Elaphria spp.

17.03.2025 | 08:53 (UTC -3)
Foto: Fundação Rio Verde
Foto: Fundação Rio Verde

As espécies Elaphria agrotina e Elaphria deltoides, pertencentes à família Erebidae, são lepidópteros que desempenham um papel significativo como pragas agrícolas em diversas regiões do Brasil.

Embora não sejam tão amplamente conhecidas quanto outras pragas de maior impacto econômico, como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) ou a broca-do-café (Hypothenemus hampei), essas espécies apresentam características biológicas e ecológicas que as tornam relevantes no contexto agrícola.

A classificação taxonômica de Elaphria spp.:

  • Domínio: Eukaryota
  • Reino: Animalia
  • Filo: Arthropoda
  • Classe: Insecta
  • Ordem: Lepidoptera
  • Família: Erebidae
  • Gênero: Elaphria

Nomes comuns

No campo agrícola, Elaphria agrotina e Elaphria deltoides são frequentemente referidas como "lagartas-elafrias" ou "traças-elafrias".

Esses nomes comuns refletem sua aparência e comportamento, sendo "lagartas" o estágio larval mais prejudicial e "traças" uma referência às mariposas adultas.

Culturas atacadas

As espécies de Elaphria são pragas polífagas: têm a capacidade de atacar uma ampla variedade de plantas cultivadas.

Entre as principais culturas afetadas estão:

  • Arroz: ataques ocorrem principalmente nas folhas jovens, prejudicando o desenvolvimento inicial da cultura.
  • Hortaliças: espécies como tomate, pimentão e feijão também podem ser alvos dessas pragas, resultando em perdas econômicas para pequenos e médios produtores.
  • Milho: as lagartas alimentam-se das folhas e das estruturas reprodutivas, como espigas, reduzindo significativamente a produtividade.
  • Plantas invasoras e espontâneas: além dos cultivos comerciais, Elaphria spp. utilizam plantas invasoras como hospedeiras alternativas, facilitando sua dispersão para áreas agrícolas próximas.
  • Soja: a desfolha parcial ou total compromete a fotossíntese e o crescimento da planta, especialmente em estágios iniciais.

A polifagia dessas espécies amplia seu impacto, pois permite que explorem diferentes recursos alimentares e se adaptem a diversos ambientes agrícolas.

Biologia

O ciclo biológico de Elaphria agrotina e Elaphria deltoides segue o padrão típico dos lepidópteros holometábolos, com quatro fases distintas: ovo, larva, pupa e adulto.

Fase de ovo: as fêmeas adultas depositam os ovos isoladamente ou em pequenos grupos sobre as folhas das plantas hospedeiras. Os ovos são pequenos, com coloração inicialmente clara que escurece à medida que o desenvolvimento embrionário avança. O período de incubação varia entre 3 e 7 dias, dependendo das condições climáticas.

Fase larval: as lagartas jovens apresentam coloração clara (verde ou amarelada) com manchas longitudinais, enquanto as lagartas maduras adquirem cores mais escuras (marrom ou cinza). Durante a fase larval, as lagartas passam por 5 a 6 instares, separados por mudas (ecdise). São predominantemente noturnas, alimentando-se ativamente durante a noite e permanecendo escondidas durante o dia sob folhas ou restos vegetais. A duração dessa fase varia entre 20 e 30 dias.

Fase de pupa: após completarem o desenvolvimento larval, as lagartas buscam locais protegidos, como o solo ou restos vegetais, para iniciar a transformação em pupas. As pupas são robustas, com coloração marrom ou escura, e duram aproximadamente 10 a 15 dias.

Fase adulta: os adultos são mariposas de tamanho médio, com envergadura de 3 a 4 cm e coloração predominante em tons de cinza, marrom ou verde. Apresentam comportamento noturno, sendo mais ativos ao entardecer e durante a noite. A longevidade dos adultos varia entre 7 e 15 dias, tempo suficiente para realizar a reprodução. O ciclo completo, desde o ovo até o adulto, dura aproximadamente 30 a 45 dias em condições favoráveis (temperatura entre 25°C e 30°C e alta umidade).

Ecologia e características

A ecologia de Elaphria agrotina e Elaphria deltoides está profundamente ligada às interações dessas espécies com o ambiente.

Estas espécies são encontradas principalmente em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas favorecem seu desenvolvimento. No Brasil, são mais frequentes nos estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Habitam tanto ecossistemas agrícolas quanto áreas adjacentes com vegetação nativa ou invasora.

São polífagas. Alimentam-se de uma ampla variedade de plantas, incluindo culturas agrícolas e plantas invasoras. A escolha das plantas hospedeiras depende da disponibilidade de alimento e das condições ambientais.

Tanto as lagartas quanto os adultos apresentam comportamento predominantemente noturno, evitando predadores diurnos. Utilizam camuflagem para se misturarem ao ambiente, dificultando sua detecção.

São presas de diversos inimigos naturais, como besouros predadores, aves, aranhas e parasitoides. Patógenos entomopatogênicos também contribuem para o controle populacional.

Temperaturas amenas a quentes e alta umidade relativa favorecem seu desenvolvimento. Secas prolongadas podem aumentar a mortalidade das lagartas.

Danos

Os danos causados por Elaphria spp. ocorrem principalmente na fase larval. As lagartas alimentam-se das folhas, causando desfolha parcial ou total, o que reduz a capacidade fotossintética das plantas e compromete seu crescimento e produtividade.

Em cultivos como milho e soja, a alimentação pode estender-se às estruturas reprodutivas, como espigas e vagens, resultando em perdas econômicas significativas.

Em casos de infestações severas, as plantas podem apresentar retardo no desenvolvimento, redução do tamanho e até morte, especialmente em estágios iniciais de crescimento.

Controle

O manejo integrado de pragas (MIP) é a estratégia mais eficiente para o controle de Elaphria spp.

As práticas recomendadas incluem:

  • Monitoramento: realizar inspeções regulares nas culturas para identificar a presença de ovos e lagartas. Armadilhas luminosas ou com feromônios sexuais podem ser usadas para monitorar a população de adultos.
  • Controle cultural: eliminar plantas invasoras e hospedeiras alternativas ao redor das áreas cultivadas. A rotação de culturas e a adoção de sistemas de semeadura direta também ajudam a reduzir a população de lagartas.
  • Controle biológico: inimigos naturais, como parasitoides e predadores, desempenham papel importante no controle populacional dessas pragas.
  • Controle químico: em casos de infestações severas, o uso de inseticidas pode ser necessário. Recomenda-se a aplicação de produtos seletivos e menos impactantes ao ambiente, seguindo rigorosamente as recomendações técnicas e legais.

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