Artigo: O papel do Engenheiro Agrônomo no desenvolvimento do agronegócio brasileiro

08.10.2012 | 20:59 (UTC -3)
Juarez Morbini Lopes

A produção de alimentos no Brasil sofreu um incremento significativo nestes últimos anos, fruto do trabalho incansável dos Engenheiros Agrônomos, que juntamente com profissionais de outras áreas, desenvolveram novas técnicas de cultivo, selecionaram e colocaram à disposição dos agricultores cultivares e variedades de plantas adaptadas não só aos solos de cada região, mas também ao clima de cada uma delas. Deve-se salientar o papel dos pesquisadores das Universidades, da EMBRAPA e de outros Centros de Pesquisa, que permitiram aos nossos produtores rurais várias opções tecnologias e produtos, permitindo assim que obtenham maiores lucros nos seus empreendimentos.

Dentre as novas tecnologias, desenvolvidas pelos Engenheiros Agrônomos, destaca-se a do plantio direto, que preserva o solo ao diminuir a erosão e aumenta a sua fertilidade, utiliza menos combustível, pois não se faz aração e gradagem, diminuindo os custos de produção e ainda reduzindo o impacto ambiental, através do menor uso de defensivos agrícolas. Vinte anos atrás, usava-se 70 litros de diesel para produzir 1 tonelada de soja, e atualmente com esta prática, para se produzir este mesmo volume são necessários apenas 7 litros de combustível. O plantio direto tem aumentado muito nestes últimos anos e estima-se estar entre 85 e 90% da área plantada no Brasil, sendo o país que mais utiliza esta técnica inovadora.

A produção brasileira de grãos que em 1998 era de 76 milhões de toneladas, em 2012 alcançou o valor de 165 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 117%, sendo que a área cultivada passou de 35 milhões de hectares para 51 milhões de hectares, que representa um incremento de apenas 46%. Isto mostra que produzimos muito mais em menor espaço de terra, resultado da ação dos nossos agricultores, orientados pelos Engenheiros Agrônomos.

Outro dado importante é o que se refere às importações e exportações brasileiras. De janeiro a julho, o Brasil importou 128 milhões de dólares, sendo apenas 9 milhões pelo agronegócio, no entanto, as exportações atingiram 138 milhões de dólares, e o agronegócio foi responsável por 54 milhões deste total. Isto representa dizer que, o agronegócio brasileiro produz 39% das nossas exportações, o que lhe dá destaque importante na economia brasileira.

Na área de produção animal, linhagens de maior desempenho produtivo foram obtidas, aliadas às descobertas e inovações no campo da alimentação e da nutrição. Nossa produção de carnes de aves, suínos e bovinos sofreu incrementos significativos, hoje comparáveis aos países que utilizam as mais modernas tecnologias.

Atualmente o Brasil é o primeiro produtor mundial de café, suco de laranja e açúcar, segundo maior em soja e carne bovina, e terceiro em produção de carne de frangos. Por outro lado, somos os maiores exportadores mundiais destes seis produtos.

Nosso país é atualmente visto internacionalmente como o maior potencial mundial de produção de alimentos, pois ainda temos uma fronteira agrícola inexplorada de mais de 150 milhões de hectares.

Entretanto, não podemos nos ufanar de ser exportadores de grãos, ou de outras matérias-primas. Temos de pensar em industrializar nossos produtos e exportá-los com maior valor agregado, pois estamos deixando a “parte do leão” para quem os importa e os industrializa, gerando mão de obra local e ainda exportando os subprodutos gerados pela indústria. É o caso da soja, em que os países importadores levam o nosso grão, extraem o óleo e depois exportam (inclusive para o Brasil) o farelo para utilização na alimentação animal ou em outros nichos de mercado, muitas vezes com valor superior ao do próprio grão.

Mas este é um problema de política governamental para o desenvolvimento do parque industrial do país. Nós Engenheiros Agrônomos estamos fazendo a nossa parte, esperando que os políticos e o governo façam a sua.

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