Ritmo de negócios com algodão diminui e preços estão em queda
Na parcial de outubro (até o dia 26), porém, ainda há elevação de 4,02%
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) participou, nesta quinta-feira, do seminário “A contribuição do Brasil e da Dinamarca para o Desafio da Oferta Alimentar Sustentável”, em Copenhague. O evento é organizado pela Embaixada do Brasil na Dinamarca, com o apoio da Apex-Brasil, do Danish Agriculture and Food Council e do Danish Grain and Feed e contou com a participação de autoridades, empresários, investidores e acadêmicos.
O secretário de Inovação, Desenvolvimento Regional e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, destacou as boas práticas brasileiras voltadas para a sustentabilidade ambiental do setor agropecuário. Segundo ele, o mundo precisa frear o aumento da temperatura, mas conciliando com a produção de alimentos para os 2 bilhões a mais de pessoas que virão ao mundo até 2050.
“Precisamos fazer isso por meio de uma agricultura com baixíssima emissão de gases de efeito estufa, e a agricultura brasileira pode contribuir de modo decisivo para isso. O Brasil produz hoje 1 bilhão de toneladas em alimentos, fibras e bioenergia. Isso permite ao país contribuir com a alimentação de 1,5 bilhão de pessoas, enviando nossos produtos para exatos 193 países. Estamos fazendo isso com base em um processo produtivo que é descarbonizante”.
Além de descarbonizar a agricultura, o Brasil tem espaço para expandi-la sobre áreas de pastagens degradadas, sem a necessidade de desmatar os principais biomas. Nos últimos 10 anos, foram revigorados 27 milhões de hectares de pastagens e para os próximos 10 anos a meta é recuperar mais 30 milhões.
Fernando Camargo apresentou os resultados do Plano de Agricultura de Baixo Carbono, o ABC, lançado há 10 anos, bem como as metas para a próxima década, com a inclusão de novas tecnologias como a utilização de novos bioinsumos, a utilização da irrigação e a terminação intensiva de animais.
Ele lembrou que a agricultura brasileira é baseada em ciência e na adaptação ao calor tropical e disse que o Brasil fez uma revolução verde na produção de alimentos nos últimos 50 anos, superando seu problema de segurança alimentar e se tornando um grande provedor de alimentos ao mundo. “Nossa produtividade aumentou 456% e a área agrícola apenas 55% nos últimos 50 anos. Fizemos tudo isso, preservando 66% do território original brasileiro.
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, também participou do seminário, falando sobre ciência e inovação para uma agricultura mais sustentável. Moretti apresentou dados para mostrar que, usando tecnologia, o Brasil pode dobrar a produção sem promover desmatamento.
O Brasil usa atualmente 7,6% de sua área para a produção agrícola e, com técnicas como o Plantio Direto, realiza até três safras ao ano. São 70 milhões de hectares de área cultivada e 90 milhões de hectares de pastagens degradadas, que estão basicamente no Nordeste e no Centro do país, fora do bioma Amazônico. “Usando tecnologia, vamos transformar essas áreas em terras cultiváveis. Podemos dobrar a produção de alimentos, fibras e bioenergia sem tocar em uma única árvore da Amazônia”
Moretti apresentou o trabalho da Embrapa ao longo dos anos e técnicas desenvolvidas pela empresa, como a carne e a soja carbono neutro. Segundo ele, a agricultura brasileira está pronta para contribuir com a meta de uma economia sem emissão de gases de efeito estufa até 2050.
Já o assessor especial do Mapa Fernando Zelner falou sobre os principais pilares da atuação do Ministério da Agricultura, como regularização fundiária e ambiental, inclusão produtiva, inovação e produção sustentável. Ele disse que o governo federal está buscando regularizar a situação de famílias que há anos migraram para a Amazônia pois, com o título, elas podem ter acesso ao crédito, políticas públicas, assistência e melhores práticas de produção. “Se isso não for feito, processo completo, as ocupações irregulares de terras públicas continuam, um ciclo que não é interrompido”, destacou Zelner.
A inclusão de produtores da agricultura familiar na economia formal, para que possam ter crédito e acesso a mercados globais e doméstico, também foi apresentada como uma das políticas prioritárias do Mapa. Zelner apresentou no seminário ferramentas como o cooperativismo, políticas públicas de aquisição de alimentos e participação desses produtos na merenda escolar e lembrou que, durante a pandemia, o governo manteve as compras para que os agricultores familiares não tivessem uma drástica perda de renda.
O seminário contou com a participação de outros representantes governamentais de Brasil e Dinamarca, além de pesquisadores e membros da iniciativa privada. O embaixador do Brasil na Dinamarca, Rodrigo Azeredo dos Santos, disse que o objetivo do evento é promover a cooperação bilateral entre governo e empresas dos dois países, além de passar a mensagem de que a agricultura sustentável do Brasil é um caso de sucesso e contribui para a segurança alimentar do país e do mundo.
Segundo ele, o Brasil é um dos países que mais pode contribuir para cumprir o desafio de produzir mais alimentos nos próximos anos, sem necessidade de desmatamento para aumentar a produção agricola. “Com alta produtividade e a disponibilidade de terras cultiváveis, o Brasil tem um papel muito importante para ajudar na segurança alimentar nas próximas décadas”, destacou o embaixador.
A Dinamarca é uma liderança relevante nas discussões de sustentabilidade, tanto na União Europeia quanto em fóruns multilaterais importantes como a OMC e a OCDE. O país também é um parceiro estratégico para o Brasil, haja vista a disponibilidade de investimentos para projetos internacionais que atendam a rígidas exigências ambientais, sociais e de governança.
Após o evento na Dinamarca, o grupo do Ministério da Agricultura se reúne aos demais integrantes da comitiva brasileira em Glasgow, na Escócia, onde acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP26). O secretário Fernando Camargo representará o Ministério da Agricultura no evento.
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