A qualidade da água e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Por Eduardo Cyrino de Oliveira Filho, pesquisador da Embrapa Cerrados
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical, originária do Brasil, reconhecido como centro de origem da espécie, sendo dispersa em quase todo território brasileiro, onde se destaca pela domesticação e elevado aproveitamento econômico.
A cultura é de fundamental importância socioeconômica para a região Nordeste, devido aos empregos que gera, caracterizando-se como uma das mais importantes fontes de renda das populações. Nessa região, ocupa uma área de 584 mil ha, representando 99,6% da área com caju do Brasil.
Apesar da elevada importância socioeconômica, a produtividade da cajucultura nordestina é limitada por fatores fitossanitários, dentre os quais se destaca a incidência de doenças fúngicas que constituem entraves à exploração eficiente, seja pelos danos diretos na fisiologia e na integridade física ou indiretamente na interação com outros tipos de estresses.
Existe uma série de doenças causadas por fungos que prejudicam os plantios de caju, no entanto, aqui serão abordadas a duas fitomoléstias de maior ocorrência: o oídio e a antracnose.
A antracnose está disseminada em todas as localidades onde se encontra a cultura do cajueiro, inclusive em plantios espontâneos, podendo ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento da planta. No Nordeste, a doença encontra-se presente em todas as áreas de cultivo, sendo bastante severa em épocas mais úmidas e temperaturas amenas, ao redor de 25ºC. Em anos com condições favoráveis ao patógeno, as perdas na produção podem atingir até 40%.
A doença é causada por um complexo de várias espécies do fungo Colletotrichum. Os sintomas ocorrem nas folhas, nos ramos, nos pedúnculos, nos maturis e nos frutos. Nas folhas e nos ramos, são manchas necróticas de coloração marrom-avermelhadas quando jovens, tornando-se pardas e escuras quando os órgãos afetados atingem a maturidade. No pedúnculo e na castanha, são manchas escuras, geralmente apresentando rachaduras.
O controle da antracnose restringe-se ao uso de clones resistentes ou tolerantes e à aplicação de fungicidas, sendo recomendados os fungicidas azoxystrobina, difeconazole e oxicloreto de cobre .
O oídio do cajueiro é a doença mais importante da cultura, disseminada em todas as áreas produtoras, principalmente na região Nordeste. As perdas na produção de castanha provocadas pela doença podem chegar até a 80%. Além disso, os pedúnculos do caju ficam impróprios para a comercialização como fruta de mesa e até mesmo o aproveitamento industrial é comprometido.
A doença é causada pelo fungo Erysiphe quercicola (morfologicamente descrito anteriormente como Oidium anacardii), parasita obrigatório do cajueiro. Os danos à produção de castanha e à qualidade do pedúnculo são inestimáveis em razão das condições de ambiente favoráveis em todas as regiões produtoras. Os sintomas são observados nas folhas, nas flores, nos maturis, nos pedúnculos e nas castanhas. O sintoma característico é um revestimento branco, assemelhando-se a um pó inicialmente branco (estruturas reprodutivas do fungo), tornando-se acinzentado quando os órgãos atacados atingem a maturidade.
A prevenção à doença é a melhor estratégia a ser implementada. Os produtores precisam ficar atentos e agir logo que surgirem as novas brotações (panículas), utilizando produtos à base de enxofre, registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para controlar o fungo que provoca a doença.
Por Antonio Alberto Rocha Oliveira, Embrapa Tabuleiros Costeiros
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