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A parceria entre a Sociedade de Agronomia do RS (SARGS) e instituições de pesquisa e iniciativa privada resultou numa série de treinamentos para assistência técnica e produtores rurais em agricultura conservacionista. O objetivo foi sensibilizar para o aumento nos custos de produção em função da degradação do solo e promover a busca conjunta por soluções.
No Brasil, são estimadas perdas de 616,5 milhões de toneladas de terra ao ano, decorrentes do processo de erosão do solo em lavouras anuais, e custos da ordem de US$ 1,3 bilhão ao ano (IAC, 2015). Os problemas relacionados à degradação do solo são percebidos pelo produtor no aumento na demanda de fertilizantes, levados pela chuva nos processos de erosão, e nas perdas das lavouras por estiagens de curta duração, resultado da compactação que impede o armazenamento de água no solo e disponibilidade às plantas.
A estagnação no rendimento de grãos tem chamado a atenção dos pesquisadores: “a média nacional de rendimento de soja estabilizou no ano 2003, com 2.816 kg/ha, visto que a média no período de 2004 a 2018 é de apenas 2.784 kg/ha. O limitante desta estabilização está na degradação do solo, já que os demais fatores tecnológicos continuam evoluindo, com cultivares mais produtivas, defensivos mais eficientes, novos conhecimentos em manejo”, alerta o pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin.
Como os problemas com compactação do solo ocorrem em, praticamente, todas as áreas de cultivo sob Plantio Direto no Brasil, a Embrapa conduz estudos em 11 estados. No Rio Grande do Sul, a parceria da SARGS com a Embrapa, além de outras instituições, está voltada à qualificação da assistência técnica e produtores rurais.
Neste ano, já foram realizados quatro treinamentos, atingindo 150 técnicos, com ampliação dos conhecimentos para o produtor durante um dia de campo, realizado na Embrapa Trigo em 10 de outubro, que reuniu 250 participantes. “A partir da capacitação dos profissionais de assistência técnica vimos a necessidade de convencer o usuário final, responsável por fazer acontecer o processo de mudança no campo” conta o representante da SARGS, Humberto Dauber, lembrando que as instituições reunidas em torno do projeto estão propondo ações simples e práticas, com resultados tangíveis, possíveis de adoção por qualquer propriedade rural gaúcha.
“A próxima etapa é integrar nessa discussão os cursos de Agronomia do Rio Grande do Sul. Ainda existem lacunas na formação dos profissionais na área de solos que precisam ser revistas. Acreditamos que o engenheiro agrônomo é um insumo na lavoura, que precisa impactar mais nos resultados”, avalia o professor da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Pedro Selbach.
As ações em agricultura conservacionista foram realizadas através da iniciativa da Sociedade de Agronomia do RS (SARGS), com apoio da Embrapa Trigo, UFRGS, Emater/RS, UPF e patrocínio da Syngenta. A meta é atingir 1.800 pessoas, com a troca de conhecimentos servindo de base para a publicação do Manual de Boas Práticas da Agricultura Conservacionista, prevista para o próximo ano.
Agricultura Conservacionista
A agricultura conservacionista reúne um complexo de tecnologias e inovações de processo, serviço e produto, que atuam de forma integrada e dependentes umas das outras, com o objetivo de preservar, melhorar e otimizar os recursos naturais, mediante o manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade, devidamente compatibilizado com o uso de insumos externos. Na prática, visa expressar o potencial genético das espécies cultivadas através da maximização do fator ambiente e do fator solo, sem, contudo, degradar os recursos naturais, atuando como um mecanismo de transformação, reorganização e sustentação da produção agrícola.
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