
Melanagromyza sojae é conhecida como mosca-da-haste-da-soja.
Trata-se de praga agrícola pertencente à família Agromyzidae, que abrange espécies de insetos dípteros caracterizadas por larvas minadoras que se alimentam dos tecidos internos das plantas.
Essa espécie é particularmente relevante no contexto da agricultura global, especialmente para cultivos de soja (Glycine max).
Etiologia
A mosca-da-haste-da-soja foi primeiramente descrita como um organismo especializado em leguminosas, com preferência por cultivos como a soja.
Sua classificação taxonômica reflete sua posição evolutiva dentro do reino animal:
- Reino: Animalia
- Filo: Arthropoda
- Classe: Insecta
- Ordem: Diptera (insetos com dois pares de asas)
- Família: Agromyzidae (moscas minadoras de plantas)
- Gênero: Melanagromyza
- Espécie: Melanagromyza sojae
Essa espécie é adaptada para explorar hospedeiros específicos, como plantas da família Fabaceae -- como soja, feijão (Phaseolus vulgaris) e lentilha (Lens culinaris).
A origem exata de Melanagromyza sojae ainda é tema de estudos, mas sua distribuição está amplamente associada a regiões tropicais e subtropicais, onde condições climáticas favoráveis permitem seu desenvolvimento.
Características morfológicas
Adultos: são pequenos insetos dípteros, medindo entre 2 e 3 mm de comprimento. Apresentam corpo alongado, de coloração escura (preta ou marrom), com brilho metálico em algumas áreas. As asas são membranosas, translúcidas e típicas dos dípteros, utilizadas para voar e localizar hospedeiros adequados. Possuem antenas curtas com três segmentos, usadas para detectar sinais químicos emitidos pelas plantas.
Larvas: são vermiformes, de coloração branca ou amarelada, medindo cerca de 4 a 6 mm quando totalmente desenvolvidas. Não possuem patas ou olhos funcionais, sendo adaptadas para alimentar-se exclusivamente dos tecidos internos das plantas hospedeiras. Sua forma simplificada permite movimentação eficiente dentro das galerias que criam nos tecidos vegetais.
Pupas: o estágio pupal ocorre após o término do desenvolvimento larval. As pupas são inicialmente brancas, mas escurecem gradualmente à medida que os adultos se desenvolvem. Podem ser encontradas no solo ou nas hastes secas das plantas hospedeiras, dependendo das condições ambientais.
Biologia
O ciclo de vida de Melanagromyza sojae inclui quatro estágios distintos: ovo, larva, pupa e adulto. Cada fase possui características específicas que influenciam a interação da praga com o ambiente e os hospedeiros.
As fêmeas depositam seus ovos individualmente ou em pequenos grupos nas hastes ou entrenós das plantas hospedeiras. A postura geralmente ocorre na região basal ou média das hastes, onde as condições são mais favoráveis para o desenvolvimento larval. O período de incubação varia de 2 a 5 dias, dependendo da temperatura e umidade.
Após a eclosão, as larvas penetram rapidamente nos tecidos vegetais, onde começam a se alimentar dos parênquimas e tecidos vasculares. Criam galerias longitudinais ou transversais, interrompendo o fluxo de nutrientes e água. Esse estágio dura cerca de 7 a 15 dias, durante os quais as larvas causam os danos mais severos às plantas.
Após completar o desenvolvimento larval, as larvas abandonam as galerias e pupam no solo ou permanecem nas hastes secas das plantas. O período pupal dura aproximadamente 5 a 10 dias, após o qual emergem os adultos.
Os adultos emergem das pupas e iniciam o ciclo reprodutivo. Vivem por cerca de 10 a 15 dias, durante os quais se alimentam de néctar, pólen ou exsudações vegetais e realizam a postura de novos ovos, reiniciando o ciclo. A reprodução é favorecida por temperaturas amenas (20°C a 28°C) e alta umidade relativa (>70%).
Comportamento alimentar:
- Adultos: não causam danos diretos às plantas, pois se alimentam de fontes externas, como néctar e pólen. No entanto, sua presença indica a possibilidade de postura de ovos.
- Larvas: são responsáveis pelos danos econômicos, pois se alimentam dos tecidos internos das hastes, criando galerias que enfraquecem estruturalmente as plantas e comprometem sua funcionalidade.
Condições favoráveis ao seu desenvolvimento:
- Temperatura amena (20°C a 28°C) favorece o desenvolvimento da praga.
- Alta umidade relativa (>70%) é essencial para a sobrevivência e reprodução.
- Clima subtropical e tropical: essas condições climáticas são especialmente propícias, explicando a maior incidência de Melanagromyza sojae em regiões como Brasil, Argentina e outros países produtores de soja.
Danos causados
Os danos causados por Melanagromyza sojae estão diretamente relacionados ao comportamento alimentar das larvas. Os principais impactos incluem:
- Mineração interna nas hastes: interrupção do fluxo de nutrientes e água, levando ao enfraquecimento estrutural.
- Tombamento e quebra das plantas: enfraquecimento das hastes torna as plantas suscetíveis ao tombamento ou quebra.
- Redução da produtividade: menor número de vagens, grãos menores e malformados, além de maturação precoce ou morte das plantas.
- Facilitação de doenças secundárias: galerias servem como portas de entrada para fungos e bactérias patogênicas.
Em casos graves, infestações podem causar perdas de até 30% ou mais na produtividade de soja, dependendo da intensidade da infestação e das condições ambientais.
Embora a soja seja o principal hospedeiro, outras leguminosas, como feijão, lentilha, grão-de-bico (Cicer arietinum) e ervilha (Pisum sativum), também podem ser atacadas.
Plantas daninhas relacionadas, como crotalárias (Crotalaria spp.) e mucunas (Mucuna spp.), desempenham um papel importante como hospedeiras alternativas, contribuindo para a manutenção e proliferação da praga.
Estratégias de controle
Para mitigar os danos causados por Melanagromyza sojae, recomenda-se adotar um manejo integrado de pragas.
- Controle cultural: rotação de culturas, eliminação de restos culturais e controle de plantas daninhas hospedeiras alternativas.
- Controle biológico: uso de predadores naturais e microorganismos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana.
- Controle químico: aplicação de inseticidas sistêmicos ou de contato no início do ciclo da praga (clique aqui para ver pesticidas registrados contra Melanagromyza sojae)
- Monitoramento: uso de armadilhas adesivas e inspeção visual periódica das plantas.