Telemetria: conectividade das máquinas e gestão de dados

Por Leandro Pieper Mota, Ângelo Vieira dos Reis, Fabrício Ardais Medeiros e Mauro Fernando Ferreira (NIMeq/Faem/UFPel)

29.01.2024 | 15:32 (UTC -3)

Com a expansão da agricultura e a crescente necessidade de se produzir cada vez mais com menos recursos, observa-se o avanço da tecnologia embarcada em máquinas agrícolas tornando-as cada vez mais eficientes e geradoras de fonte de dados que auxiliam no gerenciamento e tomada de decisões nas propriedades.

Neste sentido, temos a telemetria, sistema que conecta as máquinas via internet desde o campo ao escritório, sendo possível enviar tarefas e linhas de orientação para o operador executar, bem como receber dados das operações agrícolas e identificar possíveis anomalias e agir em tempo de corrigir esses problemas.

A agricultura comercial tem obtido consideráveis avanços nos últimos anos, desencadeados principalmente pelo emprego da tecnologia no campo, direcionada à mecanização dos processos, sistema de semeadura direta, biotecnologia e à agricultura de precisão. Os reflexos do uso dessas tecnologias são observados na produção agrícola nacional de grãos, em que, nos últimos anos, apresentou grande aumento na produtividade. Entre as ferramentas de agricultura de precisão que contribuíram para a evolução dos patamares produtivos, se destacam: o uso de instrumentos de navegação por satélite nas máquinas agrícolas, o mapeamento da variabilidade de fertilidade dos solos, a aplicação de insumos com taxas variáveis, o monitoramento instantâneo de condições de planta, o controle georreferenciado de aplicações de insumos e a utilização de mapas de produtividade.

A agricultura digital, também chamada de Agricultura 4.0, consiste no uso de soluções tecnológicas ligadas à tecnologia da informação para gerenciar a lavoura com o objetivo de otimizar a produção agrícola, devido à automatização proporcionada aos processos produtivos agrícolas.

Portanto, essa revolução tecnológica vem incorporando cada vez mais tecnologia nas máquinas agrícolas e no ambiente do campo. A tecnologia embarcada consiste em vários sensores, controladores, displays e receptores do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) que permitem aumentar a precisão do trabalho, padronizando as operações em campo. Esse conjunto de inovações tecnológicas está sendo inserido na agricultura e conectando as máquinas agrícolas.

Esses sistemas geram uma grande quantidade de dados e informações a respeito das máquinas e das operações agrícolas, como mapas de produtividade, relatórios de consumo de combustível, dentre outros, que podem ser analisados em plataformas e softwares específicos de gerenciamento agronômico, auxiliando o produtor rural na gestão da fazenda.

Monitoramento remoto

Com sofisticados sistemas eletrônicos que compõem as máquinas, grandes quantidades de dados podem ser coletadas e transmitidas remotamente através da telemetria para uma central de armazenamento (nuvem), visando o seu monitoramento, avaliação e controle. Portanto, a telemetria consiste na transferência e utilização de dados provindos de uma ou mais máquinas remotas, permitindo uma comunicação instantânea, via rede de celular 4G ou wi-fi.

A telemetria permite o gerenciamento das operações de qualquer lugar, visto que é possível disponibilizar os dados de máquina, operações e agronômicos automaticamente nas plataformas digitais e receber dados de retorno nos equipamentos, de forma fácil e ágil em uma área com boa conectividade.

Além disso, a utilização de um sistema telemático nas máquinas permite que os concessionários se conectem com a máquina pelo sistema de diagnóstico remoto visando monitorar códigos de diagnóstico de falhas, ler e gravar parâmetros da máquina e reprogramar remotamente os softwares dos controladores eletrônicos, identificando o que precisa ser feito para corrigir problemas e manter a máquina em atividade. Outra importante ferramenta é o acesso remoto ao monitor, onde é possível acessar o display do equipamento e ver exatamente o que o operador vê na tela, permitindo auxiliá-lo a resolver problemas simples, sem a necessidade de deslocamento até a máquina, reduzindo custos e tempo de inatividade.

Desse modo, as concessionárias realizam o monitoramento das máquinas conectadas em sua região, monitorando alertas, realizando diagnósticos e testes a distância, de modo que os técnicos podem realizar intervenções para solucionar problemas remotamente, evitando deslocamentos desnecessários até a propriedade.

Gerenciamento de informações

O comportamento das máquinas, observando detalhes como consumo de combustível, velocidade da operação e informações relacionadas ao trabalho em campo, é o objetivo a se buscar na agricultura. A utilização de redes de sensores em uma máquina agrícola, conectadas a um sistema de gerenciamento de dados, possibilita mensurar uma série de parâmetros antes desconhecidos.

O gerenciamento de informações inclui soluções para auxiliar os produtores a gerenciar dados de campo, monitorar e extrair o máximo desempenho de suas máquinas, assim como fazer a gestão de sua frota, garantindo o máximo de desempenho operacional.

As plataformas de agricultura digital reúnem na nuvem todas as informações a respeito das máquinas, as operações e os dados agronômicos, que são transferidas diretamente da lavoura via modem de telemetria para posterior análise e tomada de decisões. Através dessas plataformas também é possível enviar remotamente para as máquinas, trabalhos contendo mapas, prescrições e arquivos de configuração (limites, linhas de orientação, configuração de implemento etc.).

As tecnologias embarcadas no maquinário geram uma grande quantidade de dados e informações a respeito das máquinas e das operações agrícolas, que podem ser analisados em plataformas digitais específicas para o gerenciamento de frota e agronômico, auxiliando o produtor rural na tomada de decisão mais assertiva. Da mesma forma em que os concessionários recebem alertas de códigos de falhas das máquinas, podendo auxiliar o produtor com intervenções proativas para realizar uma manutenção preventiva, antes mesmo do equipamento parar em momentos cruciais da operação, dessa forma aumentando a eficiência operacional e a disponibilidade mecânica dos equipamentos.

Por Leandro Pieper Mota, Ângelo Vieira dos Reis, Fabrício Ardais Medeiros e Mauro Fernando Ferreira (NIMeq/Faem/UFPel). Artigo publicado na edição 242 da Revista Cultivar Máquinas

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