Café não é mais lucrativo para produtores capixaba, diz pesquisa

23.09.2010 | 20:59 (UTC -3)

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA divulgou o relatório do custo da produção cafeeira no Espírito Santo, fruto de uma pesquisa do Centro de Inteligência em Mercados, realizada em Jaguaré, Iúna e Vila Valério, referências na produção de café no Estado.

Vila Valério apresentou maior custo na produção de café Conilon. Na região, são gastos R$ 9351 para a produção de 60 sacas de café por hectare. A despesa com a colheita e a pós-colheita é a mais significativa, respondendo por 53% dos custos. Dentro dessa categoria, são despendidos com a mão de obra, 29% do total, entre salários e encargos.

Dos municípios analisados, Jaguaré foi o segundo onde mais se gasta para produzir 60 sacas de café Conilon. Do valor total de R$ 7.540 por hectare, 38% é utilizado na colheita e a pós-colheita, onde estão inseridos gastos com mão de obra, mecanização e outros. Ao contrário de Vila Valério, que não utiliza máquinas e implementos no processo produtivo, Jaguaré gasta com mecanização, R$ 597,6 para a produção analisada.

“Hoje estamos pagando para produzir. Com custo operacional total de R$ 152,65, o que sobra é menos que R$ 10 para o produtor, já que a saca está sendo vendida a R$ 160. A cafeicultura está deixando a gente bastante desanimado e preocupado. As contas estão vencendo e o produtor não sabe como pagar”, enfatiza o presidente do Sindicato Rural de Jaguaré, Giovanni Sossai.

Iúna se diferencia dos outros municípios pesquisados, pois o gasto com mão de obra é nulo, já que os proprietários de terra firmam acordos com parceiros, dividindo a produção final. Então, o custo operacional total sai por R$ 2.804,58 a cada hectare, onde são produzidas nove sacas de café Arábica. Os maiores gastos estão concentrados nos insumos: fertilizantes, defensivos e corretivos.

A saca do café Arábica está sendo vendida no Espírito Santo a aproximadamente R$ 200, valor inferior ao custo operacional total de produção que está cotado a R$ 311,62, segundo a análise. A situação desestimula o cafeicultor a investir em qualidade, segundo o presidente da Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo, José Umbelino de Castro.

“Pouca gente hoje no Estado quer produzir café Arábica. Enquanto o café de terreiro bebida dura nas praças de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, vale em média R$ 320 e na zona da mata mineira é vendido a R$ 300, o do Espírito Santo possui preço inferior. Isso acontece porque quem compra não analisa a qualidade do produto”, comenta José Umbelino de Castro.

Mais informações na Faes, pelo telefone (27) 3185 9230.

Marcelle Desteffani

Iá! Comunicação

(27) 3314 5909

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