadura alcançou 551,85 mil hectares, representando mais que o dobro do plantio de 2015/2016, que foi de 228,44 mil hectares. Com isso, o Rio Grande do Sul semeou até agora 50,6% do total projetado. Como mostra a última atualização do órgão, a região mais adiantada segue sendo a da Fronteira Oeste, onde a semeadura atinge os 78,3%, seguida da Campanha, com 67,9% e da Zona Sul, com 59,5% do plantio concluído. Entretanto, em função das previsões para os próximos dias e mesmo a atual saturação do solo, a expectativa é de que no mês de outubro não acorram mais avanços no plantio.


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