Brasil e África do Sul trocam experiências científicas

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebeu sexta-feira (29/05) a visita de uma delegação da África do Sul composta de 15 cientistas com o objetivo de identificar temas para desenvolvimento de ações conjuntas.

A idéia é buscar cooperação na área de pesquisa agropecuária, especialmente biotecnologia, agroenergia, nanotecnologia e propriedade intelectual. O principal objetivo da comitiva no Brasil é participar da primeira reunião do Comitê Conjunto de Cooperação em Ciência e Tecnologia – CCCCT, realizada logo após a visita no Palácio do Itamaraty.

A criação desse comitê é resultado de uma missão exploratória brasileira feita à África do Sul em março deste ano. A missão, composta por especialistas em ciência espacial, astronomia, biotecnologia, biodiversidade, agropecuária, energia (petróleo e carvão), mudanças climáticas, tecnologia de inovação, software aberto e agropecuária, contou com representantes de várias instituições científicas brasileiras, incluindo pesquisadores do escritório que a Embrapa mantém na África.

O componente da missão à África do Sul que tratou do setor agropecuário foi cumprido por meio de uma visita ao ARC (Agricultural Research Council), em Pretória. O ARC desenvolve pesquisas em todas as áreas da agropecuária exceto florestas. As tecnologias geradas buscam qualidade de vida da população e competitividade no agronegócio.

A história da pesquisa na África do Sul se iniciou há 100 anos atrás com a criação do Instituto de Veterinária, fundado para solucionar problemas de uma séria doença na época que dizimava os rebanhos bovinos.

Embrapa e ARC: intercâmbio científico e tecnológico

O ARC possui uma agenda de pesquisa de alta qualidade técnico-científica e poderá ser um parceiro importante da Embrapa na África. O intercâmbio entre as duas instituições será focado na troca de experiências técnico-científicas entre pesquisadores e no intercâmbio de tecnologias e material genético com base nos avanços que cada uma apresenta em suas diversas áreas de pesquisa agropecuária.

Como as áreas de interesse dos cientistas sul-africanos são, principalmente, a biotecnologia, a agroenergia e a nanotecnologia, eles assistiram a apresentações sobre esses temas e, depois, visitaram os laboratórios de biotecnologia vegetal e animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde foram recebidos pelos pesquisadores Soraya Bertiolli e Alexandre Caetano, respectivamente. Nos laboratórios de biotecnologia vegetal, conheceram as pesquisas de ponta desenvolvidas pela Unidade da Embrapa nas áreas de transformação genética de plantas com características de interesse agropecuário, como resistência a vírus e insetos, entre outras.

Na parte animal, conheceram os laboratórios de reprodução animal e os estudos genômicos que resultaram no sequenciamento do genoma bovino, um feito recente conseguido pela Embrapa em parceria com 300 cientistas de 25 países.

Visitaram também os laboratórios onde são conduzidas pesquisas de nanotecnologia através de modernos equipamentos denominados espectrômetros de massa. Essa ciência estuda objetos e partículas do tamanho de um bilionésimo de metro. A equipe de nanotecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia realiza estudos voltados à química e bioquímica de proteínas, peptídeos e toxinas. O objetivo é identificar novas moléculas com atividades biológicas relevantes para a agropecuária, como explicou o pesquisador que recebeu o grupo, Luciano Paulino (foto).

Próximos passos

A visita à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia foi o primeiro passo para a parceria científica entre Brasil e África do Sul na área de agropecuária. O próximo passo será a elaboração de um acordo de cooperação a ser assinado pela Embrapa e o ARC que vai definir as diretrizes para as ações conjuntas. Entre os principais focos dessa cooperação, estão a transferência de tecnologias entre os dois países e o intercâmbio de pesquisadores e técnicos.

Fernanda Diniz

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

(61) 3448-4769 /