Calibragem correta em semeadoras para culturas de verão e inverno
Para garantir um estande de plantio perfeito e uma germinação esperada, é necessário calibrar e regular todos os componentes da semeadora-adubadora
Com a chegada do verão no dia 21 de dezembro é esperado que as chuvas cheguem ao seu máximo, contribuindo, principalmente, para a safra de grãos. O próximo verão será acompanhado pelo fenômeno La Niña que, apesar do enfraquecimento das temperaturas do oceano em novembro, continua presente. Acompanhe, os prognósticos do boletim agroclimático preparado pelos pesquisadores, Williams Ferreira (Embrapa Café / Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG), Marcelo Ribeiro (EPAMIG) e José Luís Rufino (Consórcio de Pesquisa Café).
Em novembro as chuvas chegaram na maior parte do Brasil, favorecendo culturas como a cana e o café. Neste mês a temperatura da superfície do Oceano Pacífico tropical se manteve abaixo da média confirmando a presença do La Niña. A circulação atmosférica sobre este oceano também é consistente com a presença do La Niña. De acordo com os modelos internacionais, há concordância de que esse evento deva se prolongar ao longo do verão que tem início no dia 21 de dezembro às 7h02. Somente a partir do outono, no dia 20 de março de 2021, há 50% de probabilidade do término desse evento.
A principal influência do La Niña sobre o Brasil entre os meses de dezembro e fevereiro será o aumento das chuvas em parte dos estados do Acre, Amazonas, Pará e Amapá, e em todo o estado de Roraima (Figura 1a). As temperaturas também tendem a serem mais baixas no Amapá, Roraima, Amazonas, Rondônia, Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, e também em parte dos estados de Pernambuco, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo e Paraná, e quase todo o Mato Grosso do Sul (Figura 1a).
Se persistir além de março o La Niña irá provocar maior volume de chuvas numa faixa que se estende desde a Bahia até o Amazonas passando pelo Pará e demais estados do Nordeste Brasileiro. As temperaturas também tendem a serem mais baixas na porção Oeste do Amazonas e no Acre (Figura 1b).
Nas próximas semanas é esperado a continuidade das chuvas na região central do Brasil. Os bons volumes são esperados aumentar com a proximidade da chegada do verão.
Existe probabilidade de que as chuvas ocorram acima da média em janeiro em todo o estado de Roraima, na mesorregião Norte Amazonense e em parte das mesorregiões Centro e Sudoeste do Amazonas. E também em parte do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e do Oeste de São Paulo, e no estado do Paraná com exceção, neste último da mesorregião Metropolitana de Curitiba.
É esperado que as chuvas ocorram dentro da média, ou pouco acima desta no Rio de Janeiro, nas mesorregiões do Sul, Matas de Minas, Campo das Vertentes e Oeste de Minas, e na porção Leste do Estado de São Paulo.
Em janeiro é esperado que as chuvas fiquem abaixo da média nas mesorregiões do Norte de Minas, Jequitinhonha e Vale do Mucuri, em Minas Gerais. E ainda em toda região do Nordeste brasileiro e com maior intensidade nas mesorregiões do Norte e Centro-norte Piauiense; Leste e Norte Maranhense, bem como no Nordeste Paraense. No estado de Tocantins e nas mesorregiões do Norte e Noroeste Goiano, e parte da mesorregião Leste Goiana, a partir do Distrito Federal, bem como também a mesorregião Nordeste Mato-grossense.
É esperado que em fevereiro as chuvas fiquem acima da média nos estados de Roraima e Macapá, e nas mesorregiões do Norte e Sudoeste Amazonense e na maior parte do Baixo Amazonas, no Pará, bem como nas mesorregiões de Araçatuba e São José do Rio Preto, Marília e Assis em São Paulo, e no Centro-sul Paranaense.
Chuva dentro da média ou pouco acima desta é esperada na mesorregião do Sul de Minas Gerais, em Ribeirão Preto, em São Paulo, no Sul Fluminense e na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Chuva dentro da média ou pouco abaixo desta é esperada em Sergipe e em quase toda a Bahia, nas mesorregiões do Norte e Leste Goiano e ainda em pequena parte do Noroeste Goiano e no Distrito Federal, no Nordeste Mato-grossense, em uma faixa central do Tocantins e em pequena parte do Sul do Maranhão.
Há probabilidade de que as chuvas ocorram abaixo da média nas mesorregiões Sudoeste, Sudeste e Centro Ocidental Rio-grandense. Em todo o Ceará, nas mesorregiões Norte e Leste Maranhense, em quase todo os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, com exceção da região litorânea destes estados, e em pequena parte no extremo Norte da Bahia.
São esperadas chuvas acima da média na mesorregião Norte Amazonense e em todo o estado de Roraima. Chuvas abaixo da média são esperadas na parte Sul da mesorregião Ocidental do Tocantins e no Nordeste Mato-grossense. Nas mesorregiões Norte Maranhense, Sudeste Piauiense, Sertão e São Francisco Pernambucano, e em todo o Ceará. E também no Sudeste e Centro Oriental Paranaense, Norte e Oeste Catarinense, e no Sudoeste Rio-grandense.
É esperado que as temperaturas ocorram acima da média em todo Brasil, com exceção do estado de Roraima e das mesorregiões Sudoeste e Norte Amazonense, nestas é esperado que as temperaturas ocorram abaixo da média. Dentro da média é esperado ocorrer em uma pequena parte ao Norte do Baixo Amazonas, no Pará, na porção Leste do Amazonas e no estado do Acre.
Neste mês as temperaturas acima da média são esperadas em parte da região Central e do Nordeste brasileiro e no Rio Grande do Sul. Abaixo da média são esperadas em Roraima, em uma pequena parte ao Norte do Baixo Amazonas, no Pará, em quase todo o Amazonas e no Acre. Temperaturas dentro da média são esperadas em uma faixa que vai desde o Amapá, passa pela parte Ocidental do Pará e do Mato Grosso e pelos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, em quase todo o estado de Minas Gerais e na parte Sul da Bahia.
As temperaturas neste mês tendem a apresentar áreas semelhantes ao mês de fevereiro, sendo, porém, maior a área com expectativa de temperaturas abaixo da média alcançando o estado do Amapá. Maior também é a área com temperaturas dentro da média, e menor a área com temperaturas com tendências de ficarem acima da média.
Com a efetivação da estação das chuvas em novembro nas principais regiões produtoras de café, o produtor deve estar atento às pragas e doenças comuns do período, bem como a nutrição das plantas.
Considerando a realização de novos plantios, após 30 dias, deve ser feita, com base no resultado da análise de solos, a primeira adubação de cobertura com nitrogênio e potássio.
Nas lavouras adultas, a dose de adubo anual recomendada, com base nas análises, deve ser distribuída durante todo o período das águas, mas o ideal é que dois terços dessa dose sejam aplicadas até o final de dezembro. Com relação à nutrição foliar, quando a planta se encontra no estádio de chumbinho, em dezembro, é o período ideal para realizar a amostragem de folhas para análise vegetal.
A parte que servirá como amostra da planta deve ser colhida no terceiro e no quarto pares de folhas, a partir do ápice de ramos produtivos, na altura média da planta. Recomenda-se a coleta de quatro folhas por planta em ambos lados da planta, totalizando 100 folhas para cada talhão. A partir da análise foliar, o produtor poderá realizar a nutrição de modo mais equilibrado e aumentar a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças e, consequentemente, aumentar também a produtividade.
Como em dezembro ocorre o início de crescimento da curva populacional da ferrugem, o produtor deve coletar amostras foliares para verificar o nível de dano da doença nas suas lavouras. Para a ocorrência da broca é também necessário fazer a coleta de amostra dos frutos para verificar o nível de dano da praga e, caso seja necessário, o controle deve ser feito aproximadamente noventa dias após a maior florada, que normalmente coincide com o mês de dezembro.
O controle de plantas espontâneas neste período também é importante para reduzir a competição destas com as plantas de café. O método de controle que mais aumenta a matéria orgânica dos solos é a realização da roçada com roçadeiras manuais, cujo rendimento de trabalho é muito eficiente. Nas lavouras que foram podadas o produtor deve ficar atento às desbrotas, e principalmente ao excesso de ramos ladrões na parte de baixo do ramo ortotrópico. Destaca-se que as lavouras que foram podadas normalmente apresentam deficiência generalizada de Zinco e Boro, e devem ser corrigidas por meio das pulverizações.
No período de chuvas mais fortes e concentradas, nas propriedades que possuem controle de erosão, deverá ser realizada a limpeza dos terraços e das caixas de contenção de águas. É importante ressaltar que é fundamental, para a conservação das estradas, a recuperação dos quebra-molas que direcionam as águas para dentro das caixas de contenção.
O mercado de café espera por dados mais confiáveis sobre a produção da safra 2021. São muitas, e diversas, as informações sobre os impactos do período mais seco (setembro/novembro) na produção do próximo ano. De forma semelhante, também são distintas as expectativas sobre os efeitos da chuva na recuperação dos níveis de produtividades das lavouras. De consenso, tem-se que haverá queda na produção de café arábica no Brasil. No entanto, a divergência está na dimensão dessa queda. Com base em observações localizadas ou em interesses comerciais, as expectativas variam de 10% a 50% em relação à produção de arábica em 2020. Aguarda-se, para antes do Natal, as estimativas da safra nacional, pela emissão da versão oficial do Boletim de Acompanhamento da Safra de Café da Conab em parceria com os principais estados produtores. De qualquer forma, pode-se antecipar que qualquer resultado será criticado pelos extremos das expectativas já formuladas.
De certo, verifica-se que o Brasil exportou em novembro, 4,3 milhões de sacas de café, devendo chegar, em 2020, a um total exportado ao redor de 44 milhões de sacas, considerando a soma de café verde, solúvel e, torrado e moído; um novo recorde histórico em volume de café exportado em um ano civil. Se somarmos às 44 milhões de sacas exportadas aos 22 milhões de sacas necessárias para atender o consumo interno, fica evidenciado a forte demanda pelo café brasileiro. Serão necessárias 66 milhões de sacas de café por ano para atender os compromissos de exportação e abastecimento do consumo interno.
Mesmo tendo esse panorama traçado, os preços internos do café arábica estão em queda neste mês de dezembro. De acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia da Universidade de São Paulo (Cepea Esalq USP), essa pressão vem da desvalorização do dólar e do recuo nos valores externos. O ritmo de negócios no mercado físico teve leve aumento na última semana de novembro, mas voltou a diminuir muito sua intensidade com o afastamento de grande parte dos vendedores. Além das recentes quedas nos valores, incertezas relacionadas à produção em 2021/22 e o alto volume já comercializado (tanto para a atual safra quanto para a próxima) também influenciam a retração de agentes. A produção de café está avaliando suas expectativas para tomar decisão. Parece prudente aguardar.
A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente, daqueles atuantes na América do Sul. Considerou-se também as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET (5º DISME)/CPTEC-INPE.
O prognóstico climático faz referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas. Desta forma, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Portanto, é de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.
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