Pronta para o feijão

Produtores ainda vêem com cautela a colheita de feijão com colhedoras convencionais. No entanto, com ajustes adequados e kits específicos para a cultura, é possível realizar uma boa colheita, sem desperdícios.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O feijão já está inserido na cultura nacional, sendo o arroz com feijão o prato tradicional do País e, por mais que algumas regiões tenham sua culinária típica, essa dupla de preto e branco faz a unidade nacional. A importância dessa produção deve-se também ao fato de o feijão ser um dos alimentos fornecedores de proteína na dieta alimentar da população economicamente menos favorecida. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de feijão, sendo o primeiro no Phaseolus vulgaris. Nos últimos anos, a área média cultivada no Brasil ficou próxima de 4 milhões de hectares, e a produção média ficou em torno de 2,8 milhões de toneladas.

No Brasil, as informações disponíveis sobre colheita mecanizada são recentes. Por muito tempo a colheita manual foi a prática encontrada para recolher o produto, pois por ser muito sensível à batida, o feijão se parte com facilidade, devido à estrutura dos grãos. Também o baixo porte da planta e a baixa altura de inserção das vagens são características que dificultam a mecanização. O maior desafio da colheita mecanizada é baixar o dano mecânico da matéria-prima, melhorando assim o índice de aproveitamento e elevando os níveis de vigor e germinação das sementes.

Como o ciclo vegetativo do feijão é curto, o resto das culturas anteriores não se decompõe plenamente e as irregularidades do solo não sofrem acomodacões pela ação do clima. E Isso, o que pode trazer algumas dificuldades para a colheita. Em função disso, é recomendado o uso do picador e espalhador de palhas na colheita da cultura anterior, para que facilite a ação de preparo e/ou o plantio do feijão. O preparo ou semeadura direta, mais rara, deve deixar o solo o mais plano possível, portanto, deve se ter bastante perícia ao escolher os sulcadores da semeadora, pois esses podem formar sulcos ou torrões e dificultar o corte e recolhimento limpo do feijão. Adicionar um destorroador e compactador atrás da plantadeira pode prevenir estes inconvenientes.

A escolha de cultivares que apresentam características como porte ereto e alto, com ângulo de ramificação fechado, ponto de inserção das primeiras vagens elevado, maturação uniforme e resistência ao acabamento são bastante significativas para uma colheita mecânica mais fácil.

O feijão tem maturidade variável e muitos agricultores fazem a dessecação para realizar o corte direto, com o objetivo de uniformizar a maturação variável das plantas e vagens do feijão.

A umidade dos grãos tem influência direta sobre o índice de quebras; o ponto de colheita ideal é entre 15 e 18% de umidade dos grãos. Porém, se a umidade dos grãos baixar destes índices, é conveniente escolher os horários com menor incidência de sol, como a parte da manhã e o final da tarde, para realizar a operação com um menor índice de danos. Em áreas ou épocas chuvosas pode-se começar a colheita próximo aos 25% de umidade, porém ajustando-se o cilindro para rotações em torno de 200 rpm. Quanto mais secos estiveram os grãos menor deve ser a rotação, a fim de minimizar os danos mecânicos.

Em função das dificuldades de corte e recolhimento, a velocidade de deslocamento da máquina é em torno de 3 a 5 Km/h, um pouco mais baixa do que em outras culturas como o milho e a soja.

As colhedoras de grãos devem aliar duas características antagônicas que são a versatilidade e a alta qualidade na colheita, pois o agricultor brasileiro espera que a sua colheitadeira trabalhe em qualquer cultura que ele vier a cultivar, e com certeza ele não irá tolerar um trabalho de baixa qualidade. Essa necessidade da nossa agricultura - pois precisamos reduzir custos e aumentar qualidade - leva ao domínio das máquinas com trilha do tipo tangencial. Para cultivos de características tão específicas como o feijão, muitas dessas máquinas apresentam “ kits”, os quais devem ser instalados para um melhor trabalho.

Esses equipamentos extras da máquina devem ser de fácil colocação e remoção, pois serão usados apenas em alguns trabalhos. Além disso, os dispositivos terão de ter baixo custo. Dessa forma, os produtores serão estimulados a incorporá-los à colheitadeira, permitindo otimizar o processo de colheita do feijão e aumentar sua rentabilidade.

O kit para a colheita do feijão é composto basicamente das seguintes especificações: fundo do canal alimentador perfurado; bandeja alimentadora com seção perfurada; tampas dos elevadores perfuradas, corrente do elevador de grãos com canecas; polia da embreagem; polia variadora do cilindro de trilha; correia variadora das rotações do cilindro e extensões das hélices do caracol.

Com o kit, alguns pontos da colhedora como o fundo do canal alimentador, o alimentador e os pés dos elevadores de grãos, recebem chapas vazadas. Esse dispositivo permite a separação da terra que eventualmente entrou na máquina, melhorando a aparência dos grãos, que ficam totalmente livres de vestígios de terra.

A corrente elevadora é feita de canecas que conduzem o feijão até o tanque de forma suave. Quando feita a meia aceleração do motor, a descarga do tanque também reduz a possibilidade de quebra dos grãos.

Possui também um conjunto variador que permite rotações baixas, que devem ser inferiores a 300 rpm mas com alta capacidade de trilha. Poder reduzir a velocidade do cilindro de trilha, mantendo a elevada qualidade de trilha exigida para a comercialização do feijão, está bastante ligado ao projeto do sistema de trilha da colhedora.

Como as vagens do feijão abrem-se facilmente, recomenda-se a retirada parcial dos dedos retráteis do caracol no centro e totalmente nas laterais. As extensões das hélices no centro do caracol ajudam a distribuir uniformemente a entrada das plantas e conduzí-las suavemente até a esteira de alimentação.

O conjunto cilindro e côncavo deve ser de dentes, e para certas variedades de feijão, mais sensíveis à quebra, recomenda-se a utilização de apenas duas carreiras de dentes no côncavo, isto é suficiente para trilhar os grãos e obter um produto de alta qualidade. O batedor traseiro deve ser do tipo de barras dentadas, pois tem forte influência sobre a preservação da qualidade dos grãos.

Levantadores na plataforma

Para recolher as vagens que ficam muito próximas do solo são instalados os levantadores de cultura em distâncias pré-determinadas, normalmente próximo a 30 cm entre elas.

O feijão é um produto valorizado por sua aparência física, assim quanto mais íntegro e limpo for retirado da lavoura maior será seu valor comercial. Por essa razão, há importância de as máquinas estarem bem reguladas e adaptadas às condicões específicas de colheita, sem com isso significar a necessidade de altos valores investidos sobre a colhedora para que ela possa trabalhar com qualidade na lavoura de feijão.

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AGCO

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