Diaporthe spp.

08.03.2025 | 16:42 (UTC -3)
Fotos: Fernando Cezar Juliatti
Fotos: Fernando Cezar Juliatti

Os fungos do gênero Diaporthe são conhecidos no Brasil por causar diversas doenças na soja, sendo as principais a seca da haste e das vagens, cancro da haste e podridão de grãos.

Historicamente, a fase assexual do fungo era chamada de Phomopsis, mas desde 2013 a nomenclatura foi unificada sob o nome Diaporthe.

Culturas atacadas

Diaporthe spp. atacam ampla gama de culturas, sendo especialmente relevantes para a soja.

Também afetam outras espécies agrícolas, como feijão, girassol e algodão, causando diferentes tipos de podridões, manchas e cancros.

Sintomas

Na soja, Diaporthe spp. estão associados a três principais doenças:

  • Cancro da haste: lesões marrom-avermelhadas que evoluem para cancros afundados, podendo levar à morte das plantas durante o enchimento de grãos.
  • Seca da haste e das vagens: manchas negras nas hastes e vagens, além do desenvolvimento de picnídios (pequenos pontos negros organizados em fileiras).
  • Podridão de grãos: grãos com aspecto esbranquiçado e redução da germinação, especialmente em condições de alta umidade.

Os sintomas dessas doenças podem ser agravados por estresses climáticos, como temperaturas elevadas e chuvas irregulares.

Etiologia e características

O gênero Diaporthe pertence ao filo Ascomycota, classe Sordariomycetes e ordem Diaporthales.

Esse grupo inclui espécies patogênicas, endofíticas e sapróbias, capazes de sobreviver em tecidos vegetais vivos e mortos.

Na cultura da soja, os fungos Diaporthe spp. são responsáveis por importantes doenças, como cancro da haste, seca da haste e das vagens e podridão de grãos.

Os fungos do gênero Diaporthe podem sobreviver em restos culturais e sementes, sendo suas principais formas de disseminação as seguintes estratégias:

  • Sobrevivência em restos de cultura: o fungo permanece em tecidos infectados da safra anterior, formando estruturas de resistência chamadas peritécios e picnídios, que liberam esporos durante períodos chuvosos.
  • Dispersão por respingos de chuva: os esporos são levados pelo impacto da água e atingem novas plantas, infectando hastes, vagens e grãos.
  • Transmissão por sementes: embora a taxa de transmissão seja relativamente baixa, sementes infectadas podem introduzir o patógeno em áreas livres da doença.
  • Disseminação mecânica: implementos agrícolas contaminados podem carregar fragmentos de plantas infectadas, espalhando o fungo dentro da lavoura.

Os fungos Diaporthe spp. apresentam dois principais tipos de reprodução:

  • Sexuada: ocorre através de peritécios, estruturas globosas que liberam ascósporos, responsáveis por infecções em novos tecidos.
  • Assexuada: ocorre por meio de picnídios, pequenas estruturas negras que produzem conídios, os quais germinam e iniciam novas infecções.

A infecção por Diaporthe spp. pode ocorrer em diferentes estágios do desenvolvimento da soja. O patógeno penetra a planta principalmente por meio de:

  • Ferimentos na haste causados por fatores mecânicos, como vento e chuva intensa.
  • Aberturas naturais, como estômatos e lenticelas.
  • Vagens lesionadas, que permitem a entrada do fungo e resultam na podridão dos grãos.

Após a infecção, o fungo pode causar necrose dos tecidos, levando ao cancro da haste, seca das vagens e hastes e deterioração dos grãos. Em condições de alta umidade e temperatura, a progressão da doença é mais rápida, favorecendo a formação de picnídios e esporulação intensa.

Com o avanço das técnicas moleculares, pesquisadores descobriram que várias espécies de Diaporthe podem estar envolvidas em um mesmo sintoma. Algumas das principais espécies encontradas na cultura da soja incluem:

  • Diaporthe aspalathi – responsável pelo cancro da haste e uma das mais agressivas.
  • Diaporthe caulivora – semelhante a D. aspalathi, mas com variações na severidade da doença.
  • Diaporthe longicolla – associada à podridão de grãos e frequentemente encontrada em sementes infectadas.
  • Diaporthe ueckeri – espécie emergente que tem sido identificada em regiões produtoras de soja.

Além dessas, novas espécies continuam sendo descritas, destacando a complexidade do gênero Diaporthe e a necessidade de diagnósticos mais precisos.

Controle

O manejo das doenças causadas por Diaporthe spp. deve considerar múltiplas estratégias:

  • Eliminação de restos de cultura: evita que o fungo permaneça no solo e inicie novas infecções.
  • Fungicidas: aplicações preventivas podem reduzir a severidade da doença, especialmente em condições climáticas favoráveis ao fungo.
  • Rotação de culturas: reduz a sobrevivência do fungo nos restos culturais.
  • Tratamento de sementes: minimiza a introdução do patógeno na lavoura.
  • Uso de cultivares resistentes: a seleção de cultivares tolerantes é uma das principais formas de controle do cancro da haste.

O diagnóstico correto é essencial para diferenciar os danos causados por Diaporthe spp. de outros fatores, como estresses climáticos.

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