O mal que vem pela raiz

O texto descreve medidas adotadas para o controle das principais doenças da cultura transmitidas via solo: Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum), Podridões Radiculares (Fusarium solani & Rhizoctonia solani) e Murcha de Fusarium (Fus

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Mofo Branco apresenta maior importância em áreas de cultivo de feijoeiro de inverno sob irrigação. É favorecido pelo clima favorável e pela manutenção dos escleródios na superfície do solo. Em sua grande maioria, as recomendações de controle do Mofo Branco envolvem práticas culturais. Não há relato de variedades resistentes e o controle químico nem sempre é eficaz.

A adoção de um sistema de rotação de culturas e o uso de cobertura morta na superfície do solo (plantio direto) são as principais medidas recomendadas. A barreira física da palhada de cobertura e a ação de microorganismos antagônicos evitam a infecção pelo patógeno.

Murcha de Fusarium

A Murcha de Fusarium vem se tornando importante em algumas regiões do país devido ao cultivo sucessivo do feijoeiro e aos poucos cuidados dispensados aos métodos de controle preventivos. As principais medidas de controle da doença são o uso de cultivares resistentes, práticas culturais e fungicidas em tratamento de sementes para evitar entrada do patógeno na área.

Em ensaios realizados em Ponta Grossa no Paraná a rotação de culturas apresentou efeito semelhante ao preparo de solo com arado de aiveca para o controle da Murcha de Fusarium. Este fato demonstra a importância da rotação de culturas no manejo da murcha, bem como a importância de se utilizar resistência genética em áreas com histórico da doença.

Podridões radiculares

Dentre as doenças transmitidas via solo, as podridões radiculares apresentam maior risco de danos à produção sob cultivo intensivo de feijoeiro em solos encharcados e compactados. Condições ambientais favoráveis, aliadas à grande capacidade de sobrevivência dos patógenos e a ausência de resistência genética efetiva, tornam difícil o controle desta enfermidade.

Alguns cultivares possuem uma maior capacidade de emissão de novas raízes junto à superfície do solo nos primeiros dias após emergência, minimizando os efeitos nocivos da doença. A rotação de culturas não é efetiva no controle das podridões radiculares, contudo quando não é realizada, permite a aumento na quantidade de inóculo no solo.

Por todas estas dificuldades, a adoção conjunta de várias práticas culturais, pode reduzir a intensidade das podridões radiculares até níveis aceitáveis. Estas práticas procuram evitar o ponto de saturação de água no solo nos primeiros trinta dias após o plantio. As práticas recomendáveis são:

• Uso de cultivares que possuam uma maior capacidade de enraizamento superficial em áreas de risco, tais como Rudá e Aporé.

• Rotação de culturas: apesar de não ser efetiva, evita o aumento da densidade de inóculo no solo, diminuindo os riscos.

• Atenção na operação de plantio:

a) Profundidade de plantio: deve ser em torno de três centímetros, quanto mais profundo, maior o tempo de exposição e maior a quantidade de tecido exposta aos patógenos.

b) Umidade de plantio: plantios em solos próximo a saturação propiciam o "espelhamento" do solo e por conseguinte retenção de água (encharcamento), condições básicas para a ocorrência de infecção.

c) Adubação: fertilizantes que possuam alta taxa de salinização, tais como o potássio, danificam a raiz e facilitam o processo de infecção. A localização do adubo, ou até mesmo a possibilidade da aplicação destes fertilizantes à lanço, deve ser observada.

d) Utilização de discos de corte tipo corrugados ou facão na distribuição do adubo devem ser utilizados quando houver camadas adensadas na sub-superfície, a fim de evitar o encharcamento do solo e favorecer a livre percolação da água das chuvas. Os benefícios destes sistemas podem ser prejudicados quando utilizados em solos saturados.

Olavo Corrêa da Silva

FABC

Maristella Dalla Pria e Marcelo G. Canteri

UEPG

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