Tratamento de sementes de soja para maximizar produtividade

Tratamento de sementes com inseticidas+fungicidas é um aliado para auxiliar nos resultados de produtividade da safra

30.04.2020 | 20:59 (UTC -3)

O uso de material genético de qualidade, com ótimas características fisiológicas e de sanidade, sem contaminações, é componente extremamente importante para que o produtor de soja possa maximizar resultados de produtividade.  E o tratamento de sementes com inseticidas+fungicidas é um aliado para auxiliar neste processo.

A semente de soja para ser considerada de alta qualidade deve ter características fisiológicas e sanitárias, tais como altas taxas de vigor de germinação e de sanidade, bem como garantia de purezas físicas e varietal, e não conter sementes de ervas daninhas (KRZYZANOWSKI, 2004). A fim de evitar possíveis perdas decorrentes da ação de pragas e doenças de solo e da parte aérea, que danificam as sementes e as plântulas jovens, tem-se como alternativa, o uso de inseticidas e fungicidas no tratamento de sementes (MARTINS et al., 2009). Segundo Menten (2005) o tratamento de sementes com inseticidas e fungicidas é uma prática que na maioria dos casos possibilita reduzir o número de aplicações de produtos químicos após a emergência da cultura.

Os testes utilizados para analise das sementes devem seguir criteriosamente as prescrições das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009), com o intuito de padronizar os procedimentos para instalação, condução e avaliação dos testes de germinação. Assim, espera-se minimizar os erros, obtendo resultados uniformes e comparáveis. Os testes de germinação e de vigor são essenciais no controle de qualidade das empresas de produção de sementes, tendo como objetivo identificar os lotes com maior ou menor probabilidade de apresentar bom desempenho no campo ou durante o armazenamento (MARTINS et al. 2002).

Com o objetivo de avaliar o vigor e porcentagem de germinação de semente de soja após o tratamento com fungicidas e inseticidas um trabalho foi realizado no Laboratório de Sementes do curso de Agronomia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), no município de Imperatriz, Maranhão.  Foram utilizadas 138,12g de sementes de soja da cultivar BRS 9090 RR, lote: 024/13 de uso comercial com vigor de 95% produzido na unidade da Embrapa localizada no mesmo município.  

O tratamento das sementes foi realizado com produtos comerciais, como o fungicida do grupo químico: acilalaninato e fenilpirrol; composição química: (metalaxil – M e fludioxonil), o inseticida do grupo químico: neonicotinóide; composição química: (tiametoxam), e o inseticida pertencente ao grupo químico: pirazol; composição química: (fipronil).

Os tratamentos foram: Testemunha T0 - sem tratamento; Tratamento T1 - fungicida (metalaxil  – M e fludioxonil) na recomendação de 3,47 ml do produto para 500ml de água, para tratar 200 sementes, ou seja, 34,42g de semente; Tratamento T2 - fungicidas + inseticidas (metalaxil – M e fludioxonil e tiametoxam)  em que foram usados 3,5 ml dos dois produtos dissolvidos em 100 ml de água, para tratar 200 sementes, o que corresponde a 34,55g de semente; Tratamento T3 - fungicidas + inseticidas (metalaxil  – M e fludioxonil e fipronil) utilizando 3,5ml dos dois produtos misturados a 100 ml de água, para tratar 200 sementes, correspondendo 34,60g de sementes.

Após as amostras serem tratadas com os produtos químicos o teste foi conduzido normalmente, com o uso de papel Germitest, isento de substâncias químicas tóxicas e solúveis em água, de fungos e bactérias que possam interferir na germinação. O material apresenta poder de absorção e retenção de água adequada e índice de ph de 6,0 a 7,5. Sua textura deve ser tal que as raízes se desenvolvam sobre e não através de sua superfície. As folhas do papel foram colocadas em bandejas plásticas previamente lavadas e esterilizadas com álcool 70% e umedecidas com água. Em seguida as sementes foram distribuídas no papel em quatro repetições, sendo que cada repetição possuía 50 sementes.

O rolo de germinação foi composto por três folhas de papel, previamente umedecida, sendo duas  na parte inferior, onde foram depositadas as sementes e uma ou duas folhas na parte superior cobrindo as sementes. 

As sementes foram distribuídas sobre as folhas de papel previamente umedecidas e cobertas também com folhas de papel, dobrando-se a parte inferior dos papéis e a lateral direita, aproximadamente com 3cm, de forma a não prejudicar o desenvolvimento das raízes das plântulas próximas às dobras. Em seguida, os rolos unidos por atilhos e identificados foram colocados no germinador a uma temperatura de 25°C.

O rolo não deve ficar muito apertado, para não prejudicar o desenvolvimento normal das plântulas, que podem ser danificadas, além dos riscos de restrições a aeração e maior possibilidade de contaminação biológica do teste. Cada grupo de rolos, representantes de uma amostra foi identificado com o nome de cada tratamento. Durante a realização do teste, com duração de 7 dias, realizou-se o monitoramento diário da temperatura da sala.

A contagem de germinação das sementes foi feita a partir da instalação do teste até seu encerramento, que teve a duração de 7 dias. Após a germinação das sementes, realizou-se a avaliação do vigor de cada plântula. Os hipocótilos das plântulas tiveram o comprimento medido, após sete dias, da extremidade do gancho plumular até o início da raiz principal, onde se observa o aparecimento das raízes secundárias.

Na Tabela 1, encontram-se as médias obtidas nos testes de germinação para cada repetição, sendo verificados para cada tratamento. Nos tratamentos individuais foram utilizadas 200 sementes, dividida em 4 repetições contendo 50 sementes.

É possível observar que no tratamento T0 (testemunha) não houve alteração do teor de germinação, coincidindo com o mesmo valor germinativo, do lote de semente fornecido pela Embrapa, que é de 95%.

No  tratamento T1, usando apenas o fungicida (Metalaxil – Me Fludioxonil ), das 200 sementes germinaram 196 o equivalente a 98%,  havendo um aumento na germinação da semente em relação a testemunha de 3%. O tratamento T2,  foi realizado com a combinação fungicida e inseticida (Metalaxil – M e Fludioxonil e Tiametoxam ). Neste caso observou-se que das 200 sementes germinaram 193 o mesmo que 96,5%, e em relação a testemunha  houve um aumento na germinação de 1,5 %. Já o tratamento  T3,  realizado com a combinação fungicida e inseticida (Metalaxil – M e Fludioxonil e Fipronil) das 200 sementes germinaram 195 sementes  ou seja, 97,5% e houve um aumento na germinação de 2,5% em relação a testemunha. De acordo com a Tabela 1, os tratamentos que tiveram a maior porcentagem de germinação foram os, T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil e T3 - Metalaxil – M e Fludioxonil e Fipronil.

Em resultados evidenciados por Krohn et al. (2004), atribuiu-se que na maioria das vezes sementes tratadas apresentam desempenho superior à testemunha. A eficiência de fungicidas e inseticidas na erradicação de fungos sejam patogênicos ou não, como o efeito nocivo sobre a qualidade das sementes, foi comprovada por vários pesquisadores, que recomendam o tratamento imediatamente antes da semeadura.

Castro et al. (2008), em pesquisas encontrou resultados similares para o inseticida imidacloprid, no tratamento de sementes de soja. Por outro lado, os tratamentos com imidacloprid + thiodicarb, acefato e carbofuran apresentaram percentuais de germinação inferiores aos demais tratamentos, indicando pouco efeito negativo sobre esta variável.

Quanto a análise do vigor através do hipocotilo, se deu da seguinte forma; a plantula foi medida da base do hipocotilo até os cotiledones. Como mostra a Tabela 2, dos 4 quatros tratamentos, obtiveram maior desenvolvimento do hipocotilo: T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil. T2 - Metalaxil – M e Ffludioxonil e Tiametoxan, em relação à testemunha.  O Gráfico 1 mostra que os tratamentos T1, T2 e T3, registraram maior índice de germinação e vigor das  sementes, também comparados à testemunha.  

No tratamento T1, com uso apenas do o fungicida (Metalaxil – Me Fludioxonil  a germinação foi de 98% em relação à testemunha. O tratamento T2,  foi realizado com a combinação fungicida + inseticida (Metalaxil – M e Fludioxonil e Tiametoxam ). Neste caso observou-se uma porcentagem de germinação de  96,5% em relação a testemunha (95%).

No tratamento  T3,  realizado com a combinação fungicida + inseticida (Metalaxil – M e Fludioxonil e Fipronil) a porcentagem de germinação foi de  97,5%.  Os tratamentos que tiveram a maior porcentagem de germinação em relação a testemunha foram T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil e T3 - Metalaxil – M e Fludioxonil e Fipronil.

Dos quatros tratamentos, incluindo a testemunha, os que obtiveram maior desenvolvimento do hipocotilo, foram: T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil. T2 - Metalaxil – M e Ffludioxonil e Tiametoxam.

Neste trabalho, observou-se que as sementes tratadas com fungicidas + inseticidas obtiveram uma maior porcentagem de germinação e desenvolvimento do hipocótilo, se comparados com a testemunha.       

Gráfico 1. Porcentagem de germinação e vigor da semente. T0 - Testemunha. T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil. T2 - Metalaxil – M e Ffludioxonil Tiametoxa. T3 - Metalaxil – M e Fludioxonil   Fipronil
Gráfico 1. Porcentagem de germinação e vigor da semente. T0 - Testemunha. T1 - Metalaxil – Me Fludioxonil. T2 - Metalaxil – M e Ffludioxonil Tiametoxa. T3 - Metalaxil – M e Fludioxonil Fipronil


Pesagem e umedecimento do papel.
Pesagem e umedecimento do papel.

Distribuição das sementes e teste de germinação em rolo de papel germitest.
Distribuição das sementes e teste de germinação em rolo de papel germitest.

Contagem da germinação e medição das plântulas.
Contagem da germinação e medição das plântulas.


Edvan Costa da Silva, Eric Leonardo Maciel dos Santos, Léo Vieira Leonel e Humberto Filipe Torres Reis, Universidade Estadual do Maranhão


Artigo publicado na edição 203 da Cultivar Grandes Culturas.

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