
As formigas cortadeiras pertencem a dois principais gêneros: Atta, conhecidas como saúvas, e Acromyrmex, chamadas de quenquéns.
Ambas são caracterizadas pelo hábito de cortar e transportar partes de vegetais para seus ninhos, onde cultivam fungos para alimentação.
Culturas atacadas
Essas formigas podem atacar diversas culturas agrícolas, causando desfolha em plantas como macadâmia, eucalipto, citros, café e outras culturas florestais e frutíferas. O ataque pode ser severo em mudas, dificultando seu crescimento e desenvolvimento.
Biologia
As formigas cortadeiras vivem em colônias organizadas, com castas especializadas: operárias, soldados, reprodutores e rainha.
Durante a fase reprodutiva, os indivíduos alados (macho e fêmea) participam da revoada para acasalamento.
A fêmea fecundada inicia a formação de uma nova colônia ao perfurar o solo e ovipositar, tornando-se a rainha do formigueiro.
As operárias, que variam de tamanho, desempenham diferentes funções na colônia, como cortar folhas, cuidar do fungo cultivado e defender o ninho.
Os soldados possuem mandíbulas mais robustas e são responsáveis pela proteção do formigueiro.
As saúvas formam ninhos subterrâneos profundos e extensos, com milhares de indivíduos.
Já as quenquéns possuem colônias menores, podendo construir ninhos tanto no solo quanto sobre árvores e troncos caídos.
O fungo cultivado nos ninhos é essencial para a sobrevivência da colônia, sendo a principal fonte de alimento para as formigas.
Ecologia e características
As saúvas formam grandes ninhos subterrâneos com extensas galerias e câmaras para armazenamento de folhas e cultivo de fungos. Elas criam trilhas bem definidas entre o ninho e as áreas de forrageamento.
As quenquéns, menores que as saúvas, podem construir ninhos no solo ou sobre árvores, utilizando folhas e gravetos. Seus ninhos são menos volumosos e mais difíceis de localizar, especialmente quando estão escondidos sob troncos ou massas vegetais.
Danos
As formigas cortadeiras desfolham plantas, afetando seu crescimento. O ataque começa nas folhas mais jovens e pode comprometer mudas, levando à redução da produtividade.
A severidade depende do tamanho da colônia e da disponibilidade de recursos. A desfolha pode ser parcial ou integral, sendo mais intensa em condições de clima seco e temperaturas elevadas.
Os ninhos das saúvas são mais fáceis de identificar devido à movimentação de solo ao redor das entradas e ao uso de trilhas bem definidas.
As quenquéns são menos agressivas, mas seus ninhos subterrâneos podem dificultar a identificação e o controle.
Métodos de controle
- Controle biológico: pesquisas indicam que fungos como Beauveria bassiana, Trichoderma harzianum e Metarhizium anisopliae podem ser eficazes no controle das formigas, atacando diretamente o jardim de fungos cultivado pelas colônias.
- Controle cultural: a manutenção de vegetação nativa ao redor das lavouras favorece a presença de inimigos naturais das formigas. O manejo adequado da área pode reduzir infestações, equilibrando a população desses insetos.
- Controle mecânico: o revolvimento do solo antes do plantio pode destruir colônias recém-formadas. No entanto, esse método é ineficiente para formigueiros subterrâneos profundos. Nos ninhos das quenquéns instalados em árvores, a remoção manual pode ser eficaz. A instalação de barreiras físicas, como cones plásticos no caule das plantas, impede o acesso das formigas à parte aérea. Fitass adesivas e materiais fibrosos também podem dificultar a locomoção dos insetos.
- Controle químico: o uso de iscas formicidas é um dos métodos mais eficazes. Essas iscas contêm atrativos como bagaço de laranja impregnado com inseticidas e são levadas pelas formigas para dentro do ninho, contaminando a colônia. Formicidas em pó e líquidos termonebulizáveis também são utilizados para erradicar colônias subterrâneas.
Pesticidas contra formigas "Atta sp."
Pesticidas contra formigas "Acromyrmex sp."
- Controle orgânico: a utilização de bioiscas contendo Tephrosia candida, que possui princípios ativos naturais, é uma alternativa para o controle de formigas cortadeiras em sistemas de produção orgânica.