Como avança o processo de modernização da agricultura
A tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas continua evoluindo rápida e constantemente. E neste processo de modernização da mecanização agrícola, mão de obra qualificada e conexão s&a
Cultivar arroz daquela forma tradicional, inundado, tem dado espaço em muitas áreas no Rio Grande do Sul, para uma maneira mais moderna, o semeado sob o pivô de irrigação. Esta é uma importante conquista a ser celebrada neste 31 de outubro, Dia Internacional do Arroz. Os orizicultores têm de fato procurado a ajuda das novas tecnologias para manter a produção do cereal sustentável, melhorando a qualidade do grão, gastando menos e economizando água. É exatamente o caso do produtor Felipe Sangalli Dias, engenheiro agrônomo, sócio-proprietário e gestor da Fazenda Santa Júlia, em Aceguá, no Sul do Estado, que depois de muitos anos produzindo por inundação, fez uma pausa na produção e retomou o cultivo em 2019 utilizando os pivôs para irrigação.
Na fazenda com área própria total de 420 hectares (ha) mais 133 ha arrendados, o produtor e o irmão plantavam o cereal de forma convencional até 2012, quando por questões de mercado optaram por parar com o cultivo. “De lá para cá, nós seguimos fazendo pecuária, depois introduzimos a cultura da soja, e começamos a produção de sementes forrageiras. No ano passado, resolvemos voltar com o arroz, numa área mais restrita, com uma lavoura menor e irrigada por aspersão e pivô central”, conta Dias.
Em 2019 eles retomaram com a orizicultura com o intuito de realizar a rotação de culturas com a soja. “A decisão no passado de parar de plantar arroz, foi porque nós não estávamos tendo uma rentabilidade boa. Agora, eu parto para esse novo meio de produção” , explica Sangalli que hoje possui três pivôs nas áreas.
O primeiro equipamento foi adquirido em 2016 para utilização em outros cultivos, como a soja. Vendo exemplos no próprio Estado, o produtor resolveu partir para o pioneirismo na região e fazer a rotação de culturas. “Fazendo as contas, tudo isso permitia uma redução de custo, mesmo com a questão mercadológica complicada, eu tenho um custo de lavoura de arroz de R$ 2.000/ha a menos que o padrão, eu achei assim que poderia ter rentabilidade. Foi aí que eu resolvi arriscar e fazer”, relata o orizicultor.
Segundo o Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA), os custos e tecnologia de produção giram em torno de R$ 7.500/ha, enquanto Felipe em 2019, gastou R$ 5.300. Ou seja, para ele, mesmo se o cereal estivesse com vendas à preços baixos – mesmo não sendo o que está acontecendo hoje no mercado -, ele estaria com uma rentabilidade boa. “Essa questão de mercado, foi também sorte. Eu fiz o planejamento da lavoura, esperando um preço de R$ 42, mas o faturamento foi em média de R$ 60 por saca, algumas negociadas até a R$ 97. Um preço histórico”, celebra Dias.
O orizicultor utiliza os pivôs Zimmatic by Lindsay, multinacional especialista em tecnologias para sistemas de irrigação. Além disso, outra ferramenta adotada é o FieldNET importante solução da empresa que o ajuda no manejo remoto da irrigação nos mais de 30 hectares plantados nesta safra. “Com a ajuda do pivô eu consigo ter todos esses controles na lavoura. Utilizo o FieldNET e não vivo sem. Essa diferença toda de custo que obtive na safra passada, muito se deve ao método de irrigação. No tradicional eu preciso de bastante pessoas para conduzir a água. Já com o pivô, eu programo no celular, coloco a irrigação e está feito. Eu mesmo faço esse serviço, não preciso de um terceiro para fazer isso”, destaca ele.
O agronegócio está na família de Felipe há algumas gerações. Do avô passou para o pai e agora para ele e o irmão. “Em 1989 quando o meu avô faleceu. Meu pai assumiu. Naquele tempo era só pecuária extensiva, sem muita tecnologia e a cultura de arroz era muito atrativa no método tradicional. Tanto que nas primeiras decisões do meu pai e do meu tio, que trabalhavam juntos na época, foi de fazer uma barragem para poder plantar arroz”, conta.
Foi com o cultivo do cereal que a família saiu só da pecuária e ingressou na agricultura. Mas, em meados dos anos 2000 eles sentiram as baixas no mercado e no caso particular deles, de 2005 a 2007 passaram por dois anos de redução de lavoura, pois conforme relata Dias, não choveu o suficiente, a represa da fazenda não encheu e eles não tinham água suficiente. “Em 2007 nós não plantamos absolutamente nada, porque não tinha água para plantar. Isso é muito ruim para o negócio, já que o produtor é altamente dependente de uma cultura e pela falta desse insumo a gente não consegue irrigar”, explica.
Passados os anos difíceis, e o retorno a produção do arroz, eles só têm a comemorar, até na economia da água. “Da forma como produzimos hoje, utilizamos apenas 40% da água que era usada no sistema tradicional. Tanto é que a represa na propriedade para irrigar 70 hectares é a mesma que eu tenho para irrigar 200 hoje e ainda sobra. É muita eficiência!”, finaliza.
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