Atraso na moagem e crescimento nas vendas de etanol marcam início da safra 2019/2020

Quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras da região Centro-Sul totalizou 38,63 milhões de toneladas na 1ª metade de maio

23.05.2019 | 20:59 (UTC -3)
Annamaria Bonanomi

A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras da região Centro-Sul totalizou 38,63 milhões de toneladas na 1ª metade de maio, retração de 9,71% sobre o valor apurado na mesma quinzena da safra 2018/2019 – 42,78 milhões de toneladas. No acumulado do ciclo 2019/2020 até o dia 15 deste mês, a moagem atingiu 84,15 milhões de toneladas - queda de 18,27% sobre o ano anterior.

O diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, explica que “a safra 2019/2020 registra retração na moagem de aproximadamente 20 milhões de toneladas, cuja recuperação dependerá muito do aproveitamento do tempo nas próximas quinzenas”. As unidades que produzem açúcar e etanol (anexas) atingiram uma participação de 83% na moagem de cana no início desta safra e apresentaram uma redução no rendimento industrial de 4,5 quilos de açúcar por tonelada de cana processada, quando comparada com a produção de açúcar na mesma quinzena da safra anterior. Esses elementos indicam uma safra mais alcooleira até o momento, acrescentou Rodrigues.

Considerando unidades anexas e autônomas, 32,29% da cana processada foi direcionada à produção de açúcar desde o início do ciclo 2019/2020 até 15 de maio, inferior aos 35,15% observados até a mesma data de 2018.

Qualidade da matéria-prima e produtividade agrícola

A qualidade da matéria-prima processada na primeira quinzena de maio, mensurada a partir da concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), registra sensível retração de 6,70%, atingindo 119,65 kg por tonelada em 2019 contra 128,24 kg verificados na mesma quinzena do último ano.

“A perda de 8,5 quilos de ATR por tonelada reflete diretamente sobre o mix de produção. Caso não houvesse a retração, apenas 34% do ATR disponível deveria ter sido direcionado para produção de açúcar – percentual inferior ao efetivamente apurado de 36,22% na primeira quinzena de maio”, concluiu Rodrigues.

Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) a partir de uma amostra comum de 114 empresas indicam redução de 1,39% na produtividade agrícola do canavial colhido em abril na comparação com o mesmo período da safra anterior (82,20 toneladas por hectare nesse ano, versus 83,36 toneladas por hectare no ciclo anterior).

Portanto, até o momento os dados não indicam aumento da produtividade agrícola. A retração de rendimento, acrescida da menor qualidade da matéria-prima, resulta em uma redução próxima a 480 quilos de ATR por hectare colhido até 15 de maio.

Produção de açúcar e etanol

Reflexo da menor disponibilidade de cana-de-açúcar e do mix mais alcooleiro, a produção de açúcar caiu 16,34%: 1,59 milhão de toneladas nos primeiros 15 dias de 2019, ante 1,91 milhão de toneladas em igual quinzena do ano anterior. Nesse mesmo período, a produção de etanol diminuiu 14,28%, somando 1,78 bilhão de litros na corrente safra.

No caso do etanol hidratado, o volume produzido atingiu 1,22 bilhão de litros, retração de 13,99% em relação a mesma quinzena do ciclo 2018/2019. A fabricação de etanol anidro, por sua vez, totalizou 559,85 milhões de litros – recuo de 14,90%.

Em relação ao etanol de milho, 49,91 milhões de litros foram fabricados na primeira metade de maio. Entre abril até o dia 15 deste mês, foram 150,55 milhões de litros, crescimento de 67,02% sobre o volume apurado para o mesmo período de 2018.

No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar alcançou 2,97 milhões de toneladas. Já o volume acumulado de etanol atingiu 4,01 bilhões de litros, sendo 954,00 milhões de litros de etanol anidro e 3,06 bilhões de litros de etanol hidratado.

Em relação ao número de unidades em operação, 236 empresas registraram moagem até 15 de maio, versus 248 até igual data do último ano. Para a 2ª quinzena deste mês, a expectativa é de que 11 usinas iniciem safra.

Vendas de etanol

O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras do Centro-Sul somou 1,32 bilhão de litros na primeira quinzena de maio, crescimento de 15,89% em relação a igual período de 2018 (1,14 bilhão de litros).

No mercado interno, a venda de etanol hidratado permaneceu aquecida, totalizando 934,72 milhões de litros, o maior volume já registrado para uma primeira quinzena de maio na série histórica. Essa quantidade representa um aumento de 21,53% sobre o montante apurado no mesmo período de 2018 (769,14 milhões de litros).

Em relação ao comércio de etanol anidro no mercado doméstico, houve um crescimento de 16,35% em relação a mesma quinzena do ano passado: 382,36 milhões de litros vendidos em 2019, contra 328,63 milhões de litros em 2018. Esse resultado reflete as transferências do aditivo para o consumo pela região Norte-Nordeste.

Desde o início da safra, as vendas de etanol pelo Centro-Sul somaram 3,83 bilhões de litros, sendo 64,66 milhões de litros para exportação e 3,77 bilhões ao mercado interno – com destaque para as vendas internas de etanol hidratado que acumulam alta de 30,85% nesse período.

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