Bayer entrega primeira carga de soja com pegada de carbono rastreada e livre de desmatamento

A iniciativa faz parte do programa global da companhia para proteção de florestas e biodiversidade

26.05.2023 | 09:55 (UTC -3)
Samara Carvalho Silva
Foto: Wenderson Araújo
Foto: Wenderson Araújo

A Bayer anunciou nesta sexta-feira (26) a entrega da primeira carga de soja brasileira com pegada de carbono mensurada, rastreada e livre de desmatamento. A iniciativa faz parte do programa global da companhia para proteção de florestas e biodiversidade, que visa mostrar como o agronegócio pode contribuir para o combate às mudanças climáticas.

A soja foi produzida pela Bom Futuro Agrícola, uma das maiores produtoras do país, localizada nos biomas Cerrado e Amazônia. A carga foi entregue à ADM, uma das maiores processadoras de grãos do mundo, que ficará responsável pelo transporte até a unidade de armazenamento. A pegada de carbono da soja foi calculada durante todo o ciclo produtivo, desde o pré-plantio até a colheita, e também na fase de transporte.

Um dos diferenciais do projeto é a garantia de que a soja vem de uma área livre de desmatamento (DCF – Deforestation and Conversion FREE Soy), que abrange cerca de 90 mil hectares de vegetação natural, incluindo reserva legal e seu excedente. Para participar do programa, os agricultores devem comprovar que não converteram áreas de vegetação natural em campos agrícolas nos últimos 10 anos, mesmo que legalmente autorizado. Além disso, eles se comprometem a preservar o excedente de vegetação natural nas suas propriedades.

O programa registrou dados primários das áreas referentes às 240 mil toneladas de soja produzidas e contabilizou uma pegada média de carbono de 861,55 CO2 eq/t. A mensuração foi feita com ferramenta (PRO Carbono Footprint), desenvolvida colaborativamente por meio de uma parceria da Bayer com a Embrapa e lastreada em uma metodologia com reconhecimento internacional, a análise do ciclo de vida (ACV). “É uma diferença considerável quando comparamos com valores disponíveis nas bases de dados reconhecidas internacionalmente e que indicam que a pegada média de carbono da soja brasileira é de 2600 kg CO2 eq/t. Essas bases comparativas são uma referência para avaliar a eficiência do processo produtivo. No entanto, é importante ressaltar que, à medida que o conhecimento científico avança, essas referências devem ser constantemente atualizadas para permitir informações mais precisas”, explica Fabio Passos, diretor do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina.

Nos próximos meses, outras iniciativas de reforço à estratégia de sustentabilidade serão anunciadas pela multinacional como parte do Bayer Proteção de Florestas. O programa será lançado primeiramente no Brasil, com iniciativas focadas no apoio à produção sustentável nas cadeias de grãos e fibras, e à criação de valor para agricultores que contribuem para a preservação da vegetação natural. Dessa forma, a Bayer junto com agricultores e parceiros buscará construir soluções para a geração de impacto positivo para a natureza.

O programa PRO Carbono Commodities é uma das ações da Bayer para reforçar sua estratégia de sustentabilidade, que tem como meta reduzir em 30% as emissões de gases de efeito estufa na cadeia agrícola até 2030. A empresa também oferece soluções inovadoras para aumentar a produtividade e a rentabilidade dos agricultores, ao mesmo tempo em que preserva os recursos naturais.

Como funciona

A carga de soja produzida com pegada mensurada é auditada pelo Bureau Veritas, como terceira parte independente, e entregue à ADM com qualificação da origem, contendo as informações rastreáveis de produção e cálculo das emissões, e em consonância com análises socioambientais. Dessa forma, atestam estar sem sobreposição com terra indígena ou território quilombola e unidades de conservação, condições de trabalho análogas à escravidão, lista de áreas embargadas pelas autoridades de meio ambiente (IBAMA, SEMA e ICMBio), além da conformidade ambiental com o Código Florestal e avaliações do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Com esse sistema de rastreabilidade via QRCode e blockchain, a Bayer propicia uma maior transparência e confiança sobre a origem dos grãos para toda a cadeia, indo além do que existe no mercado atualmente. O projeto também apoia os agricultores participantes com recomendações agronômicas para que a produção seja cultivada sob um conjunto de práticas regenerativas que ajudam a reduzir as emissões de carbono.

O PRO Carbono Commodities é um desdobramento do PRO Carbono, iniciado em 2021 com 1,9 mil agricultores brasileiros, no qual é feito um trabalho para ampliar a produtividade no campo e o sequestro de carbono no solo pela intensificação de práticas regenerativas.

“Começamos ajudando o agricultor a entender melhor a dinâmica do sequestro de carbono no solo e a partir desses aprendizados, agora estendemos nosso olhar também para toda a cadeia de valor, em busca da criação de um ecossistema que ajude as empresas a reduzir suas emissões ao longo do processo produtivo”, afirma Fabio Passos. “Estamos fazendo isso com base em ciência para promover uma agricultura cada vez mais regenerativa, que proteja a vegetação natural e apoie a descarbonização da indústria.”

“Para nós da ADM é um privilégio participar como parceiros junto à Bayer e à Embrapa no desenvolvimento desta metodologia que apoia o produtor rural no Brasil e visa a preservação de florestas e uma agricultura ainda mais sustentável e regenerativa. A prática de uma agricultura que fixe mais carbono no solo e que reduza as emissões de CO2 está alinhada com os nossos compromissos ambientais, portanto a entrega de processos e produtos sustentáveis para um consumidor cada vez mais exigente é nossa prioridade”, comenta Luciano Souza, diretor de grãos da ADM América do Sul.

"Entendemos que será uma grande oportunidade de apresentar ao mundo nossas práticas de agricultura sustentável, que protegem a vegetação natural, evitam o desmatamento e apoiam os esforços globais de descarbonização", diz Fernando Maggi Scheffer, diretor presidente da Bom Futuro.

Florestas indispensáveis

No programa Bayer Proteção de Florestas, o PRO Carbono Commodities se soma a outras frentes de ações que serão lançadas nos próximos meses. A ideia é desenvolver novos modelos de negócio e iniciativas que possam ser escaláveis para tornar a agricultura parte da solução no combate às mudanças climáticas e no desafio de preservar biomas.

"Queremos comprovar, por meio de conhecimento científico e de ações construídas junto aos agricultores, que a floresta é indispensável para uma agricultura sustentável. Mais do que mostrar a correlação entre os dois e a importância do equilíbrio do ecossistema, a Bayer criará propostas de valor efetivas para que os produtores produzam com mais eficiência ao mesmo tempo em que contribuem para reforçar a sustentabilidade na agricultura e a descarbonização nas cadeias”, diz Márcio Santos, líder comercial da divisão agrícola da Bayer no Brasil.

Nos últimos anos, a Bayer tem desenvolvido diversas iniciativas que colaboram para que a companhia cumpra uma série de compromissos de sustentabilidade até 2030; dentre eles, tornar-se neutra em carbono, reduzir em 30% as emissões de gases do efeito estufa em culturas chave nas principais regiões que atua e reduzir em 30% o impacto ambiental de seus produtos para proteção de cultivos.

“A sustentabilidade está no centro da nossa estratégia, guiando não apenas nossas operações, mas o desenvolvimento de novos produtos e modelos de negócio para ajudar a moldar o futuro da agricultura. Sabemos que o setor tem um grande potencial de contribuir para a preservação da biodiversidade e a mitigação da crise climática. Temos visto muitos agricultores dispostos a encarar esse desafio, abertos a adotar novas soluções e aprimorar sistemas de manejos regenerativos. Queremos inspirar outros a seguirem esse exemplo”, finaliza Santos.

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